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25 novembro 2007

SAÚDE NO CUBAL

Nos Direitos e Deveres Fundamentais da República de Angola, está escrito no seu número 1, do artigo 95º “Todo o cidadão, independentemente da sua condição económica, tem direito à saúde e o dever de a defender e promover”. Ora, é importante que se invista forte na saúde pública, nomeadamente no interior do país.

Fernando Graça

A energia eléctrica é um pecha que grassa nos dois hospitais, isto porque a luz fornecida pelo município não funciona das 0 às 6 horas. O Hospital Municipal, adquiriu recentemente um gerador de 60 kwa, porém ainda não está a funcionar. Quanto ao Hospital Missionário, «o gerador que têm, está por norma parado», afirma a Irmã Maria, justificando «o combustível é muito caro. Em caso de urgência liga-se o gerador para se poder trabalhar». No que respeita à água, Fernando Graça disse «temos água corrente durante 12 horas por dia» e a Irmã Maria, por sua vez, referiu «temos água permanentemente, porque temos vários furos artesianos». «Em 1992, o bloco operatório sofreu um saque. Entretanto a maioria do material foi levado e nunca foi reposto. Assim, hoje temos de nos limitar a trabalhar com o que temos, pelo que só é possível fazer pequena cirurgia, que é feita pelo médico coreano”, retorquiu o director do Hospital Municipal.

Irmã Maria

Entretanto, os blocos operatórios do Hospital Missionário, estão operacionais, porém conforme a Irmã Maria «só estamos a utilizar um, porque o outro felizmente já não é necessário – a guerra acabou». Nenhum dos hospitais tem serviços de radiologia, tendo funcionado no Hospital Municipal até 1992, mas com o saque ocorrido naquele ano, todo o material foi levado e nunca foi reposto. Ambos os hospitais, têm laboratórios de análise de sangue e encontramos no Hospital Missionário, a leiga belga de nome Patrícia, que deixou por algum tempo, as suas funções de investigadora, no seu pais de origem, para se dedicar a uma causa nobre, que é ajudar o próximo. Sobre o funcionamento do laboratório disse «a maior dificuldade é a falta de material e também a falta de energia eléctrica. Para o laboratório poder funcionar, com a falta de electricidade durante muitas horas, implica que tenhamos uma grande organização e algum engenho, ou seja, temos de criar alternativas com frigoríficos a gás, ou seja, digo que é difícil, mas não é complicado, é preciso ter engenho».
Para além das funções que desenvolve no estabelecimento de saúde, Patrícia tem ainda

Patrícia

como missão «preparar pessoal em Angola, no sentido de amanhã serem os responsáveis por este serviço, porque estou cá temporariamente ». Com o mesmo propósito, temos a leiga angolana, que se licenciou em enfermagem geral, na cidade de Coimbra, Rosalina Pereira,

Rosalina e a sua equipa de trabalho

que está há cerca de um mês a trabalhar neste hospital, do Cubal. Em sua opinião «o povo não está habituado à prevenção. É importante criar esse hábito, no sentido de evitar que haja doentes que só aparecem na sua fase terminal. É necessário dar formação nesse sentido, isto porque muitos ainda pensam que a doença é fruto do “mau-olhado”, pelo que antes de consultarem um médico, vão primeiro aos quimbandas, e, quando não têm mais alternativas, recorrem então aos nossos serviços». Tal como escreveu Nuno Menezes, um grande pensador benguelense e que viveu alguns anos no Cubal, “a Fé, a Esperança e a Caridade, são TRÊS IRMÃS que não devemos perder de vista”. Ora, Patrícia e Rosalina, mostram-nos precisamente essa irmandade. O Hospital Missionário já tem meios para o controlo e despistagem da sida, tal como relatou a Irmã Maria «já temos, mas o preço dos retrovirais, é bastante caro e há aparelhos de que precisamos para fazer um trabalho mais capaz, mas não temos dinheiro para os adquirir». No que concerne à alimentação, Fernando Graça garantiu que esta «é variada» no hospital municipal, enquanto que o hospital missionário conta com «o apoio do Programa Alimentar Mundial (PAM)», que segundo a Irmã Maria lhes fornece «fuba, óleo, sardinhas... e para os doentes graves, como os tuberculosos e doentes de sida, temos de arranjar refeições apropriadas, o que por vezes é muito difícil ». No que respeita à higiene e limpeza, o director do Hospital Municipal disse «temos pessoal que zela permanentemente pela limpeza do hospital. Além disso, são sempre utilizados desinfectantes e detergentes nas respectivas limpezas», medidas que segundo a Irmã Maria, são também seguidas à risca no Hospital Missionário. A nível de maternidade e obstetrícia, o Hospital Missionário conta actualmente com uma especialista russa, enquanto que no Hospital Municipal, são muitas vezes os próprios médicos a assumir o papel de “parteiros”. Quanto a projectos futuros, Fernando Graça ambiciona para o seu Hospital «um bloco operatório funcional; uma sala de raio X devidamente dotada de equipamento e técnicos; mais médicos como, um ginecologista e um cirurgião». A Irmã Maria, por sua vez, deseja que o estabelecimento de saúde que dirige venha a ter «medicina preventiva, implicando grandes campanhas de sensibilização junto da população; que o hospital seja especializado em materno-infantil e que seja também especializado em doenças infecto-contagiosas como a sida e tuberculose».Laboratório de análises ao sangue do Hospital Missionário

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Ruca