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04 novembro 2025

O cronista visual do Cubal: Homenagem a Júlio Gil Barros , (GIL) "JUGIBA" e o legado da 'Foto Lig'

 O fotógrafo, o viajante e o cronista que trouxe o mundo ao Cubal

JÚLIO GIL BARROS

FOTO LIG, no Cubal


É com o coração cheio de nostalgia e, acima de tudo, de profunda gratidão que me dirijo a todos os cubalenses e amigos do Cubal. O blogue do Cubal angola terra amada - cubal-angola.blogspot.com vem hoje prestar uma justa homenagem a um homem que é, ele próprio, um pedaço vivo da nossa história: Júlio Gil Barros — o nosso querido Gil, ou "JUGIBA".

⚽ De desportista a cronista: O GIL/JUGIBA dinâmico

O dinamismo de Gil Barros não se limitava à câmara. Sabemos que a sua garra e empenho foram evidentes antes de abraçar a fotografia no Cubal, tendo já dedicado parte da sua vida ao desporto. Esta mesma energia e paixão, características de um desportista, foram transferidas para a forma como capturava a vida da nossa terra e, claro, a emoção dos jogos do Recreativo.

Quando olho para esta imagem da "Foto Lig", vejo mais do que uma montra: vejo um centro de convívio, um ponto de encontro da alma cubalense. Lembro-me, e sei que muitos de nós se recordam, daquele ritual sagrado de ir "religiosamente", poucas horas após o apito final dos jogos do Recreativo do Cubal, espreitar a reportagem fotográfica exposta ali. Era o nosso ecrã, o nosso jornal, a nossa memória instantânea. Era o Gil a garantir que a emoção do campo não se perdia.

🌍 O viajante e o mundo visto na montra

Mas o trabalho do Gil é muito maior do que as nossas recordações do futebol. Lembro-me, em particular na minha infância, da fascinação que era quando o Gil regressava das suas longas viagens. Quem não se lembra de ficar hipnotizado a ver os slides projetados na montra da sua loja?

Eram as suas façanhas de viajante, capturadas em cenários longínquos: o Parque Nacional Etosha, o deserto de Moçâmedes, Macau, e até os Açores, entre outros belos locais. Recordo-me nitidamente de ver pela primeira vez a beleza da Lagoa das Sete Cidades através das lentes do Gil. Ele não só registava o Cubal, mas trazia o mundo até nós, cativando-nos com o seu talento como **captador de cenários e imagens**.

O Gil foi o nosso cronista visual, o nosso guardião de momentos. Se hoje o nosso blogue, cubal-angola.blogspot.com, existe como um tesouro de memórias, é em grande parte graças ao olhar atento e dinâmico do GIL/ JUGIBA. Quantas FAMÍLIAS FOTOGRAFADAS, quantos EVENTOS e quantos TRABALHOS ele eternizou? Festas, batizados, paisagens industriais, as fazendas, o sisal, as escolas — ele registou o Cubal em movimento.

As suas fotografias não eram apenas registos; eram documentos de valor histórico inestimável. A prova disso é que o seu trabalho, o da "Foto Lig", faz hoje parte de arquivos oficiais, como os que documentam a Barragem de Lomaum e o desenvolvimento da região.

Antes de 1975, o Gil elevou o nome do Cubal e dos cubalenses nas diversas revistas e jornais de Angola. Ele era um embaixador da nossa terra, usando a luz e a câmara para contar a nossa história ao mundo.

🌟 Reconhecimento:

Júlio Gil Barros, o nosso GIL/JUGIBA, merece o nosso mais profundo e sentido obrigado por tudo o que registou, por tudo o que nos deu e por ter sido o espelho da nossa comunidade. É imperativo que todo o seu trabalho tenha um reconhecimento público à altura do legado que ele nos deixou. O Cubal deve-lhe a sua memória fotográfica.

Quem não possui uma foto familiar, com a identificação no canto inferior de "Lig" ou "Foto Lig" ?


Obrigado, Gil, por manteres a nossa história viva.

Um grande abraço,


27 março 2025

CARLOS ALBERTO NEVES NA PRESIDÊNCIA DO MUNICÍPIO DO CUBAL - 10 DE AGOSTO DE 1973

Com a presença do Governador do Distrito, Coronel Franco do Carmo, tomou posse do cargo de Presidente da Câmara Municipal do Cubal, terra da sua naturalidade, o Sr. Carlos Alberto Neves. Conta apenas 33 anos, fez os estudos liceais em Benguela e Sá da Bandeira e é filho do Comendador Sebastião das Neves.
Recordamos, a propósito, que exerceu as funções de vereador no quadriénio 1969/73. Reeleito para o quadrénio seguinte, encontrava-se no exercício dessas funções quando foi nomeado para o actual cargo.
A população do Cubal muito espera do seu ânimo, inteligência e espírito de iniciativa, qualidades que, aliadas ao amor à terra onde nasceu, contribuirão decisivamente para o bom desempenho de tão difícil cargo.

Gil Barros "Setembro de 1973"





Revista Semana Ilustrada nº 326 de 19 a 26 de Setembro de 1973 cedida pelo Gil. Texto e fotos extraídos por http://cubal-angola.blogspot.com/

11 fevereiro 2025

Teatro de Amadores na Vila do Cubal - Jornal "O Comércio" de 07.11.1965 - pelo excelente correspondente JUGIBA (JULIO GIL BARROS - FOTO LIG)

Em 1965, o Cubal mostrou que teatro amador de qualidade é possível. Que este exemplo inspire novas gerações de artistas! 

Ruca


Suplemento actualidades de espectáculos "De semana a Semana" pelo  correspondente JUGIBA (JULIO GIL BARROS - FOTO LIG)

Teatro de Amadores na Vila do Cubal - Um Exemplo a Seguir

Cubal (Do nosso correspondente JUGIBA) - Constituiu um acontecimento de relevo na vida da vila, o espetáculo teatral levado a efeito no Clube Desportivo Ferrovia, cuja sala foi pequena para albergar quantos quiseram apreciar esta primeira e auspiciosa tentativa de fazer teatro.

A peça levada à cena foi "O Filho Pródigo" e o desempenho, a cargo dos elementos que constituem o Grupo Cénico do Clube Ferrovia, deu indicações seguras das reais possibilidades dos nossos amadores. Compuseram o elenco, D. Alice Silva, Maria da Faro Silva, Maria de Fátima Proença, Fernanda Valadas, Cidália Silva, Teresa Dias, Alberto Pais, José Pena, José Pais, António Lima, Joaquim Santos, Luciano Ferreira e Armando Ferreira.

Dando exemplo aos que dizem muito e nada fazem, o Grupo Cénico do Ferrovia do Cubal conseguiu apresentar Teatro, com justo êxito.

Em complemento, foi apresentada a peça "O Macaco a Fazer Contas" e o diálogo "Brancos e Pretos".

O Grupo recebeu já um convite para se deslocar a uma localidade vizinha e sabemos que outros se seguirão, a justificar o bom nível e prestígio de que goza o Grupo Cénico. (Conclui na página 11)

Está de parabéns o Cubal por mais esta iniciativa, a juntar àquelas que, em vários sectores de actividade, têm vindo, ultimamente, a valorizar a vila. Jugiba.

Fim da transcrição


IMAGEM 1: Da esquerda para a direita: Vamos identificar









Imagem 2: Vamos legendar





17 setembro 2015

Do GIL para a nossa Diáspora Cubalense



Obrigado, Jaime, pela mensagem que nos ofereceste no facebook. Mas também gostava de a ver aqui nas colunas do nosso Cubal-Angola-Terra Amada. 

  Há anos, sugeri aqui nas nossas páginas, que todos nós, relatássemos, como cada um melhor entendesse, os passos mais significativos da nossa vinda e radicação neste pedacinho de Portugal. Penso que todos nós, agora 40 anos passados, podemos contar alguns episódios e peripécias, como se estivéssemos reunidos debaixo de uma árvore no convívio do Luso. Não perdemos nada e fica para a história. Mesmo qualquer atitude menos digna, já atingiu a caducidade. Penso que só o Ruca, aderiu nessa altura, é minha sugestão. Foi bom.    Alguns de nós sofreram mais que outros, outros que sentiram menos, não por serem mais ou menos lúcidos, mas pelas circunstâncias que nesses momentos se lhes depararam.  Hoje lembro com saudade alguns problemas dessa fase.

Eu, no Cubal, vivia com a Foto Lig, tinha um táxi que trabalhava especialmente para a Repartição de Finanças, para os Delegados de Saúde e do Ministério Publico. Além disso era agente da Companhia de Seguros  A  NACIONAL e também da Agencia de Viagens EXPRESSO, do Lobito.  Vendiam-se muitos bilhetes TAP para a metrópole, que custavam cerca de 14.000 angolares e eu tinha uma comissão de 4 %.  Como eu, não precisava de levantar essas comissões ao fim de cada ano, verificava quanto tinha em crédito, fixava o meu olhar nos hemisférios do mapa-mundo, e mandava emitir um bilhete LOBITO-LUANDA-LISBOA-RIO, etc.   etc- LOBITO, com respectivas reservas de hotéis. Nos anos seguintes, a cena repetia-se para outros cantos do globo.   Mas quando os meus pés pisavam de novo os aeroportos do Lobito ou de Benguela, levantava os olhos para os céus, feliz por voltar ao meu paraíso.

   Como todos os anos, vinha a Lisboa, tinha que utilizar hotel, alugar carro, etc., um dia pensei em alugar uma casa, comprar carro e guardá-lo numa garagem, e que servia também para qualquer amigo que cá viesse, aproveitar a casa e carro.   Realizei estas ideias e passado um tempo, aliando as minhas ideias ás de um meu irmão, também fotografo e que residia em Moçâmedes. Pensamos que, como não eramos pessoas ricas, não nos podíamos dar ao luxo de vir para Lisboa, armados em ricaços.   Depois pensamos em montar uma loja de fotografia em Lisboa, que só funcionaria 6 meses por ano. No verão lisboeta eu estaria cá 2 ou 3 meses, ele os outros 3 meses, obteríamos qualquer rendimento para essas  férias e depois, os restantes meses, na nossa querida Angola. E assim montamos uma loja de fotografia, junto á igreja dos Anjos. Mas  NUNCA,  NUNCA,   NUNCA,  nos passou pela cabeça deixar de viver nessa terra amada.   Sempre pensei passar toda a minha vida, nessas paragens e muito especialmente no nosso querido Cubal.
       Morava eu na casa de esquina em frente á casa do padre Zé, onde havia morado o Raul, quando numa certa noite, um nosso amigo cubalense me bateu á porta, dizendo que tinha a cabeça a prémio e pedindo um empréstimo de todos os dólares que eu tivesse, porque tinha que ir imediatamente para a África do Sul. Eu emprestei-lhe os dólares e rands que tinha.      Até hoje..................

      No dia seguinte fui ao Lobito, e com os contactos que tinha na Companhia Colonial e na Nacional, arranjei maneira de embarcar a mulher e os filhos no primeiro paquete que chegou ao Lobito.   E daí, fiquei vivendo no Cubal.   Formei um trio, com o Borges da farmácia e o Vilaça, e todos os dias era assado um cabritinho ou um leitãozinho, num forno que havia nas traseiras da sede do Ferrovia. O Vilaça, esgotou o stock dos vinhos de boas marcas que tinha na loja.     Eu, lavadeiras também tinha, só que surgiu um problema. A certa altura, eu só tinha uma camisola para uma, um lençol para outra, umas calças para outra e já não tinha mais roupa suja que chegasse para todas. Mas enfim, com estes sacrifícios todos, lá íamos vivendo.

    Depois com os contactos dos amigos da EXPRESSO LOBITO, adquiri 12 bilhetes-viagens do LOBITO-LUANDA-LISBOA-LUANDA, e nesse período de Outubro e Novembro, fiz umas 12 viagens.  Cheguei a despachar bagagem em Luanda, ir em fila para o avião, dar uma volta e embarcar com outro bilhete no avião do dia seguinte, com mais respectiva bagagem, que se ia aglomerando nos armazéns do aeroporto de Figo Maduro, e aproveitava as manhãs para ir ao Banco de Angola, trocar uns tantos contos por angolares, com cada bilhete TAP. Angolares trocados por escudos, na zona da Maianga em Luanda, também era usual.   

     Depois, foi ter que tentar esquecer o nosso querido Cubal e o nosso estilo de vida.   Sem dar por isso, quando a independência aconteceu, eu tinha em Lisboa, casa, carro, loja e uns patacos, tudo aconteceu por mera casualidade, pois   NUNCA    me passou pela cabeça, deixar de viver na nossa querida Angola.   As coisas foram acontecendo e simples e naturalmente, originadas talvez somente pelo meu espirito de viajar e aproveitar a vida.

     Mas também aconteceram casos menos agradáveis, que com a força da minha juventude dessa época, se foram vencendo.

      Mas também, um caso engraçado. Em princípios de 1974, comprei em STUTGART um Mercedes novo, importei para Angola, e em meados de 1974, vendi-o a um amigo cubalense. Ele trouxe o Mercedes quase novo para  e metrópole, e eu deixei o dinheiro no Banco de Angola.    Inteligência negativa........

       Depois, fui fixando mais a minha vida em Lisboa, quási sem dificuldades, trabalhando sempre honestamente, encontrando aqui e ali angolanos e cubalenses amigos, até que surgiu o primeiro encontro no Luso, que proporcionou uma verdadeira loucura de alegria e prazer.

        E agora, que já cá cantam  78  Setembros, vamos levando a cruz ao calvário o maior período de tempo que consiga. Um abraço para todos.

Gil Barros

30 abril 2009

Encontros cubalenses

Boa tarde amigos Cubalenses.
Hoje casualmente encontrei o Aníbal Tomaz. Houve aquele tique natural de duas pessoas que se gostam. Naturalmente nos abraçamos. Um abraço prolongado. Nos primeiros minutos depois de várias divagações, ele disse-me: Sabe, eu já estou reformado. E de repente sobrevoou no meu cérebro uma nuvem que me disse em voz alta que era muito bom eu estar velho para rever o Anibalzito. Era assim com este diminutivo que eu o tratava e logo por acréscimo bailou a figura dele e doutros putos de calção dessa época e apareceram o Vítor Vieira , o Cristina, o Henrique Faria, o Alvarito e outros que me faziam andar de gatas no ringue do Ferrovia, mas que deslumbravam as noites de futebol de salão que despovoavam quási todas as residências da cidade.
Belos e bem belos tempos
Vamos todos rever-nos no LUSO e em MIRA.
Um grande abraço.
Gil Barros