11 outubro 2010

CAMINHO DE FERRO DE BENGUELA - Cubal

Estação CFB Cubal



Em 1908, chegou pela primeira vez o comboio ao Cubal. Não foi fácil este percurso devido ao terreno acidentado e árido desta zona. A título de exemplo, no quilómetro 54, foi necessário utilizar um sistema complicado de cremalheiras, porque em 2 quilómetros de percurso, o comboio passava da cota 97 no Lengue para a cota 236 em São Pedro. Em 1948, as cremalheiras foram substituídas, dando lugar à construção da variante do Lengue. Entre 1972 e 1974, foi construído um novo trajecto entre o Lobito e o Cubal, denominado de variante do Cubal. Esta variante trouxe vários benefícios como: a distância entre o Lobito e o Cubal, passou de 197 para 153 quilómetros. O número de curvas, passou de 415 para 122 e o raio mínimo de 100 para 350 metros. Na conversa que tivemos no início do ano, com o Director Geral do Caminho-de-ferro de Benguela (CFB), Daniel Quipaxe, um dos objectivos da sua direcção, para o início de 2005, era o comboio chegar ao Cubal. Tal aconteceu até Março deste ano, para depois haver um interregno até finais de Junho. O comboio é vital para esta região. O CFB, não pode pôr o comboio a funcionar por algum tempo e depois tirar o “presente”. O CFB, tem uma linha de 1.301 quilómetros que vai do Lobito ao Luau, para recuperar. O CFB, de acordo com a informação que nos foi dada por Daniel Quipaxe, vai dispôr, para a sua recuperação de um financiamento na ordem dos 500 milhões de dólares, concedido pelo banco chinês Exibank. Sabemos que não é fácil a reconstrução do CFB, é necessário fazer obras de arte (pontes), é necessário ter uma linha adaptada aos comboios actuais... mas, já é tempo de mostrar trabalho, de uma forma continuada, pelo menos na linha Lobito-Cubal. Na audição que fizemos junto de vários populares, todos foram unânimes em dizer quão importante e vital é o comboio para eles. Deixam de viajar nas “Heaces”, têm melhor comodidade e podem levar mais mercadoria e/ou haveres. A importância do comboio, não se faz sentir só nos residentes no Cubal, também gente das redondezas pernoita naquela cidade para poder viajar no comboio. Para o comerciante Fernando Cangola, o CFB, é extremamente importante «e falo com experiência, isto porque quando era mais novo, trabalhava no Huambo, e recebia mercadoria transportada pelo CFB, que para além de ser mais rápida, tinha melhor preço. Com o seu bom funcionamento, é possível desenvolvermos ainda mais a nossa actividade». Para o jovem empresário Joaquim Monteiro o CFB traz «todas as vantagens e, no meu caso concreto, vou passar a utilizar menos a minha carrinha e de certeza que o preço do frete ferroviário, é mais barato que as despesas que tenho a nível da viatura: conservação, seguro, combustível... Por outro lado, através do CFB, é possível encomendar mais mercadoria e fazer stocks, em suma, passo quase de certeza a ganhar mais no meu negócio». Olímpia Pereira, mais concisa e mais sarcástica, limitou-se a dizer «traz-me mais clientes». •

1 comentário:

Jamour disse...

Ola
O mundo da internet tem disso, torna o mundo real tao pequeno, o distante tornando-se perto.
Eu nasci no cubal em 76 mas nao me lembro de nada. Infelizmente. Vivi em Benguela durante 15 anos e nunca cheguei a conhecer a minha terra. Deixo aqui um obrigado por este momento e ja agora convido-lhe a vir ver a minha pagina de poemas de prosa poetica. Obrigado