21 maio 2011

UM LADO ERRADO DO CUBAL - versos satíricos de crítica social, à boa maneira do Zé Povinho de Bordalo Pinheiro

UM LADO ERRADO DO CUBAL

Aqui há uns anos atrás,
Quatro ou cinco, sem favor,
A luz cá para o Cubal
Vinha dum velho motor.

E por ser luz tão escassa,
Luz sem ter nenhum jeito,
A Câmara Municipal
Tomou o assunto a peito.

Depois de reuniões,
De debates com fervor,
Resolveu a nossa Câmara
Comprar um novo motor.

Passado que foi algum tempo,
Não sei quanto, não ‘stou lembrado,
Eis que chega ao Cubal
O motor tão desejado.

Abrem-se buracos e valas,
Trabalha-se com euforia,
Estendem cabos e fios,
Seja de noite ou de dia.

Levantam-se uns quantos postes,
Tudo assenta que nem uma luva,
Deve-se apressar os trabalhos,
Faça sol ou haja chuva.

Depois de estar tudo pronto,
De tudo no seu lugar,
Chama-se o Governador
Que é preciso inaugurar.

E em tarde amena dum sábado,
Todos correm à central.
Todos querem ver o engenho
Que irá dar luz ao Cubal.

Entre profundo silêncio
E ânsia da multidão
Sua Excelência liga tudo
Carregando num botão.

Ao barulho daquela máquina,
Daquele engenho colosso
Junta-se o barulho de palmas
De todos em alvoroço.

Vêem-se aqui e além
Variados grupos de gente.
A alegria é bem expressa.
O regozijo é patente.

Ouvem-se várias opiniões,
Cada qual diz o que sente,
Uns que a máquina é boa
Outros que ela é excelente.

Todos pensam de igual modo
Exibindo um ar altivo,
Nunca mais faltará a luz.
Agora não há motivo.

Não sei quantos anos depois,
Não os contei um a um,
A Câmara pára o motor.
Vem a luz do Lumaum.

Tudo isto está certo
Por medida bem tomada
Não o motor será cuidado
E a instalação preparada.

Deste modo todos pensam.
P’ra dúvidas não há margem.
O motor irá dar luz
Se faltar a da barragem.

Porém, a semana passada,
Ó! Grande calamidade,
Faltou a luz da barragem
E ficou sem luz a Cidade.

Afinal o grande motor,
Aquele bloco altivo,
Não podia trabalhar,
Tinha d’estar inactivo.

Inactivo por desleixo.
Ou porque seria, então?
Só por desleixo, repito,
Eu não vejo outra razão.

E nada foi remediado,
O desleixo continuou:
O Cubal voltou à escuridão
Quando a luz ontem faltou.

Faltasse correia ou junta
De cortiça ou cartolina,
Houve tempo de mandar vir
Mesmo que fosse da China.

Falando de correia ou junta
Falo d’outros sobressalentes.
Deve é haver consideração
P’lo Cubal e suas gentes.

“Aquilo” custou dinheiro.
Custou o nosso suor.
Tratemo-lo bem, com cuidado
Mesmo até com muito amor.

Tem decerto um responsável
O Pelouro da parte eléctrica.
A ele pedimos medidas
Para situação tão tétrica.

Faça-se a instalação
Faça-se o que for melhor
P’ra na falta da barragem
Poder ligar-se o motor.

E se não se fizer assim,
Se ao mal não “botarem” mão,
P’ra que foram tantas “peneiras”
No dia da inauguração?

Cubal, 3/Abr./71

Autor desconhecido
(Será que conseguiremos identificar o autor?)

Documento gentilmente cedido pela Helena Carvalho
Passagem  para texto por Rui Gonçalves (Ruca)

19 maio 2011

Apresentação

Boa noite a todos os Cubalenses
Fiquei muito honrado com o convite do Ruca, pessoa que não tenho a certeza de conhecer pessoalmente, embora já possamos ter cruzado alguma vez ou até conversado. Sinceramente que não tenho nenhuma ideia formada sobre a pessoa. De qualquer modo é com todo o prazer que aceito colaborar nos nossos blogs. Dentro do que sei e posso fazer estarei sempre disponivel para contribuir com o meu testemunho. Desde já fica um apelo. Continhas à moda do Porto. Onde todos colaboram não custará tanto a meia dúzia. Por isso, mãos à obra e vamos começar. Não se escudem na crise, porque aqui a crise é só nossa. Por isso mesmo temos que arrumar a nossa casa. Fico por aqui.
Um abraço do tamanho do Cubal
Albano Lemos

Próximo da Escola Industrial e Comercial Dom João II - Cubal

Próximo da Escola Industrial e Comercial Dom João II.
Ano 1972 ou 1973..
Maria Helena Carvalho, Cacilda (saudosa) e a Cristina

Aniversário da Profª Milai, no Rodrigues Hotel

Nesta foto foi o aniversário da professora de inglês (Milai) no Hotel Rodrigues, apenas familiares
e amigos eu estou aí também.

*******************************
Olá Ruca!
Tenho aqui mais duas fotos tiradas no tempo em que estudava no Cubal. A primeira foi no Hotel Rodrigues onde morei os últimos três anos e aí estava sendo comemorado o aniversário da professora de Inglês( Milai) apelido também morava lá . A segunda as três moças a primeira da esquerda para a direita acredito ser a irmã do Julio Carvalho e as outras não lembro agora os nomes mas lembro delas.
Um abraço.
Rui Lopes

18 maio 2011

Na Escola Primária 40


Quem identifica todos este meninos, meninas e professoras ?
Posted by Picasa
O menino na fila do meio e em pé é o meu amigo Ivo Sérgio Pessoa (filho do Augusto e da Mª do Socorro)
a Profª ao cimo e no centro é a Sra D Lurdes Vilares. 

Dia do CFB em 1971



Caro amigo Ruca, envio esta foto para que a possas colocar no blogue.
O meu pai (Messias Costa) é o 1º da esquerda na fila de cima. 
Dos outros já não me recordo.
Um abraço
-- 
Carlos Costa (Caspinto)
************
Vamos identificar os restantes elementos?
Obrigado
Ruca

17 maio 2011

Eduardo Flórido, em grande estilo!


Uma boa tentativa, para quem nunca fumou....
Só o Gil Barros (Foto Lig) para o fazer posar neste grande estilo!

Dadinho, Albuquerque e o Joca


Dadinho,  Albuquerque e o Joca (só falta a Mini-Honda).

Casamento de Manuel e Lurdes Henriques

1.
Da Esqª
Muitos amigos que colaboraram na oficina do meu pai.
Ruca, David B. Pires (mecânico), Dias (bate-chapas), Manuel Pires, Luísa, Raúl, Henriques (mecânico) e Pedro M N Ferreira (contabilista).
Que saudades de todos estes amigos e do convívio na oficina do meu pai Raúl! Ruca
2.
Lurdes e Henriques
ao fundo Figueiredo

3.
Dias, Henriques, ??, Sérgio Sousa Matos (primo da Natália), "Bolinhas", Figueiredo e
Cândido ?(encoberto)

4.
Eduardo Flórido

Casamento de Manuel e Lurdes Henriques

Lurdes e Manuel Henriques
1.
Dentro da Igreja nova do Cubal
2.
Convidados do Casamento à frente da Igreja nova do Cubal
2.1
Pormenor dos convidados
2.2
Pormenor dos convidados
2.3
Noivos e convidados
2.4
Júlia, Raúl e Ruca
3.
Dias (bate-chapas na oficina do Raúl), Luísa, Lurdes e Manuel Henriques, Júlia e Raúl
4.
Antigas alunas da Escola D. João II do Cubal e amigas da Lurdes
À dtª da noiva: Natália Sousa, Lurdes Portela, Barbara, Céu (irmã da noiva) e Lita.
À Esqª da noiva : Helena, Fernanda Portela, Ivone, Lena Diniz e Júlia Ferreira (filha do Silva do Tomolo e irmã do Mauzinho).

*********
Junto envio as fotos de casamento no Cubal de Manuel Henriques e Lurdes Henriques.

Manuel Henriques foi empregado do seu pai durante muitos anos no Cubal. Os seus pais foram os padrinhos de casamento do noivo. A Lurdes foi uma amiga do seu tio Flórido e de várias pessoas que se encontram neste blog. Tivemos acesso a este blog através de uma amiga (Natália Sousa).

Cumprimentos,
Hugo Henriques
Família Henriques


******

Bela surpresa que me/nos proporcionaste. Fotos que a minha família não tinha. Para além de termos o prazer de rever os teus pais e recordar bons momentos da vida deles, proporcionas-me outra enorme alegria; Revejo os meus pais mais novos e eu tb. lá estou ao lado. Sou o puto de cabelos + compridos e com um pequeno laço... MUITO OBRIGADO!
Lembro-me muito bem dos teus pais (sobretudo do teu pai). Um mecânico que na altura se evidenciava de uma forma muito positiva na oficina do meu pai. Lembro-me do perfeccionismo dele, quando desmontava os motores e colocava tudo que era parafuso e peças pequenas numa ordem quase milimetica em cima da bancada de trabalho e tudo com uma limpeza hospitalar... acredita que é verdade! Confirma com ele.
Falei com o meu tio Eduardo Flórido, que pediu que enviasse um forte abraço com amizade e saudades.
Os meus pais idem ..(...)

Forte abraço
Ruca

13 maio 2011

Cubalenses

1
Anabela Figueiredo; Milu Diniz; Helena Diniz; Minha Irmã Céu
 2
 Olivia Pina, irma do Antonio Pina.

Ruca envio-te mais 2 fotos. 
Na primeira a Esquerda Anabela Figueiredo; Milu Diniz; Helena Diniz; Minha Irma Ceu. Na segunda foto é a Olivia Pina, irma do Antonio Pina. Gostava de saber da Milu, Helena diniz e Olivia Pina?

Beijos
Lurdes Henriques

Mensagem de amigos no Lobito

Celeste Alves e Vitor Alves
Localização: Angola

Do Lobito, enviamos o nosso abraço a todos os que recorrem a este site para saberem notícias, encontrarem amigos ou simplesmente , matarem saudades..
Se é certo que o facebook, por onde andamos quase todos nós, modificou a nossa forma de comunicar, não é menos verdade que "este" é o nosso cantinho e , pelo menos no que nos diz respeito, foi por aqui que começou a alegria de nos reencontrarmos com amigos de quem não sabíamos há décadas.Manter este site em andamento, parece uma coisa fácil, para quem, como eu, o abre todos os dias para saber novidades , ver as fotografias e ler as participações dos outros, sem nos determos a pensar no trabalho de quem o mantém a funcionar. Para que continuemos a beneficiar disso, deveríamos participar mais activamente . pois a terra que deu o nome ao site só alcançou o lugar de destaque que teve, através do entusiasmo, participação e actividade de todos os seus habitantes, Cubalenses de nascimento ou de coração. Para o Ruca, um beijinho especial, para todos os outros,um grande abraço.
Dos amigos Celeste e Vitor Alves

08 maio 2011

COLABORAÇÃO

Amigo Ruca
Dando seguimento ao seu pedido de colaboração cá estou a fazer a minha inscrição. Espero corresponder dentro das minhas possibilidades e conhecimento.
Um abraço
Albano Lemols

Tomolo (Cubal)

 1
Da esquerda para a direita é a Minha mãe (Otelinda); minha irmã (Céu); Manuela (sobrinha dos Proprietários) Dª Idalina e Bernarda (Sobrinha dos Proprietarios).
2
Da esqª a oitava pessoa é esposa de um dos proprietários da fazenda (Dª Idalina), Na fila de cima a 2º pessoa é o marido dela. (Sº Matias).


Ruca eu sou a Lurdes Henriques e envio-te estas fotos do Tomolo. 
Na foto 2 da esquerda para a direita a oitava pessoa é esposa de um dos proprietários da fazenda (Dª Idalina), Na fila de cima a 2º pessoa é o marido dela. (Sº Matias).
Na foto 1 da esquerda para a direita é a Minha mãe (Otelinda); minha irmã (Céu); Manuela (sobrinha dos Proprietários) Dª Idalina e Bernarda (Sobrinha dos Proprietários).
 
Sem mais assunto 
Beijinhos

02 maio 2011

Cubal e Cubalenses -1

1
2
3
4
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Participação de Gi Vilares

1- Em casa do Aníbal.
_______________________________________________________________
Saúdo a participação do Gi Vilares, que nos enviou um património fotográfico fantástico sobre o Cubal e Cubalenses, e que irei postar nos próximos dias.
Um abraço ao Gi e muito grato pela adesão .
Ruca
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29 abril 2011

Boletim Cultural da Câmara Municipal do Cubal



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ALMA DE MAR

A minha alma é feita de mar
Desaguando todos os rios
De águas nunca passadas.
É feita de grandes sóis vermelhos
Mergulhando no mar oceano
De pumumos e catuites
E zonguinhas zunindo no ar
Bicos de lacre e siripipis
De milho e massambala
E do chão vermelho
Destilando perfumes alucinados
De massarocas e dendém
De tchinganges levantando poeira
De trovoadas e relâmpagos imensos
E de chuva bravia explodindo na terra
De praias imensas
E ondas traçando alinhavos na areia
De goiabas e mangas e fruta pinha
Derretendo sabores irrrepetíveis
De cubatas e sambos de gado
Amanhecendo em cacimbos serenos
De matas imensas, silenciosas
Onde nos perdemos e encontramos
De imbondeiros solitários
Que sempre me acompanham
Do churrasco de galinha do mato
E bolas de pirão comidas à mão
Escorrendo óleo de palma nos lábios
De rios, de todos os rios
Mesmo os que correm na memória
De iniciações e namoros únicos
Do primeiro beijo às escondidas
De maboques e missangas coloridas
Das argolas enroladas nas pernas
Batucando todos os andares
Marcando ritmos de encanto e vida
De comboios mala furando a noite
Transportando mercadorias e sonhos
A minha alma vagueia nas saudades
Na minha alma vive um país.

Henrique Faria
Coimbra, Dezembro de 2007

26 abril 2011

Cubalenses

1.Casamento da Isabel Vieira
Da Esqª: Letinha Valadas, Anabela Borges e Helga Valadas
2.O irmão mais velho da Anabela, Fernando Borges
(Num baile que houve no Ferrovia ou Recreativo do Cubal, após as Marchas do Cubal).

3.Baile do último dia de aulas no Liceu do Cubal(1975)

4.Júlio Alves (chefe dos CTT).

15 março 2011

Informo que estarei ausente dos blogues do Cubal (Cubal Terra Amada; Diáspora e Cubal Cidade em Progresso), nos próximos tempos. 
Poderão entretanto continuar a enviar os  testemunhos (textos e imagem) que serão publicados no nosso blogue logo que oportuno, o mesmo acontecendo àqueles que já me foram remetidos.
Obrigado

13 março 2011

Teatro - Peça " O Costa d'África"-C. D. Ferrovia do Cubal

1.
2.
3. Morais em" O Costa d'África"-C. D. Ferrovia do Cubal- Maio de 1967

O Morais honrou a promessa feita há uns dias atrás.
Envia-nos estes excelentes testemunhos onde podemos recordar a sua actuação naquela peça de teatro. Peço que me ajudem a identificar os restantes actores .
Paralelamente, a Lourdes e o Morais enviam-nos outros excelentes testemunhos que irão ser publicados nos próximos posts.
Um agradecimento à família Morais por mais esta participação e votos que continuem sempre.
Abraço
Ruca

Teatro - Peça " O Costa d'África" -C. D. Ferrovia do Cubal 1967


1.
Em pé: Ferreira-Chefe Segurança CFB-,Mário Lopes Correia -Telefon.CFB, Morais, Inspector Albuquerque e esposa (CFB), José Luís Pena, Quim Santos, Prof. Leonel Teixeira Neves, Magueta, Gil.
Sentados: Fernandes (Casa Macaco), Isabel Costa Lima, Celeste Almeida, Teresa Terceiro, ????, Emília Fernandes, ????,Lília ALmeida e Aurora Fernandes.
Quem sabe o nome dos restantes ???

2.
José Luís Pena, Celeste Almeida, Teresa Terceiro, Isabel Costa Lima e Quim Santos

3.
???, Teresa Terceiro, Isabel Costa Lima, Aurora Fernandes,Celeste Almeida, Quim Santos, Lilia Almeida e Emília Fernandes

TRAQUINICES DE INFÂNCIA, por Fernanda Valadas


Andava eu no 1º ano do ciclo, no colégio do Sr. Vítor, quando o Farinha nos disse que existia um enorme  enxame de abelhas  numa acácia amarela em frente a sua casa. Por sorte, ou azar, tivemos um "furo" de uma hora e como fiquei com a pulga atrás da orelha, convidei a Amélia Cravo para irmos ver o dito enxame.

A Amélia que era tão ou mais malandra que eu, embora não parecesse,  alinhou de imediato. Lá fomos as duas  até a árvore ver o enxame de tamanho descomunal.

Olhamos e remiramos aquele grande cacho de abelhas. De repente lembrei-me de apanhar umas pedras e comecei a atirar com o propósito de lhes acertar. A Amélia fez a mesma coisa e como a nossa pontaria não era ma  as abelhas iam-se espalhando e nos sempre insistindo! A certa altura, a pontaria foi tão certeira que metade do enxame se despegou e estatelou-se no chão. Missão cumprida. Eu e a Amélia fugimos e regressamos as aulas. Tudo  isto se passou na parte da manha, naquele tempo não tínhamos aulas a tarde.

Tudo esquecido! Não mais nos lembramos das abelhas. A minha irmã Olga fazia parte do coro da igreja e nesse dia tinha ensaio por volta das 16 horas e antes de sair de casa deu-me uma carta para eu por nos correios. Eu, para não ir a pé, esperei que o meu pai chegasse para ir de motorizada.

Para quem não saiba, os correios ficavam onde mais tarde se localizou o Bar Karivera.
Convidei a Elizete Mendes para ir comigo, ela encavalitou-se na motorizada e lá fomos as duas.

Subi pela rua da igreja e virei a esquerda, ou seja para o lado do quartel. A minha irmã e as colegas, ainda estavam a porta da igreja e quando ela me viu, acenou-me e dizia-me qualquer coisa que não percebi, mas entendi o gesto. Ela, fez o gesto de não, e apontou para o lado da casa Macaco. O que é que eu entendi, não vás por ai, vai pelo outro lado, da casa Macaco, claro!

Faço a inversão de marcha e vou para o lado que não devia. Nem sequer me lembrava do que tinha feito.
Entro na rua e quando já estava a meio, perto da casa do padre, começo a sentir pequenas partículas a baterem-me na cara e a agarrarem-se nos meus cabelos. Levanto o olhar e vejo milhares de abelhas no espaço. Paro a motorizada, pu-la no descanso, no meio da rua, e vá de correr ao mesmo tempo que tentava sacudir as abelhas do cabelo.
Na esquina  estava o Alexandre Fonseca, O Ramos do café e o Sr. Valente e eu naquela aflição e toda coberta de abelhas, pensando estar ali a minha tábua de salvação, corri para eles, mas, qual quê...em vez de me socorrerem fugiram a sete pés, eu levava o enxame atrás de mim. Eu tinha 11 anos e estava completamente desorientada e aqueles que me poderiam socorrer fugiram.
O Alexandre teve um rebate de consciência, voltou atrás e começou a ralhar com os outros dois.
Sem se chegar muito perto de mim, encaminhou-me para a oficina do Raul, mostrou-me uma torneira e mandou-me meter a cabeça debaixo da mesma e com todo o cuidado e a medo lá abriu a mesma.
As abelhas molhadas ficaram inofensivas, mas só eu sabia o quanto sentia as dores das dezenas de ferroadas.
Dei uma volta enorme para ir para casa e quando lá cheguei, estava a Elizete debulhada em lágrimas por ter sido picada num dedo da mão, uma única ferroada.
O meu pai quando me viu naquele estado, ficou alarmado, foi buscar o livro, "O Médico do Lar", e seguiu as instruções. Por cada ferrão tirado punha uma pedra de gelo. Por incrível que pareça foram-me retirados trinta e tal ferrões só no couro cabeludo e dezenas de abelhas agarradas ao cabelo.
Não fui ao médico, não tomei nada, só que andei bastante tempo sem poder tocar  em parte alguma do pescoço para cima, para além de um ligeiro inchaço.
Aprendi a lição e nunca mais na minha vida me meti com abelhas, onde as houver, eu passo ao largo.
Moral da estória: CÁ SE FAZEM, CÁ SE PAGAM!