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28 fevereiro 2011

Estórias do Cubal. Ao Senhor Fernando Carona, por Carlos Canais

Sr.Fernando Carona
Meu Caro amigo, sempre te vi como um grande Senhor, porque tu eras maior que o resto da malta desse tempo e metias respeito!...sabes, talvez antes de teres vindo ao mundo (eu tenho 65 anos, no Cubal existia a Lei do Mais Forte). Tal e qual, portanto tu com certeza nasceste uns anitos depois, e então desconheces estes pormenores. Quem chegasse à nossa terra, tinha de ser testado da cabeça aos pés e havia sempre um chefe da manada que tinha essa função, testar os maçaricos. Comigo assim aconteceu e a vários níveis (caramba, arranjo sempre estórias), começando logo na escola quando cheguei ao Cubal pela 2ª vez em 1957 (a 1ª foi em 1947). Então tinha uma colega no colégio do Vitor Ribeiro da Silva que era a Marília Moreira (não sei se se recordam desta senhora), por acaso é quase minha vizinha também hoje, e como ia a contar, a mesma já me conhecia de Benguela, onde éramos mesmo vizinhos,e então a nossa amiga notou que eu não fui ao intervalo das aulas e por isso chamou-me de imediato à atenção, dizendo: Carlos, tu tens de ir jogar futebol ao intervalo das aulas, porque senão há um Senhor lá fora que te vai bater...eu achei imensa graça ao que ela acabara de dizer e comecei a rir, mas ela insistiu e eu tive de deixar a sala de aulas e saí como estava determinado. Quando coloquei os pés na rua, já havia por ali uma pequena confusão, que não entendi e nem estava para isso. Mas, e há sempre o maldito "mas", alguém se acercou logo de mim a perguntar-me se sabia jogar à bola...assustei-me com a "violência" que aquela pergunta me tinha sido dirigida, e de repente lembrei-me o que o bela da Marília me tinha dito, e respondi de imediato "SIM", e lá fomos jogar à bola. Azar do adversário,porque para se fazer a escolha deste jogador desconhecido, houve um certo burburinho, mas como estava o Manel do outro lado da equipa que ganhava sempre, o novo podia jogar pela equipa mais fraca. Bom, foi o bom e o bonito, porque os mais fortes não se entendiam e começaram na zaragata uns contra os outros. "Grande rivalidade" entre estas equipas, pensava o pobre do Canais, pois eu não me percebi de inicio que o problema já se estendia cá para o meu lado. Já estava a meter golos demais e não sabia é que tinha a culpa de não ter sido escolhido para a equipa que estava a perder...eles não tinham culpa de nada daquilo, pois desconheciam que eu já tinha jogado futebol infantil no Portugal de Benguela, por três épocas, mas não chegaram a saber deste pormenor, porque acho que naquele momento iam querer partir-me ao meio para deixar de haver confusão. Resultado, ganhámos por 6 -0 à equipa do Manel, e isso foi uma grande ofensa. Resumindo contei mais uma estória, só para explicar ao Carona porque o chamei de Senhor. O Manel naquela altura parecia o pai do resto do pessoal, pois era grande como tu e parecia um touro a bufar durante os encontros de futebol, que por acaso se realizavam da parte debaixo do adro da nossa igrejinha onde pontificavam as árvores, mas nós aproveitávamos esta situação porque para além de as fintarmos também fintávamos os adversários, quando antes não chocávamos contra as elas. E comecei a ter respeito pelos GRANDES. Está assim explicado o meu "trauma", Sr. Carona. Bom já deves ter entendido que isto foi mais um argumento para o Canais contar mais uma estória dos VELHOS TEMPOS.
Um abraço do Canais.

1 comentário:

  1. E cá vou eu opinar...eu que nem sou desse tempo...que não jogo futebol... mas gosto de futebol e ao vivo é sempre melhor. Tenho saudades dos jogos do Recreativo quer futebol de 11 quer futebol de salão, cá tem nome mais IN... FUTSAL. Pois ...bem me lembro destes dois amigos e bons jogadores de futebol... se as alturas os diferenciam... o talento os torna iguais ou mt parecidos e é com saudade que me lembro de ao domingo não ficar em casa para ir com o meu grupo de amigas e irmãos ver o Recreativo. Era um dia de festa e a equipa merecia o nosso apoio pelas muitas glórias que nos deu...Era uma comunidade mt mais envolvente, participativa e solidária, Outras terras... outras gentes que mesmo separados conseguimos fazer "estória" na História.
    Um abraço ao Canais
    Bia

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Ruca