ANGOLA CORPO DE MULHER
No seu útero fértil
Acolheu sementes embaladas por brisas
No seu ventre farto gerou,
Quais Édipos,
Filhos apaixonados
Que a mimaram, enfeitaram.
Fez-se bela, cobiçada, desejada...
Outros filhos gerou
Gananciosos, insidiosos
Suas entranhas esventraram
Seu sangue correu
Banhou vidas de outros filhos.
Mas do seu corpo brota ainda
O capim verde molhado
Pelo cacimbo da madrugada.
Da terra empapada
Da chuva da noite, ergue-se
O solitário embondeiro
Saudando o novo dia.
Em movimentos sensuais
Dança a ondulante palmeira.
Do seu corpo brota ainda
O espinhoso sisal, o alvo algodão,
O rubro café,
E jorrado do mais profundo
Do seu corpo, o ouro negro,
Amarelo e o brilho da pedra.
Brota o prazer
No beijo do mar na areia
Na sombra de uma acácia.
Brota a Amizade,
Brota o Amor
Em ébano e marfim talhados.
Em cada coração
Brota a Esperança
Renovada... Ameaçada...
Atormentada...
Adiada...
Renovada!
Marília Peixoto
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