14 anos após a sua mensagem, um tributo à paixão e ao inesgotável espírito de partilha.
Em 4 de novembro de 2010, no nosso blogue, José Arménio de Almeida Fontoura – o "Meno Fontoura" – deixou uma mensagem que transcende o tempo. Mais do que um post, é um documento vivo, uma declaração de amor incondicional à sua terra natal.
Hoje, prestamos homenagem a Meno Fontoura pela sua generosidade e pelo seu apelo à união, que não só mobilizou uma comunidade, mas também nos legou um retrato detalhado e comovente da vida em Cubal.
I. O VIBRANTE APELO À AÇÃO
A essência da mensagem de Meno Fontoura foi um chamamento fervoroso à participação. Ele reconheceu a oportunidade que a plataforma digital oferecia e insistiu para que os Cubalenses a aproveitassem:
"Gostaria de pedir a todos os Cubalenses que aproveitemos esta oportunidade para nos MANIFESTARMOS, escrevendo uma pequena mensagem, enviando fotos e também consultando o site..."
O seu respeito estendeu-se aos que mantinham viva a memória, como José Luís Pena, que o apelou a não se "deixar desencorajar", e nomes como Henrique Faria e Tomané. O seu pedido era claro e apaixonado: "NÃO ABANDONEM" e colaborem, enriquecendo o espaço online com documentos que recordassem o Cubal. Esta é a prova de um homem que via na partilha o único caminho para preservar a história coletiva.
II. AS RAÍZES PROFUNDAS: O TESTEMUNHO PESSOAL
Para Meno Fontoura, o apelo era indissociável da sua identidade. Ele apresenta-se com a precisão de quem conhece e ama profundamente as suas origens, alicerçando a sua mensagem em factos biográficos que o ligam intrinsecamente à vila:
Nascimento e Família: Nasceu no Cubal a 14 de julho de 1959. Os seus pais, Francisco e Aurora Fontoura, eram comerciantes na Camunda, na rua Diogo Cão. A menção da casa e loja, "feitas pelo senhor Fonseca", localiza a memória na arquitetura e no quotidiano da vila.
Percurso Educacional: Do seu tempo de estudante, descreve um percurso que moldou a sua juventude: a Escola Primária n°40 (perto do quartel da tropa portuguesa), a Escola Preparatória (Trindade Coelho) e a Escola Industrial e Comercial D. João II (curso geral de eletricidade). Recorda professores icónicos como o Carracho, o Engenheiro Falcão, o Maia (matemática) e o falecido Leonel, lembrado pela sua "famosa sabatina".
III. O LÉXICO DA SAUDADE: A Galeria de Cubalenses
O clímax desta homenagem reside na torrente de nomes que Meno Fontoura evoca, transformando a mensagem numa espécie de censos afetivo. Ele tece uma tapeçaria social da vila, lembrando amigos, vizinhos, colegas, comerciantes e figuras públicas, um testemunho inigualável da vida comunitária:
Vizinhos e empresários: Menciona quem ficou no Cubal até 1981 e depois, como o tio João Alberto Fontoura(do Chissongo), D. Júlia (comerciante da Camunda), o Nascimento da Camunda, o Raul mecânico, pai do Ruca e a Elsa cabeleireira.
Os Amigos de sempre: Recorda o Luis Alberto Benites de Sousa (do boteco e discoteca "Rebita"), Alzira Guedes Resende (seu par na dança "a barra da minha saia"), e o grupo que ia apanhar esquilos na estrada da Ganda.
As Instituições locais: Os pontos de referência social e comercial são eternizados: o Tipoia (onde comprava o alpino), o Chiputia (onde se jogava matraquilhos), o Horacio da moagem (onde brincava às escondidas), a Peixaria dos Canavezes, o Bar João, e o Carrasqueiro e seu minimercado.
Figuras Notáveis: Desde a D. Cândida parteira (que ele e Benites de Sousa foram chamar de urgência), ao Pratas do cinema, ou o China ("campeão de motocrosse e orgulho dos jovens").
O seu rol de memórias estende-se ainda aos momentos de lazer: as Mini-Hondas, os piqueniques na lagoa do Johne e no Chissongo, os clubes Recreativo e Ferrovia, e até as "caçadas de crianças" de rolas e pombos-verdes, com fisgas e pressão de ar.
IV. O Legado da Esperança
A mensagem de José Arménio de Almeida Fontoura é um ato de profunda generosidade. Ao nomear e descrever, ele assegura que estas pessoas, estes lugares e estes momentos não serão esquecidos.
A sua voz, que ressoou em 2010, permanece como um farol para a comunidade Cubalense espalhada pelo mundo. A sua conclusão, inspirada em Olga Valadas, é o epitáfio perfeito para o seu espírito:
"um cubalense nunca desiste! de encontrar mais cubalenses conhecidos."
Meno Fontoura cumpriu o seu papel de contador de histórias e mobilizador de afetos. A sua partilha, repleta de "Ai que saudades !!!", é a mais sentida homenagem que se pode fazer à força e resiliência da identidade de Cubal. O seu texto é, e continuará a ser, um abraço à distância para todos os que partilham esta saudade.
Abraço Meno e obrigado pela tua dedicação e apoio ao blogue , ao nosso blogue
Ruca











































