Andava eu no 1º ano do ciclo, no colégio do Sr. Vítor, quando o Farinha nos disse que existia um enorme enxame de abelhas numa acácia amarela em frente a sua casa. Por sorte, ou azar, tivemos um "furo" de uma hora e como fiquei com a pulga atrás da orelha, convidei a Amélia Cravo para irmos ver o dito enxame.
A Amélia que era tão ou mais malandra que eu, embora não parecesse, alinhou de imediato. Lá fomos as duas até a árvore ver o enxame de tamanho descomunal.
Olhamos e remiramos aquele grande cacho de abelhas. De repente lembrei-me de apanhar umas pedras e comecei a atirar com o propósito de lhes acertar. A Amélia fez a mesma coisa e como a nossa pontaria não era ma as abelhas iam-se espalhando e nos sempre insistindo! A certa altura, a pontaria foi tão certeira que metade do enxame se despegou e estatelou-se no chão. Missão cumprida. Eu e a Amélia fugimos e regressamos as aulas. Tudo isto se passou na parte da manha, naquele tempo não tínhamos aulas a tarde.
Tudo esquecido! Não mais nos lembramos das abelhas. A minha irmã Olga fazia parte do coro da igreja e nesse dia tinha ensaio por volta das 16 horas e antes de sair de casa deu-me uma carta para eu por nos correios. Eu, para não ir a pé, esperei que o meu pai chegasse para ir de motorizada.
Para quem não saiba, os correios ficavam onde mais tarde se localizou o Bar Karivera.
Convidei a Elizete Mendes para ir comigo, ela encavalitou-se na motorizada e lá fomos as duas.
Subi pela rua da igreja e virei a esquerda, ou seja para o lado do quartel. A minha irmã e as colegas, ainda estavam a porta da igreja e quando ela me viu, acenou-me e dizia-me qualquer coisa que não percebi, mas entendi o gesto. Ela, fez o gesto de não, e apontou para o lado da casa Macaco. O que é que eu entendi, não vás por ai, vai pelo outro lado, da casa Macaco, claro!
Faço a inversão de marcha e vou para o lado que não devia. Nem sequer me lembrava do que tinha feito.
Entro na rua e quando já estava a meio, perto da casa do padre, começo a sentir pequenas partículas a baterem-me na cara e a agarrarem-se nos meus cabelos. Levanto o olhar e vejo milhares de abelhas no espaço. Paro a motorizada, pu-la no descanso, no meio da rua, e vá de correr ao mesmo tempo que tentava sacudir as abelhas do cabelo.
Na esquina estava o Alexandre Fonseca, O Ramos do café e o Sr. Valente e eu naquela aflição e toda coberta de abelhas, pensando estar ali a minha tábua de salvação, corri para eles, mas, qual quê...em vez de me socorrerem fugiram a sete pés, eu levava o enxame atrás de mim. Eu tinha 11 anos e estava completamente desorientada e aqueles que me poderiam socorrer fugiram.
O Alexandre teve um rebate de consciência, voltou atrás e começou a ralhar com os outros dois.
Sem se chegar muito perto de mim, encaminhou-me para a oficina do Raul, mostrou-me uma torneira e mandou-me meter a cabeça debaixo da mesma e com todo o cuidado e a medo lá abriu a mesma.
As abelhas molhadas ficaram inofensivas, mas só eu sabia o quanto sentia as dores das dezenas de ferroadas.
Dei uma volta enorme para ir para casa e quando lá cheguei, estava a Elizete debulhada em lágrimas por ter sido picada num dedo da mão, uma única ferroada.
O meu pai quando me viu naquele estado, ficou alarmado, foi buscar o livro, "O Médico do Lar", e seguiu as instruções. Por cada ferrão tirado punha uma pedra de gelo. Por incrível que pareça foram-me retirados trinta e tal ferrões só no couro cabeludo e dezenas de abelhas agarradas ao cabelo.
Não fui ao médico, não tomei nada, só que andei bastante tempo sem poder tocar em parte alguma do pescoço para cima, para além de um ligeiro inchaço.
Aprendi a lição e nunca mais na minha vida me meti com abelhas, onde as houver, eu passo ao largo.
Moral da estória: CÁ SE FAZEM, CÁ SE PAGAM!
ou.... a vingança das "abelhas assassinas"... ;-))
ResponderEliminarObrigado Fernanda por mais esta estória cubalensea).
Beijos
Rui Gonçalves (Ruc
Priminha, sempre te conheci "Maria rapaz", mas uma traquinice dessas, saiu-te caro!!! Não me lembro desse episódio,pois já estava em Nova Lisboa, mas lembro-me, de andares de "motão", e sempre , de calções...E quando havia bailes, e tinhas que ir de vestido, escondias-te, para ninguém, te convidar, para dançar!!! E do macaco Simão, na casa velha, só te abraçar a ti, porque ao teu irmão Chico, "quando se soltava" ia torcer- lhe as orelhas ???? Que maldades, fazíamos, àquele macaco!!! Mas, mesmo assim, jogava às escondidas, connosco...Que rica infância, nós tivemos, prima!!! Saudável, sem medos de nada,com muito amor, e todos amigos... Beijos Alice Valadas 15-03-2011..
ResponderEliminarObrigado Ruca, por esta oportunidade, de partilhar!!!
ResponderEliminarBeijos Alice Valadas