Mostrar mensagens com a etiqueta Ced.H.Faria. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Ced.H.Faria. Mostrar todas as mensagens

04 outubro 2008

ATÉ À ETERNIDADE ABRIL


ATÉ À ETERNIDADE
ABRIL ,

Transportará para sempre
Reacções diversas,
Prolongando ou esbatendo, para além de nós,
Contornos de uma existência finita.
ABRIL,
Levou-nos as nossas referências
Mas não apagou a lembrança que nos
transmitiu o saber.
ABRIL,
Não afastou o nosso agradecimento,
Venceu a morte de um dos nossos “Eleitos”.
ABRIL,
Vencida a morte,
De quem fomentou em nós a procura do saber,
A vontade,
O querer,
A força,
Iguais à tempestade,
Mantendo viva a chama do seu saber
Na nossa formação.
ABRIL,
Criou novas gerações,
Ouvindo as mesmas palavras,
Repetidas noutras bocas,
Aprendidas do Mestre,
O conhecimento,
O caminho, preparando o futuro,
Sentindo para além do tempo físico,
Estando sempre aqui, junto a nós,
Na eternidade da sua presença.
ABRIL,
Mostrou-nos o vencer da morte
A vontade de escutar além de nós,
Mantendo a chama do saber
E da perpetuação da sua memória,
Ao caminharmos para o futuro.
ABRIL,
Mostra-nos que só morre
Quem parte sem nada deixar nos outros,
Sem nada legar para o futuro.
ABRIL,
Mostrou-nos que a morte
Não apaga quem leva
Só aqueles que são esquecidos.
ABRIL,
Não levou o Dr. Faria.



Miguel Sequeira

28 setembro 2008

O COMEÇO DO MUNDO

O COMEÇO DO MUNDO

Nobre nascimento aquele.
Ali bem de perto,
escutavam-se as notas
à passagem das águas
de lágrimas do Cubal. Que rio…
E foi ali
Hércules emprenhou
Dejanira.
E foi ali
que de nobre nascimento,
em terra cor de sangue
se fez povoado e cidade,
e foi ali,
que se verteram os corações
e se amontoaram paixões.
E, foi ali
que começou o mundo.
Por entre imbondeiros
e acácias que tudo começou.
Desde o silvo dos ventos
às trovoadas rancorosas
até ao parque da Vila e do Ferrovia.
E foi ali
que nos iniciámos,
na Hanha.
Ah Cubal ! Ah Cubal !
E o oráculo não mentiu
e a donzela foi sacrificada
pelo preço da vitória.
Em vez de Cubal deviam,
de nome ter-te dado de Macária.
Depois, de repente,
veio o feitiço
e tudo matou.
Os sonhos, as angústias,
as alegrias e os gritos
de meninos e meninas
inocentes.
Foi o feitiço foi.
Acabaram-se os Chinganjes
e os armazéns de sisal.
Morreu tudo.
Até a paixão.
A donzela foi sacrificada.

Necas

22 setembro 2008

ANGOLA CORPO DE MULHER


ANGOLA CORPO DE MULHER

No seu útero fértil
Acolheu sementes embaladas por brisas
No seu ventre farto gerou,
Quais Édipos,
Filhos apaixonados
Que a mimaram, enfeitaram.
Fez-se bela, cobiçada, desejada...
Outros filhos gerou
Gananciosos, insidiosos
Suas entranhas esventraram
Seu sangue correu
Banhou vidas de outros filhos.
Mas do seu corpo brota ainda
O capim verde molhado
Pelo cacimbo da madrugada.
Da terra empapada
Da chuva da noite, ergue-se
O solitário embondeiro
Saudando o novo dia.
Em movimentos sensuais
Dança a ondulante palmeira.
Do seu corpo brota ainda
O espinhoso sisal, o alvo algodão,
O rubro café,
E jorrado do mais profundo
Do seu corpo, o ouro negro,
Amarelo e o brilho da pedra.
Brota o prazer
No beijo do mar na areia
Na sombra de uma acácia.
Brota a Amizade,
Brota o Amor
Em ébano e marfim talhados.
Em cada coração
Brota a Esperança
Renovada... Ameaçada...
Atormentada...
Adiada...
Renovada!

Marília Peixoto

14 setembro 2008

Terra Minha


A TERRA DO CUBAL

Só quem nela nasceu
Ali viveu e amou,
É que pelo tempo fora
Poderá recordá-la
Dia a dia, hora a hora...
Os passos que ensaiei
Pelas ruas do parque,
As acácias, as flores,
A lagoa, o jardim,
As piscinas, enfim,
Os primeiros amores.
O soluço teimoso,
O riso à janela
E a mata misteriosa...
Também a noite grande,
Quando a avó me contava
Aquela linda história do soba e da princesa
Que nunca mais se apaga,
Na memória... ainda tão acesa!!!

Anabela Borges