Podia imaginar-se que o público já não tivesse paciência para mais. No fim de contas o espectáculo até começara mal, com duas horas de atraso. Tal lapso poderia tê-lo afectado. Surpreendentemente tudo correu bem, depois. O público compreendeu e aceitou como plausível que o avião de Moçamedes tivesse chegado a Benguela bastante depois da hora prevista; que as misses convidadas tivessem necessidade de jantar, antes de participar num espectáculo que se previa longo.
— Maria Luiza Correia Dias, estudante, 17 anos — anunciou o locutor. A primeira concorrente desfilava. De hot-pants e botas altas. Soavam as primeiras palmas. Até ao final nunca o público se furtou a acarinhar as jovens. Uma a uma elas iam passando.
Das onze, dez eram estudantes e uma professora, o que levou João Sequeira a comentar: «Não sei o que será melhor — ensinar latim às miúdas ou aprender geografia com a professora!»
Com efeito, Anabela Espinha Costa com 19 anos é professora. A mais nova, Elizabete Prata Silveira Melo, de 15 anos, tal como as restantes, é estudante. Maria Fernanda Portela, de 19 anos, irmã de Lourdes Portela, a miss que ia passar o ceptro.
Depois da passagem em fato de banho e da actuação de João Sequeira (ele fez furor e foi logo convidado para voltar a actuar no Cubal) as candidatas desfilaram em trajo de noite. Foi o melhor momento da noite. Modelos felizes quase todos. Menos nervosas, mais afeitas à passarelle, as jovens ganhavam graciosidade.
Começava a parte mais melindrosa.O júri ia pronunciar-se. Primeiro indicou o nome das três jovens, das quais sairia Miss Jovem.
Elizabete Prata Silveira Melo. Ema Nice Pais e Deolinda Soares de Oliveira. A última inscreveu-se dois dias antes da eleição e foi ela justamente a primeira a ser eleita.
Miss Jovem e Ema Nice Pais voltariam a ser chamadas, mas como finalistas; com elas Maria Fernanda Portela, Ofélia de Oliveira e Anabela Vaz Faustino.
As duas últimas foram as primeiras a conhecer a sua sorte: Anabela, primeira Dama de Honor, Ofélia, a segunda Dama de Honor.
Finalmente, Maria Fernanda Portela foi chamada. Era ela a nova miss Cubal, recebia o ceptro da sua irmã. Desse modo, o papá Portela, que estivera renitente em autorizar a filha a concorrer, voltava a receber abraços e felicitações.
Texto transcrito por http://cubal-angola.blogspot.com/do semanário "Notícia"