02 maio 2011

Cubal e Cubalenses -1

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Participação de Gi Vilares

1- Em casa do Aníbal.
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Saúdo a participação do Gi Vilares, que nos enviou um património fotográfico fantástico sobre o Cubal e Cubalenses, e que irei postar nos próximos dias.
Um abraço ao Gi e muito grato pela adesão .
Ruca
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29 abril 2011

Boletim Cultural da Câmara Municipal do Cubal



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ALMA DE MAR

A minha alma é feita de mar
Desaguando todos os rios
De águas nunca passadas.
É feita de grandes sóis vermelhos
Mergulhando no mar oceano
De pumumos e catuites
E zonguinhas zunindo no ar
Bicos de lacre e siripipis
De milho e massambala
E do chão vermelho
Destilando perfumes alucinados
De massarocas e dendém
De tchinganges levantando poeira
De trovoadas e relâmpagos imensos
E de chuva bravia explodindo na terra
De praias imensas
E ondas traçando alinhavos na areia
De goiabas e mangas e fruta pinha
Derretendo sabores irrrepetíveis
De cubatas e sambos de gado
Amanhecendo em cacimbos serenos
De matas imensas, silenciosas
Onde nos perdemos e encontramos
De imbondeiros solitários
Que sempre me acompanham
Do churrasco de galinha do mato
E bolas de pirão comidas à mão
Escorrendo óleo de palma nos lábios
De rios, de todos os rios
Mesmo os que correm na memória
De iniciações e namoros únicos
Do primeiro beijo às escondidas
De maboques e missangas coloridas
Das argolas enroladas nas pernas
Batucando todos os andares
Marcando ritmos de encanto e vida
De comboios mala furando a noite
Transportando mercadorias e sonhos
A minha alma vagueia nas saudades
Na minha alma vive um país.

Henrique Faria
Coimbra, Dezembro de 2007

26 abril 2011

Cubalenses

1.Casamento da Isabel Vieira
Da Esqª: Letinha Valadas, Anabela Borges e Helga Valadas
2.O irmão mais velho da Anabela, Fernando Borges
(Num baile que houve no Ferrovia ou Recreativo do Cubal, após as Marchas do Cubal).

3.Baile do último dia de aulas no Liceu do Cubal(1975)

4.Júlio Alves (chefe dos CTT).

15 março 2011

Informo que estarei ausente dos blogues do Cubal (Cubal Terra Amada; Diáspora e Cubal Cidade em Progresso), nos próximos tempos. 
Poderão entretanto continuar a enviar os  testemunhos (textos e imagem) que serão publicados no nosso blogue logo que oportuno, o mesmo acontecendo àqueles que já me foram remetidos.
Obrigado

13 março 2011

Teatro - Peça " O Costa d'África"-C. D. Ferrovia do Cubal

1.
2.
3. Morais em" O Costa d'África"-C. D. Ferrovia do Cubal- Maio de 1967

O Morais honrou a promessa feita há uns dias atrás.
Envia-nos estes excelentes testemunhos onde podemos recordar a sua actuação naquela peça de teatro. Peço que me ajudem a identificar os restantes actores .
Paralelamente, a Lourdes e o Morais enviam-nos outros excelentes testemunhos que irão ser publicados nos próximos posts.
Um agradecimento à família Morais por mais esta participação e votos que continuem sempre.
Abraço
Ruca

Teatro - Peça " O Costa d'África" -C. D. Ferrovia do Cubal 1967


1.
Em pé: Ferreira-Chefe Segurança CFB-,Mário Lopes Correia -Telefon.CFB, Morais, Inspector Albuquerque e esposa (CFB), José Luís Pena, Quim Santos, Prof. Leonel Teixeira Neves, Magueta, Gil.
Sentados: Fernandes (Casa Macaco), Isabel Costa Lima, Celeste Almeida, Teresa Terceiro, ????, Emília Fernandes, ????,Lília ALmeida e Aurora Fernandes.
Quem sabe o nome dos restantes ???

2.
José Luís Pena, Celeste Almeida, Teresa Terceiro, Isabel Costa Lima e Quim Santos

3.
???, Teresa Terceiro, Isabel Costa Lima, Aurora Fernandes,Celeste Almeida, Quim Santos, Lilia Almeida e Emília Fernandes

TRAQUINICES DE INFÂNCIA, por Fernanda Valadas


Andava eu no 1º ano do ciclo, no colégio do Sr. Vítor, quando o Farinha nos disse que existia um enorme  enxame de abelhas  numa acácia amarela em frente a sua casa. Por sorte, ou azar, tivemos um "furo" de uma hora e como fiquei com a pulga atrás da orelha, convidei a Amélia Cravo para irmos ver o dito enxame.

A Amélia que era tão ou mais malandra que eu, embora não parecesse,  alinhou de imediato. Lá fomos as duas  até a árvore ver o enxame de tamanho descomunal.

Olhamos e remiramos aquele grande cacho de abelhas. De repente lembrei-me de apanhar umas pedras e comecei a atirar com o propósito de lhes acertar. A Amélia fez a mesma coisa e como a nossa pontaria não era ma  as abelhas iam-se espalhando e nos sempre insistindo! A certa altura, a pontaria foi tão certeira que metade do enxame se despegou e estatelou-se no chão. Missão cumprida. Eu e a Amélia fugimos e regressamos as aulas. Tudo  isto se passou na parte da manha, naquele tempo não tínhamos aulas a tarde.

Tudo esquecido! Não mais nos lembramos das abelhas. A minha irmã Olga fazia parte do coro da igreja e nesse dia tinha ensaio por volta das 16 horas e antes de sair de casa deu-me uma carta para eu por nos correios. Eu, para não ir a pé, esperei que o meu pai chegasse para ir de motorizada.

Para quem não saiba, os correios ficavam onde mais tarde se localizou o Bar Karivera.
Convidei a Elizete Mendes para ir comigo, ela encavalitou-se na motorizada e lá fomos as duas.

Subi pela rua da igreja e virei a esquerda, ou seja para o lado do quartel. A minha irmã e as colegas, ainda estavam a porta da igreja e quando ela me viu, acenou-me e dizia-me qualquer coisa que não percebi, mas entendi o gesto. Ela, fez o gesto de não, e apontou para o lado da casa Macaco. O que é que eu entendi, não vás por ai, vai pelo outro lado, da casa Macaco, claro!

Faço a inversão de marcha e vou para o lado que não devia. Nem sequer me lembrava do que tinha feito.
Entro na rua e quando já estava a meio, perto da casa do padre, começo a sentir pequenas partículas a baterem-me na cara e a agarrarem-se nos meus cabelos. Levanto o olhar e vejo milhares de abelhas no espaço. Paro a motorizada, pu-la no descanso, no meio da rua, e vá de correr ao mesmo tempo que tentava sacudir as abelhas do cabelo.
Na esquina  estava o Alexandre Fonseca, O Ramos do café e o Sr. Valente e eu naquela aflição e toda coberta de abelhas, pensando estar ali a minha tábua de salvação, corri para eles, mas, qual quê...em vez de me socorrerem fugiram a sete pés, eu levava o enxame atrás de mim. Eu tinha 11 anos e estava completamente desorientada e aqueles que me poderiam socorrer fugiram.
O Alexandre teve um rebate de consciência, voltou atrás e começou a ralhar com os outros dois.
Sem se chegar muito perto de mim, encaminhou-me para a oficina do Raul, mostrou-me uma torneira e mandou-me meter a cabeça debaixo da mesma e com todo o cuidado e a medo lá abriu a mesma.
As abelhas molhadas ficaram inofensivas, mas só eu sabia o quanto sentia as dores das dezenas de ferroadas.
Dei uma volta enorme para ir para casa e quando lá cheguei, estava a Elizete debulhada em lágrimas por ter sido picada num dedo da mão, uma única ferroada.
O meu pai quando me viu naquele estado, ficou alarmado, foi buscar o livro, "O Médico do Lar", e seguiu as instruções. Por cada ferrão tirado punha uma pedra de gelo. Por incrível que pareça foram-me retirados trinta e tal ferrões só no couro cabeludo e dezenas de abelhas agarradas ao cabelo.
Não fui ao médico, não tomei nada, só que andei bastante tempo sem poder tocar  em parte alguma do pescoço para cima, para além de um ligeiro inchaço.
Aprendi a lição e nunca mais na minha vida me meti com abelhas, onde as houver, eu passo ao largo.
Moral da estória: CÁ SE FAZEM, CÁ SE PAGAM!

12 março 2011

Recordando um grande cubalense: MANUEL VALENTIM


Hoje vou lembrar um cubalense, uma figura muito peculiar que animava os bailes do Cubal. Infelizmente já nos deixou fisicamente, mas estou em crer que todo o cubalense se recorda dele:

O Sr. Manuel Valentim

Vou recorda-lo numa faceta muito sua de ditar o quino (bingo).
Lembram-se como ele associava os números a pessoas, factos, animais, etc.?
Antes de ditar o número, ele dizia o significado a que ele nos tinha habituado  e toda a gente já sabia o número.

Será que ainda se lembram das conotações que ele dava a certos e determinados números?

Pois então, eu vou recorda-las com muita saudade.

          1 - o pilinhas
          5 - Cinqui (era o Sr. Zé ilhéu, que como madeirense dizia cinqui)
         11 - as pernas do Sr. Faria (carimbo) enfiadas nos botins
         13 - Nossa Senhora de Fátima
         15 - Quinzinho vem a mamã
         22 - dois patinhos
         33 - anos de Cristo
         44 - cacas las carracas (?) -nunca soube o que isto significa.
         55 - quinques berlinquinques (?)
         69 – p’ra cima e p'ra baixo
         77 - os dentes do  Chico feio
         90 - Nas ventas, ou então, a barriga do Fernandes (pai do saudoso Aníbal Fernandes).

Dá saudades, não dá?

Ele era um animador nato. Punha toda a gente a rir.
O Sr. Valentim para além de ser um animador no quino, era também um baterista sem igual.
Ele era o baterista da orquestra Aurora e era vê-lo a inventar batidas sobretudo nos passes dobles, aqueles pratos vibravam e a animação era grande.
Devemos recorda-lo com saudade, mas acima de tudo com muita alegria pelo privilegio de o termos tido como cubalense.

Fernanda Valadas
Imagem: Adaptada de imagens cedidas por Hernâni Cabral

Orquestra Aurora do Cubal

1.

Orquestra Aurora, no antigo Ferrovia do Cubal

Da esqª: LOPES "sapateiro", MAURÍCIO ROLIM,VALENTIM (bateria), ____ "carimbo dos correios",CABRAL, CANAIS VITAL, MANUEL DA SILVA (parcialmente encoberto)

2.

Recordação do baile de micareme de 19/03/1960

Componentes da Orquestra Aurora

CANAIS VITAL -trompete, JOSÉ CABRAL- sax alto, JOÃO SAMPAIO-acordeão, MANUEL VALENTIM-bateria, MANUEL LOPES -rabecão, OLGA VALADAS -vocalista

3.
Recordação do baile de micareme de 19/03/1960

4.

Orquestra Aurora +- 1960

JOÃO SAMPAIO, JOSÉ CABRAL, ZÉ MANUEL -vocalista

MANUEL VALENTIM-bateria, MANUEL LOPES, PATO.

5.

Recordação do baile de carnaval de 1960

Cubal, 1/2/1960

Orquestra Aurora (Olga Valadas - vocalista)

Lista telefónica do Cubal - Ano 1972

1. Capa Lista Telefónica 1972
2. Contra capa
3. Assinantes (vista geral)
4. Assinantes Cubal (continuação) vista geral
5. Pormenor - assinantes
6.Pormenor -assinantes (cont.)
7.Pormenor assinantes (cont.)

*****************************************************
Para melhor visualização e recordação de cada um, transcrevo os assinantes com a respectiva morada e nº de telefone:
****
**
*
ADMINISTRAÇÃO DO CONCELHO:
*****Administração — R. Comércio -2
*****Res. Administrador — R. Gov. Silva Tavares -1
Alves, Victor Manuel Nunes — R. Afonso Albuquerque -77
Banco de Angola — R. Comércio -10, 120
Banco Comercial de Angola — R. Gov. Silva Tavares -80
Banco de Crédito Comercial e Industrial— R. Comércio, 159
Barreto, Orlando da Silva— R. Diogo Cão -61
Barros, Júlio Gil — R. Ferreira, Amaral -32
Cabral & Valentim — Av. 28 Maio -110
CÂMARA MUNICIPAL DO CUBAL :
*****Secretaria — R. Gov. Silva Tavares -3
*****Central Eléctrica — Est. Lobito -38
*****Res. Presidente — Av. 28 Maio -49
*****Res. Secretário — R. Afonso Albuquerque -136
*****Res. Enc. Serviços Eléctricos — R. Heróis Angola -36
Cardoso & Cardoso — R. Comércio -100
Casa Santo Ambrósio — R. Comércio -22
Catorze, Alberto Clemente :
*****R. Estado Índia - 96
*****R. D. João II-97
Cerâmica Torrejana — Est. Lobito - 73
Chipútia Bar—R. Paiva Couceiro - 74
Clube Desportivo Ferrovia —Av. C. F. B. - 126
Coelho & Irmão —R. Comércio - 26
Colégio Eça de Queiroz — R. Ferreira Amaral - 53
Companhia do Caminho de Ferro de Benguela — R. Estação C. F. B . 9
Correia, César — R. Ferreira Amaral - 79
CORREIOS, TELÉGRAFOS E TELEFONES :
*****Gab. Chefe - 160
*****1.ª Secção — Manip. Correspondência - 28
*****Serviços Técnicos - 158
*****Posto Público - 11
*****Res. Chefe Estação — R. Comércio - 13
DIRECÇÃO GERAL DE SEGURANÇA — R. Afonso Albuquerque -16
Drogaria Universal — Av. 28 Maio - 39
EMISSOR REGIONAL DO CUBAL —R. Campo Aviação - 31
ESCOLA COMERCIAL E INDUSTRIAL DO CUBAL —Av. 28 Maio - 8
Escola de Condução Vieira — Av. C. F. B. - 90
ESCOLA PREPARATÓRIA TRINDADE COELHO - 75
Espinha, Maria Antonieta — R. Diogo Cão - 56
Esplanada Bar —Av. C. F. B. - 118
Falcão, Francisco — R. Comércio - 35
Faria, Dr. Aurelino Martins — R. Gov. Silva Tavares - 65
Faria, Santos & Irmão — R. Ferreira Amaral - 124
Farmácia do Cubal — R. Comércio - 132
Fernandes, Aires — R. Comércio - 91
Fernandes, Mário Rodrigues — R. D. João II - 135
Ferreira, Dr. Aníbal Gomes —R. 28 Maio - 25
Ferreira, Dr. Carlos — R. Heróis Angola - 48
Figueiredo, António Lopes — R. Heróis Angola - 99
Foto Lig —R. Ferreira Amaral - 32
Garruço, José Abrantes — Av. 28 Maio - 39
Gonçalves, Celeste Madeira Catarino — Est. Lobito - 70
Gonçalves, Raul José — R. Infante D. Henrique - 101
Guerra & Filhos, J. —R. Comércio - 20
Guerra, Jacinto Correia Rodrigues —R. Cerveira Pereira - 45
Guerra, Rodrigo Correia Rodrigues—R. Afonso Albuquerque -37
Honrado, José de Morais S. - 58
HOSPITAL REGIONAL —R. Heróis Angola - 23
Hotel Universo — R. Comércio - 12
Inocêncio, Francisco João — R. Comércio - 83
Isidro de Oliveira & Irmão — R. Comércio - 84
Joaquim de Sousa & C.ª — R. Comércio - 6
Laranjeira, Pires & Correia — R. Comércio - 17
Lemos, António — Av. 28 Maio - 47
Lemos, Emídio — R. D. João II - 24
Louza, António Pereira — Av. C. F. B. - 138
Luc, Jean — R. Comércio - 27
Machado, Antero— R. Ferreira Amaral - 108
Marques, Lda., M. —R. Comércio - 34
Mini Mercado — Sousa & Carrasqueiro — R. Diogo Cão - 106
Montez, António dos Santos — R. Heróis Angola - 51
Narciso & C.ª — R. Ferreira Amaral - 46
Neves, Carlos Alberto da Silva — R. Comércio - 86
Neves, Júlio Dias — R. Comércio - 40
Nunes (Herdeiros), António — R. Comércio - 4
Oliveira, José Maria —Av. 28 Maio - 1 41
Organizações Fernando Alberto, Sarl — R. Francisco Severino Lima - 19
Panificadora do Cubal, Lda. — Av. C. F. B. - 88
Paróquia do Cubal — R. Ferreira Amaral - 60
Paulista, João Jorge — R. D. João II - 54
Paulo, Mário — R. Ferreira Amaral - 89
Peixaria Ribatejana — R. Comércio - 94
Peixoto, Miguel Augusto de Magalhães — R. Afonso Albuquerque -85
Pereira, Lda., A. — R. Comércio -67
Pessoa, Armando da Costa — R. Heróis Angola -44
Pires, João Eduardo Henriques — R. Ferreira Amaral -.30
Pires, Tomás — Est. Lobito .-5
Pires, Valdemar Alves — R. Afonso Albuquerque -41
Plantações do Canjulo, Sarl —R. Comércio -15
Portela, António Delgado— Av. 28 Maio -55
POSTO POLICIAL DO CUBAL —R. Ferreira Amaral -7
PROCURADORIA DA REPÚBLICA — SUBDELEGAÇÃO — R.D. João II - 43
Queiroz, Augusto Pereira — R. Comércio 21
Ramos, António Ferreira — R. Diogo Cão - 59
REGISTO CIVIL — DELEGAÇÃO - 98
REPARTIÇÃO DE FAZENDA E CONTABILIDADE —R. Comércio - 18
Rodrigues, Alberto Aparício — R. Afonso Albuquerque - 102
Rodrigues, Manuel Nunes — R. Comércio - 81
Rodrigues & Viana — R. Comércio - 155
Santana, António Ramiro Pires — Av. 28 Maio - 14
Santos, José de Sousa — R. Heróis Angola - 57
Sérgio & Borges — R. Diogo Cão - 139
Silva, Albino da Fonseca — R. Afonso Albuquerque - 68
Silva, Francisco Alves — R. Ferreira Amaral - 129
Silva, João Sampaio — R. Comércio - 62
Silva, José de Almeida Brito — R. Gov. Silva Tavares - 71
Silva, José Augusto Dias — R. Comércio - 140
SINDICATO NACIONAL DOS EMPREGADOS DO COMÉRCIO E DA INDUSTRIA DA *****PROVÍNCIA DE ANGOLA —R. Luís Camões - 76
SINDICATO NACIONAL DOS MOTORISTAS, FERROVIÁRIOS E METALÚRGICOS DA *****PROVÍNCIA DE ANGOLA — R. Comércio - 29
Sociedade Comercial Luso-Holandesa, Sarl — R. Cerveira Pereira - 92
Sousa, Augusto — R. Afonso Albuquerque - 64
Sousa, Conceição —R. D. João II - 105
Tabacaria Apolo — R. Comércio -113
Tomé, Armando Almeida — R. Heróis Angola - 82
Tomé, José de Matos — R. Gov. Silva Tavares - 50
TRIBUNAL JUDICIAL:
*****Cartório - 33
*****Gab. Dr. Juiz - 78
*****Res. Dr. Juiz - 95
*****Gab. Delegado - 66
Vaz, Joaquim Fontes — R. Heróis Angola - 52
Vieira, José Joaquim — R. Cerveira Pereira - 72
Vilaça, António Fernando — R. Comércio - 93

10 março 2011

Sugestões de estórias a partir da diáspora.

Caros amigos cubalenses.
Penso que, a par de criar mais uma grande onda de entusiasmo no nosso blog, seria bom que cada um relatasse a história que nós e nossos pais vivemos, há cerca de 35 anos, uns dias antes da saída do Cubal e outros tantos após a chegada a Portugal. 
Alguns de nós em caravana até á África do Sul e só depois para Lisboa, utilisando os mais variados meios de transporte, aviões, paquetes e até barcos de pesca, com mil agruras e perigos vividos. 
Haverão certamente relatos emocinantes e penso que cada um poderia usar ou não um qualquer pseudónimo, conforme seu desejo. 
Seriam um conjunto enorme de histórias muito valorosas, e talvez o Ruca deseje iniciar a série e dar-lhe um titulo. Um abraço grande para todos. 
ATLMOTOCAR

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 Caro ATL ( agora já sei o que era o ATL ;-))
Aqui fica a sua sugestão.
Parece-me também um tema para aqui ser exposto e este espaço DIÁSPORA CUBALENSE ser, a meu ver, o mais indicado.
Acredito que muitas estórias não sejam as mais agradáveis por aquilo, que a maioria de nós passou. Estou a lembrar-me sobretudo de alguns momentos de ansiedade e medo por que passamos, como por ex. os combates ferozes entre os movimentos políticos e que assistimos  dentro de casa no Cubal, onde balas perdidas nos perfuravam as vidraças e paredes pondo a vida em perigo. Estes últimos meses anteriores a Novembro de 1975 marcaram-me  indelevelmente, face ao perigo em que estivemos expostos e ao " cheiro" da pólvora" de uma guerra que não queríamos e das  horríveis histórias que ouvíamos contar.
Outros momentos poderão ser  relembrados como quando uma enorme coluna de viaturas e de cidadãos em fuga da guerra , provenientes desde a ex-Nova Lisboa com destino ao Litoral,  pernoitaram em casa dos meus pais  onde, de uma forma ou de outra lá conseguiram comer alguma coisa e descansar.
Outras estórias, foi o nosso regresso definitivo. Os meus pais com bilhetes da TAP no bolso (que ainda os temos) para Lisboa, e na ausência de aviões, tiveram que recorrer a uma salvação que foi virmos num barco pesqueiro (célebre Kalua, não me esqueço do nome) entre o Porto do Lobito e Luanda. Viagem de uma noite e parte do dia num barco pesqueiro "à pinha" de gente e acredito que foi uma sorte termos chegado sãos e salvos a Luanda, face à agitação marítima, cujas ondas entravam na pequena embarcação e nos encharcava os ossos e as poucas bagagens que levávamos..E em Luanda enquanto não apanhávamos um avião na célebre ponte aérea.... lembro-me das condições terríveis onde ficamos durante uma série de dias...Num Quartel Militar onde dormíamos no chão e não só...até que tivemos uma avião da Swissair que nos retirou de um grande pesadelo que foram os últimos meses.. .poderemos falar de muita coisa, Caro amigo ATL, mas não sei, no meu caso pessoal, se me fará muito bem ao espírito... pode ser .... pode ser....
Grande abraço
Rui Gonçalves (Ruca)




VIDA REAL Nº 4 - Eduardo A. Flórido

ESPAÇO DEDICADO AO CUBAL E ÀS SUAS GENTES COM ESTÓRIAS (HISTÓRIAS) VERÍDICAS PASSADAS, POR ALGUNS DOS SEUS FILHOS, DESCONHECIDAS DA MAIOR PARTE, DOS ALI NATOS E HABITANTES. NO CUBAL E NÃO SÓ…

CLUBE FERROVIA DO CUBAL…

ANO DE 1969…
Mais um enlace matrimonial a fazer furor na nossa bela cidade… Os noivos (sigilo absoluto sobre o seu nome e respectivas famílias), convidam o clã Flórido que se apresenta ao acto solene, primeiro na igreja e depois neste mesmo clube desportivo a fim de apadrinharem, a jura de amor eterno, num copo de água memorável, e de fazer lamber as beiças, pelas iguarias com que cada convidado era presenteado. O Ferrovia engalanado a preceito, fora o local escolhido, e bem, pois juntamente com o Recreativo, 98% (+-), era sempre a predilecção de todos os convivas a este género de cerimónia. Ao começar o assalto a todo o género de ementa que naturalmente diversificava e em muito em relação àquilo que actualmente se processa em Portugal, por exemplo, deixa todos indecisos por onde deverão começar a esquentar o motor (estômago), para mais tarde com a postura, um tanto ou quanto já meio zonza, ou zonza inteira, numa perdição total, comerem e beberem escancaradamente sem olhar o preceito da (in) delicadeza educacional, marimbando-se positivamente, para princípios de regras civilizacionais e de postura válida, devido à graduação de uma subida desmedida e acentuada de álcool, que o organismo começa a assimilar.
Momento esperado pacientemente, pelo autor destas linhas, que apesar dos seus 15/16 anos, quando isto acontece, o combinado com outros não presentes e não convidados começa por ser posto à prova…
Esgueiro-me, nessa altura, facilmente entre as cortinas (penso ainda hoje, serem de veludo vermelho, ou não seriam?) fingindo, uma qualquer brincadeira, para o não levantamento de suspeitas, mas já com ela fisgada de chegar à última porta, oposta ao palco, conforme atempadamente combinado com os meus compinchas, e abrir os fechos da dita, porque a verdadeira comemoração, daquele sempre grandioso acto, começaria, quando os meus verdadeiros amigos estivessem presentes. Fechos abertos e portas sem serem tocadas (não fosse o diabo tecê-las), porque depois era só empurrá-las por fora… E tinha a certeza absoluta que ninguém iria verificar se a porta estaria aberta ou fechada, porque todos sabíamos que aquela, era uma das poucas que o salão tinha, que muito dificilmente era aberta, logo poderíamos ficar descansados, pois nunca seria visionada se estaria bem ou mal fechada.
O tempo voa, e finalmente chega tudo ao fim. Rostos cansados, bebedeiras, algumas, e as despedidas do costume… Os noivos entretanto, já haviam partido para as merecidas férias, e descanso (?) respectivo, numa viajem de núpcias, que ainda hoje recordarão, porque os intervenientes desta brincadeira jamais o esquecerão, certamente.
À saída, juntamente com os meus pais e irmãos, encontro-me com o Amadeu da Silva Ramos, vulgo “Ramitos” (filho do Ramos das Panelas), um dos componentes do grupo que me vem perguntar se está tudo preparado. À minha resposta positiva, ele indica-me que todos os outros componentes do famigerado grupo de comilões, já esta tudo de boca à banda, para fazermos a nossa festa, com a comida daquele bendito recém-casal e respectiva família.
Digo ao meu pai que fico por ali, com o Ramitos e este sempre de um modo pouco simpático, fita-me e tenta que eu zarpe com ele. Bênção dos Céus, a minha mãe intervêm e diz para o meu pai que me deixe estar e avisa-me para eu não demorar muito… A minha mãe anui a este pedido, porque a minha casa, era já ali a dois passos…
Vamos para o parque e já lá estão todos os componentes da trupe, o Toninho Xamiço (grande amigo), o Abel (actualmente no Congo Ex-Belga), o Campanera, o Ximoque, o Carona, e uns tantos outros que devido aos anos passados, naturalmente me vou esquecendo de nomes, mas que de modo algum serão esquecidos. Éramos 12, na totalidade. E já todos juntos apenas aguardávamos que a luz se fechasse para avançarmos, em grande cerco, sem dó nem piedade, para empurrarmos a nossa entrada secreta e trazermos para o parque toda a comida, bem como assim bebidas e doces que sabíamos ser a delícia dos nossos esfomeados estômagos…
Finalmente apaga-se a luz…
O Ramitos de imediato puxa por uma pequena lanterna e preparamo-nos, deixando passar algum tempo, não fosse alguém voltar atrás, para uma invasão pacífica e sem condenação, já que não é pecado, roubar para comer (apesar de eu ter a barriga cheia) …
Dirigimo-nos 4 à porta (os outros 8 ficavam de vigia), que eu anteriormente deixara aberta, e apenas com um pequeno empurrão eis-nos a afastar as cortinas, pois o faustoso banquete encontrava-se ali à nossa mercê. Lentamente, mas de modo vigoroso, começamos por trazer tudo o que nos vem às mãos, sem nos preocuparmos, com a luz da lanterna do Ramitos, tal não era necessário. Fomos e viemos quatro vezes, tendo montado em pleno parque o nosso grande piquenique, que ia desde o marisco, passando por as mais variadas carnes, até doces (incluindo grande parte do bolo de noiva), de chuparmos os dedos e… irmos buscar mais.
Tinha chegado a hora…
A festança ia começar, e começou sempre dentro do maior silêncio possível, não fosse alguém aparecer. Comida a rodos, doces sem fim e bebidas para quem se quisesse servir e se naturalmente terminasse, o armazém recheadíssimo estava a dois passos para que nos servíssemos à vontade…
Tudo pleno de beleza, e grandiosidade que de repente é interrompido por uma voz potente e de pouca animosidade, um Guarda-Nocturno, muito conhecido no Cubal, e que por respeito aqui não menciono o seu nome (já não se encontra entre nós, infelizmente), se dirige a mim e me diz num tom aterrador: Amanhã quem te vai aquecer as costas é o teu pai, porque lhe vou contar tudo o que se está aqui a passar.
Eu havia sido o primeiro a ser reconhecido, mas enquanto vai avançando, acaba por descortinar todos os outros e sem papas no dedo, começa a apontar o nome de todos os prevaricadores ali existentes. Eu num tom de súplica, peço-lhe encarecidamente que tal não o faça, pois apenas havia deixado a porta aberta, para comemorar, com os amigos não convidados, a felicidade daqueles que naquele dia haviam dado o nó e era tb., um modo de assim podermos confraternizar um pouco celebrando a nossa amizade, entre aqueles que não haviam sido convidados.
O dito guarda-nocturno, depois da minha explanação comovente, pergunta-nos, o que estávamos a comer, claro está de imediato convidámo-lo a assentar, CONFRATERNIZANDO CONNOSCO. De soslaio, olha-nos a todos e de improviso passa-nos um correctivo, cinco estrelas, ou seja daqueles memoráveis, que jamais serão esquecidos, porque termina, dizendo-nos que iria esquecer o que acabara de ver, rasgando de imediato o papel, com uma particularidade, iria comer connosco, desde que houvesse alguém que fosse buscar um champanhe, para servir de cama ao suculento repasto. Como por artes mágicas, apareceram de imediato duas, a quem o sujeito sublinhado de imediato, com leitão há mistura, as virou num ápice, obrigando-nos no entanto, a prometer que nenhum de nós havia estado ali.
DEVER E PROMESSA CUMPRIDA. É QUEBRADA DESTA FORMA, PARA APENAS SERVIR DE MOMENTO DE BOA DISPOSIÇÃO ENTRE TODOS, POR QUEM ESTE APONTAMENTO, SOBRE O PASSADO FOR LIDO… E SEM NUNCA DELATAR NINGUÉM A NÃO SER OS INTERVENIENTES DE BRINCADEIRAS SAUDÁVEIS QUE HOJE NOS TRANSPORTAM, A UM TEMPO IDO, MUITO MAIS SAUDÁVEL DO QUE ESTE PRESENTE, SEM FUNDAMENTO E SEM DESTINO…
SEI QUE DO CÉU, O BOM HOMEM ME ESTARÁ A OLHAR E A SORRIR, DIZENDO PARA OS SEUS BOTÕES: AS PALAVRAS DOS PUTOS DO ANTIGAMENTE VALIAM MUITO MAIS DO QUE A INTEGRIDADE PLENA DE CERTOS SABICHÕES QUE PROLIFERAM POR AÍ, NA NOSSA PRAÇA, ACTUALMENTE…
BEM-HAJA, AMIGO E QUE DEUS ESTEJA CONSIGO…

Com cordialidade…
Até já,
*Eduardo A. Flórido
Edasilf@live.com.pt

08 março 2011

Apelo à participação cubalense

Caro cubalense e amigo do Cubal!
Não te limites a observar e a admirar os testemunhos do nosso blogue. Só com a ajuda e participação de todos, poderemos ter um blogue actualizado, com fotos e outros documentos.
Participa, enviando testemunhos (texto, imagens, poesias etc) sobre o Cubal e cubalenses. O email para onde deves enviar é : cubal.ruca@gmail.com
Vamos continuar na partilha de emoções!
Saudações cubalenses
Rui Gonçalves (Ruca)

Feliz Dia Internacional da Mulher - 2011



A todas mulheres deste mundo e com um carinho especial às mulheres cubalenses, 
aqui vai a minha homenagem por este dia tão significativo.
Um abraço
Rui (Ruca)


06 março 2011

HISTÓRIA DO CUBAL "SUBSÍDIOS PARA A MONOGRAFIA DO CUBAL"

Sebastião das Neves
(autor deste texto e do seguinte)
1930 - Ano de chegada a Angola
SUBSÍDIOS PARA A MONOGRAFIA DO CUBAL;
Fazer história é tarefa ingrata, especialmente, quando se pretende relatar o passado, com verdade e sem paixões.
O presente apontamento, que tenta contribuir para uma monografia do Cubal, é um trabalho sem pretensões. Apenas o incluímos, neste livro (Três Continentes uma Vida), por achar pertinente integrar algumas páginas dedicadas à nossa terra de adopção.
Elaborámos este esboço monográfico a partir de elementos recolhidos ao longo dos 44 anos que vivemos na região à qual, orgulhosamente, oferecemos, permanentemente, o melhor da nossa capacidade e dedicação.
Para fazer a História do Cubal há dois factores fundamen­tais a considerar: os factores humano e físico. Ainda que ambos sejam interdependentes, consideramos neste capítulo a compo­nente humana, pois a componente física — o Caminho de Ferro de Benguela — será abordada em capítulo diferenciado.

Como premissa básica queremos começar por destacar que a região da Hanha, onde se insere o Cubal, conheceu relativa importância, antes da construção do caminho de ferro.
Em 1878 a área Administrativa de Benguela era vastíssima. Abrangia toda a zona litoral desde Benguela a Novo Redondo, penetrando para o interior até às regiões do Seles, Bailundo, Huambo, Caconda, estendendo-se ainda até Camocuio, perto de Moçâmedes.
Só em Caconda existia uma pequena ocupação de europeus, um Posto Militar, designado por Capitania Mor, e em Quilengues uma Missão Católica.
A força militar instalada em Caconda funcionava como filtro coordenador da nossa penetração a partir de Benguela, via Dombe Grande, pelas margens do Rio Coporolo.
Em Quilengues definiam-se como que dois novos e impor­tantes ramos de penetração: um, via Hoque para a Huila, onde estava já implantada uma Missão Católica; o outro dirigido a N'Gola, Caconda e Bié.
Era em N'Gola que os nativos hostis ofereciam tenaz resis­tência à penetração dos portugueses que pretendiam atingir o “interland” designação genérica que se dava a todo o interior.
N'Gola podia considerar-se então uma zona, altamente, estratégica, tal como em terminologia moderna, hoje diríamos. Estava localizada sobre a montanha no prolongamento da Serra da Cheia. No sopé existiam picadas que facilitariam a almejada penetração.
Os nativos não viam, entretanto, com bons olhos o devassar das suas terras. Parece-nos que não haveria justificação plausível para a hostilidade dos nativos, quanto a nós, explicada, apenas, na existência de heterogéneos grupos tribais e, especialmente, na falta de contactos com o litoral onde, pelo contrário, a presença portuguesa era bem aceite.
O certo é que foi necessário ultrapassar múltiplas dificul­dades para que a nossa penetração se concretizasse. E, ela só foi possível, não, como muitos poderão supor, pela força das armas mas pela instalação dos verdadeiros colonizadores pacíficos: os comerciantes, que tal como Silva Porto, Fraga e tantos outros, foram verdadeiros «heróis da Paz».
Corria, como já referimos, o ano de 1878. Surge, em Luanda um homem que, com uma coragem indómita, arrostando, prati­camente, com o desconhecido, pretende dirigir-se a Caconda. Inicia a viagem, a pé, em Luanda seguindo pelas margens do Rio Cuanza. Em seguida atravessa a região do Seles, Benguela e Dombe Grande. Ao longo das margens do Rio Coporolo atinge a Hanha, segue para Caluquembe até que, finalmente, chega a Caconda, terra, ao tempo, com certa influência europeia.
A viagem empreendida por Joaquim Francisco Ferreira, assim se chamava o intrépido sertanejo, não teve grandes pro­blemas na zona onde os nativos, obstinadamente, nos eram hostis. Essa facilidade resultou do traçado inteligente que imprimiu ao seu caminho, pois a cerca de cem quilómetros de Quilengues, continuou a marcha pela margem do Rio Coporolo, rumo a Caluquembe, já em pleno planalto de Caconda evitando, assim, tacticamente, a passagem por N'Gola.
Poder-se-á imaginar, entretanto, no aspecto físico e psicoló­gico, a dimensão da empresa a que Joaquim Francisco Ferreira meteu ombros. Os seus instrumentos de orientação eram apenas uma bússola e um rudimentaríssimo mapa da região. Quanto às condições de sobrevivência basta que as imaginemos em pleno sertão e recuando, no tempo, até 1878.
A distância que percorreu estima-se, em termos rodoviários, actuais, em mil cento e cinquenta quilómetros!
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in Sebastião das Neves -"TRÊS CONTINENTES UMA VIDA"

Quem era Joaquim Francisco Ferreira- «Yola-Yola» ?

Quem era Joaquim Francisco Ferreira?
Joaquim Francisco Ferreira, minhoto por nascimento, era oficial da Marinha Mercante Portuguesa.Abandonou, em Luanda, o navio, a cuja tripulação per­tencia, por inconformismo com decisões de que foi vítima e que considerou, profundamente, atentatórias da sua dignidade. Huma­namente, revoltado, procurou longe dos homens que lhe feriram a alma, uma nova vida onde pudesse realizar-se, convivendo com a Natureza agreste, mas por vezes bem pródiga no seu reconhecimento àqueles que se lhe dedicam.Na sua imensa caminhada até Caconda, seus olhos e seu espírito ficaram presos à Hanha, quando por ali passou.A Hanha localizada no sopé de uma cordilheira, constitui uma planície que faz lembrar a lezíria ribatejana. A confluência dos Rios Coporolo e Lutira determina vasta extensão de terras irrigáveis e, como tal, férteis que permitiriam realizar alguns dos sonhos que transportava na sua bagagem mental.A Hanha persistia no seu pensamento. Assim a permanên­cia em Caconda foi de curta duração, ainda que a zona fosse, ao tempo, um «empório comercial». Em breve decide regressar ao local que o encantara e, em 24 de Junho de 1878, ali volta para se radicar e instalar uma vasta plantação de cana sacarina e, a partir dela, uma destilaria que funcionou até 1912, data em que, por Decreto, emanado de Lisboa, foi encerrada.A Fazenda instalada por Joaquim Francisco Ferreira era constituída por um conjunto de oito glebas adquiridas a sete nativos “seculos” (Nativos velhos e respeitáveis) de seus nomes:Matende, Chinamba, Cassapa, (proprietário de duas glebas), Candel, Capingana, Gungue e Diomer.Os originais das escrituras notariais celebradas entre Joa­quim Francisco Ferreira e estes nativos, estão na posse do autor. Em Angola, estas glebas foram registadas, na Conservatória de Benguela, sob a designação única de Várzea de São João da Lutira, no ano de 1898. Em Angola, em pleno Século XIX, os Portugueses já procediam assim.A breve trecho Joaquim Francisco Ferreira é alcunhado com a sugestiva designação de «Yola-Yola» que em língua nativa significa «o homem que está sempre a rir».O Ferreira além de ter criado os sectores agrícola e indus­trial, a que já nos referimos, alargou a sua actividade aos sectores comercial e pecuário.Construiu uma «frota» de carros «bóer» cada um puxado por 20 bois, devidamente, treinados.Para começar o Ferreira rompe a machado uma picada com cerca de 200 quilómetros, em direcção a Benguela. Mais tarde rasga nova picada, desta vez, até Caconda. Apenas, por curiosidade acho valer a pena referir que em 1930 esta ligação com Caconda era ainda utilizada.O tempo ia correndo. O Ferreira estabelecia um vai e vem constante com Benguela utilizando a sua «frota». Nessas deslo­cações transportava quer os produtos da sua própria produção quer aqueles que adquiria na região. Era, assim, o verdadeiro incentivador do comércio da vasta região que se estendia entre Benguela, Caconda e Huambo. Para além dos produtos próprios, comerciava em cera, mel, couros e gado, únicas produções a que os nativos, então, se dedicavam.Apesar da eficiência da frota, os transportes não eram, como se pode calcular, tarefa fácil. Os carros “bóer” não se podiam deslocar, permanentemente. As deslocações dependiam das condições climáticas. No período das grandes chuvas os rios não davam passagem e no período seco escasseava comida e água para os animais.Cada viagem durava cerca de duas semanas. O Domingo era dia de descanso. O percurso diário oscilava entre trinta a trinta e cinco quilómetros.De quando em vez surgia o inesperado: trovoadas violen­tíssimas acompanhadas por chuvas diluvianas obrigavam a sus­pender a viagem, às vezes, por duas ou três semanas.A região da Hanha progredia. Um segundo europeu, Carlos Rebelo de Matos, instala-se na margem esquerda do Rio Lutira, no prolongamento do Rio Coporolo. Entretanto, o comporta­mento do Matos desagrada às populações nativas. Em contrapar­tida o prestígio do Ferreira estava definitivamente firmado.Um dia, os povos da Hanha saturados com as sucessivas injustiças e diatribes praticadas pelo Matos, decidem eliminá-lo.Entretanto em função do respeito que votavam ao «Yola-Yola» quiseram, antes de actuar, ouvir a sua opinião.Alta madrugada, o soba Catoto chefiando as populações, armadas e sedentas de vigança, procuram o Ferreira dando-lhe conta dos seus intentos. Ainda que as relações entre os dois euro­peus não fossem famosas, talvez, até más, o Ferreira demons­trando o mais elevado tacto diplomático e alto senso humano consegue convencer o soba Catoto que seria apenas o Governador de Benguela quem poderia fazer justiça, em nome de El-Rei de Portugal.O Ferreira põe à disposição do soba e dos principais con­selheiros, carros bóer para que, com a facilidade possível, atin­gissem Benguela e aí expusessem o problema.Corria o princípio do nosso século. O Catoto chega a Ben­guela e consegue demonstrar a quem de direito, o peso das suas razões. Como consequência, imediata, o Governador determina a saída do Matos da região da Hanha, local onde jamais poderia regressar.Para o cumprimento desta decisão é destacada uma força militar incumbida de trazer, para Benguela, o Matos morto ou vivo. O causador do problema não oferece qualquer resistência e a missão foi cumprida sem outras complicações. Uma vez mais, o senso de Joaquim Francisco Ferreira estava demonstrado.Um outro facto nos parece relevante para realçar a perso­nalidade de Joaquim Francisco Ferreira, pois que para além de importante agricultor e de evoluído industrial, o «Yola-Yola» foi, fundamentalmente, o colonizador na boa e exacta acepção do termo. A forma especial como soube estabelecer e defender as relações pessoais com os povos da área, até então, extremamente, rebeldes, pode classificar-se de notável.O seu comportamento comercial e social conquista a ami­zade e, fundamentalmente, o respeito dos povos que o rodeavam.O exemplo que pretendemos referir é bem expressivo, da sua influência junto dos autóctones e, muito em especial, da forma como o Ferreira sentia de perto os problemas humanos. Reside no processo hábil e inteligente como conseguiu fazer abolir, na região da Hanha, a pena capital, então, ainda cruelmente imposta pelas autoridades tradicionais. Com o argumento de que a pena de trabalhos forçados perpétuos seria muito mais dura (pois era... eterna), o Ferreira consegue que os crimes sujeitos à pena capital, passem a ser punidos por tal processo.(…)Em consequência da intervenção militar na zona da Hanha, determinada pelos problemas criados pelo Carlos Rebelo de Matos, o Governo sente, pela primeira vez, a importância económico-social da região. Por isso instala, como elemento de sobera­nia, perto da nascente do Rio Songue (junto ao riacho Ubir), um Posto Militar dependendo, em directo, da Capitania-Mor de Caconda. Este Posto é instalado sob a chefia de um sargento do Exército. Tempos depois a localização do Posto é transferida para o lugar do Lumba, no sopé da Montanha. Torna-se, então, Posto sob jurisdição civil e tem como primeiro Chefe, Teodoro José da Cruz, cidadão de origem brasileira e pai de uma figura quase lendária, de Benguela, o advogado Amílcar Barca da Cruz.Anos volvidos, o Posto da Hanha conhece nova localização, à beira da estrada Benguela-Caconda, no alto do Songue.A localização ideal do Posto ainda não tinha sido encon­trada. E, assim, nova mudança; agora para o Caviva, no sopé da Serra Útuo-Muno (cabeça de homem), ainda, na berma da mesma estrada. Foi então, seu responsável, o Chefe Jácome de Aguiam.Vivia-se o primeiro ano do Século XX. No Cubal, na Ganda, em toda a Hanha, nada havia sido realizado, rumo ao desenvolvimento efectivo. A vida real da região era determinada, apenas, pela radicação dos nativos nas zonas marginais dos rios e, fundamentalmente, pelas actividades desenvolvidas pelo Yola-Yola.Nesta altura o Joaquim Francisco Ferreira tem conheci­mento do ambicioso projecto da construção de um caminho-de-ferro, que iria ligar o litoral à África Central. O cepticismo do Ferreira era grande. Não olvidava o fracasso havido na ligação ferroviária Catumbela-Benguela.Entretanto, neste momento, mas sempre relacionado com o factor humano da fundação do Cubal, teremos que referir a criação do Caminho de Ferro. Em próximo capítulo abordaremos tal como já referimos, o tema Caminho de Ferro de Benguela.É entre 1903/1904 que os técnicos ingleses, incumbidos da construção da veia de aço que rasgaria as entranhas da enorme Angola, atingem o Cubal com o levantamento e picotagem da linha, visando o Rio Cubal acima da confluência dos dois rios do mesmo nome que o formam: Rios “Cubal da Ganda” e “Cubal da Hanha”.Nesta altura o Ferreira acha oportuno contactar, directa­mente, esses técnicos e consegue obter informações sobre o tra­çado da linha, e, até, da localização das próximas instalações que apoiariam o empreendimento.De posse das preciosíssimas informações e com a argúcia de sempre, aproveitou-as, da melhor forma, iniciando de imediato a construção de uma casa comercial, que localizou ao lado esquerdo daquela que em 1974, ainda existia e era conhecida por “Casa do Catoto” «Catoto» — Alcunha do filho mestiço do Ferreira, de seu nome Joaquim Francisco Ferreira Júnior.Assim, foi a casa do «Yola-Yola» a primeira casa do Cubal a que se seguiu a de Teodoro José da Cruz, que depois de refor­mado, se dedicou ao comércio. Esta casa situou-se, na margem esquerda do rio, abaixo da velha ponte de caminho de ferro, a cerca de 3000 metros do local previsto para as instalações do C. F. B. e da casa de Joaquim Francisco Ferreira. Achamos, deveras, curiosa a justificação de Teodoro José da Cruz acerca do local escolhido para a construção; — poderia chegar a casa sempre que quisesse, mesmo na altura pluvial alta quando o rio transbordasse as margens. Só com carros «bóer» se poderia, então, fazer a travessia e, mesmo assim, nem sempre. Ele, Teo­doro, nem sequer possuía carro «bóer»...
A CHEGADA DO «MONSTRO DE FERRO»
Em 2 de Maio de 1908 o primeiro comboio atinge o Cubal. Durante vários anos foi o «2 de Maio» o Dia do Cubal, como homenagem à Companhia do Caminho de Ferro de Benguela, não esquecendo que o desenvolvimento da região se processou a partir da passagem desse “monstro de ferro”. Nesta altura as únicas edificações existentes, no Cubal, eram, além das duas casas já referidas, o apeadeiro do C. F. B. e o barracão que lhe servia de oficina de apoio-Entre 1912 e 1914 é criado o Concelho da Ganda que inte­gra o Posto da Hanha. Para que o Administrador do novo Con­celho pudesse visitar este Posto, tinha que deslocar-se de comboio até ao Cubal e depois utilizar a picada aberta pelo Ferreira.Anos correram. Em 1925, o Ferreira adoeceu, gravemente, e caminhou rumo ao Cubal para apanhar um comboio que o le­vasse até Benguela em busca de melhoras. Quis o Destino que na ponte do Rio Cubal (da Ganda), às portas da povoação que fun­dara, ao edificar a primeira casa, que a Vida se lhe extinguisse dentro do carro onde era transportado. Se o Ferreira se aperce­beu da morte, talvez sentisse alguma compensação, pois morrer junto de algo que se criou e amou é, quanto a nós, uma espécie de privilégio. O «Yola-Yola» teve, assim, a felicidade maior, de cerrar para sempre seus olhos diante da realidade que ele próprio criara: o CUBAL. Em 1928, com o desenvolvimento da povoação, o Posto Administrativo, instalado no Caviva, passa enfim para o Cubal, ainda que mantendo a designação de Posto da Hanha. Foi seu primeiro Chefe, Cristóvão de Lima. Só em 1961, em 14 de Junho, é fundado o Concelho do Cubal, tendo como primeiro Administrador, Horácio Lusitano Nunes. Era ao tempo Governador do Distrito de Benguela, o Inspector Administrativo Hortênsio de Sousa.O novo Concelho passou a integrar o antigo Posto da Hanha, que pertencia ao Concelho da Ganda, agora designado de Posto Sede e, ainda, o Posto de Caimbambo, pertencente ao Concelho de Benguela.Mais tarde foram criados dois novos Postos: Quendo e Hanha, que com o Posto Sede e o de Caimbambo formaram Concelho, pelo menos, até Novembro de 1974.Funcionava como órgão municipal a Junta Local que, por decisão superior prosseguiu a sua acção, ainda que por curto espaço de tempo, pois em 6 de Dezembro de 1961 foi transfor­mada na primeira Câmara Municipal.Em 23 de Janeiro de 1968 o Cubal atinge como que a sua emancipação sendo elevado à dignidade de Cidade, verdadeira coroa de glória para os seus obreiros.
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in Sebastião das Neves -"TRÊS CONTINENTES UMA VIDA"

05 março 2011

Cubalenses

1. Rocha, amigo de João Porto e Júlio Tipoia
2. Virgílio Costa
3. Carmen Fontoura
4.Adozinda Porto, minha irmã no dia do seu casamento na Igreja do Cubal 5. Adozinda Porto e Virgílio Costa
6. Adozinda, Virgílio Costa, Manuel Porto, Odilia Palma, Artur Costa, Maria Silva Costa, Generosa Porto, José Manuel, Graça Martins, Araújo, José Maria Lago Bom (mucoca), João Porto e... Diny Querido
7. Maria Odilia Palma, filha da D. Conceiçao Palma e Francisco Palma

02 março 2011

Cubalenses

1.
2.
3.
4.
5.
Eu (Diny Querido),meus pais (TONECA e MARINA) tia MANELA, meus avós(FRANCISCO QUERIDO e JULIETA), tia MILAY, tio MENDES, ANY e BETO QUERIDO MENDES, primo RAÚL