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07 novembro 2010

Como eu vi o Cubal em 1972


1. "Semanário Sul"

2. Vistas do Cubal

Já lá vão 48 anos que, pela primeira vez passei no Cubal, foi num dia de Novembro, que não me esquece por ser o dia em que o saudoso aviador Emílio de Carvalho foi do antigo Huambo a Benguela, num avião «Caudron», com pleno êxito e, naquele tempo como hoje, os comboios quer rumo ao Leste, quer rumo a Benguela, passavam de noite. Assim o Cubal só se vislumbrava nas trevas quebradas por uma luz filtrada pelas trinchas de uma porta ou por janela aberta em casa de quem, como era hábito vinha à chegada do comboio, à espera de alguém.
3. A fachada do Edifício do Palácio da Justiça do Cubal

Notámos a falta de hortaliças, que vêm de fora, do Chinguar e outros pontos, assim sugerimos à Câmara, que junto dos seus viveiros instale uma boa horta para o abastecimento da cidade e, estamos certos que o seu rendimento daria bem para manter o seu encarregado que simultaneamente trataria dos viveiros. Era de utilidade, proveito e extasiava a vista de quem lá fosse ver e sAssim e embora voltasse a passar pelo Cubal, mas de comboio e uma vez de camioneta, só agora me foi possível ver o Cubal de dia já cidade, embora muito moça, mas garrida como todas as moças que se prezam. O Cubal é uma grande terra, que procura tornar-se uma grande cidade, o que estamos certos, num futuro muito próximo, o será.
As suas ruas e avenidas, bem delineadas, algu­mas já arborizadas, estão a preparar-se para receber o asfalto, enquanto este não vem, procura a Câmara evitar a incómoda poeira regando-as onde o movimen­to é maior.
Verificamos alguns talhões com casebres e ruí­nas, que muito desfeiam a cidade e até no topo de uma avenida uma velha casa aguardando o camartelo para que fique deveras airosa. Um problema que, estamos certos, a Câmara resolverá.
Vimos as obras da nova igreja, qual enorme barco com a sua proa bem lançada, singrando rumo ao futuro contra a descrença e, incutindo na alma e nos corações a poderosa fé em Cristo, ao lado, a velha Igreja, que a nosso ver, deveria ser conser­vada, transformando-a em Museu Regional.
De passagem vimos a fábrica de sumos de fruta. Tem o Cubal ainda o problema do abastecimento de água que em breve estará solucionado, pois foi-nos dado ver as obras de captação e construção do tanque abastecedor e as obras da respectiva conduta.
O local da captação é convidativo a um passeio e tornar-se ponto escolhido para um fim-de-semana se a edilidade colocar, com pouca despesa, umas árvo­res, uns jangos e uns bancos campestres e, vamos lá ao piquenique...
eria um estímulo para outros concorrendo assim para o barateamento das hortaliças indispensáveis às donas de casa, com a vantagem de a terem fresquinha, ao natural, e não por conservá-la nas geleiras...
Visitamos a piscina dos ferroviários e ficámos encantados pelo que lá vimos e o que será quando estiver concluída.



4. A Piscina do Ferrovia
5.O Clube Ferrovia do Cubal
Também vimos o recinto de jogos pobres do Recreativo, o Clube sensação do Distrital de 71 e que poderia estar no Provincial senão fosse... não vale a pena remexer as cinzas... Também fomos ver o seu campo de futebol, mas, tanto o recinto como o campo de futebol precisam de ser concluídos e, cremos que o bairrismo dos cubalenses e o auxílio das entidades ligadas ao Desporto não deixarão de auxiliar o Recreativo para que possa concluir as obras em curso.
6.Aspecto do campo de futebol
Passamos pelo Emissor Regional do Rádio Clube de Benguela, que não visitamos, mas que nos pareceu funcional.
Sentimos que o tempo disponível não nos permi­tisse fazer uma visita ao verdadeiro Cubal, isto é às suas actividades agro-pecuárias com base no sisal e algodão e criação bovina, o sisal foi e continuará a ser o «forte» da agricultura, tem dado muitos dissa­bores dada a incerteza do mercado, mas estamos certos que a montagem da anunciada fábrica para a sua industrialização se não remedia em parte a crise, é perspectiva para um futuro mais risonho de que as gentes laboriosas do Cubal são merecedoras para compensação da luta que vêm travando para manter o que tanto lhes custou a criar e com muitos sacrifícios vêm mantendo. Portugueses de rija têm­pera, como de resto são todos os que mourejam por qualquer dos cantos de Angola, fazemos votos since­ros pela rápida solução dos seus problemas e o novo ano lhes permita a todos quer sejam da cidade ou das «chitacas» a concretização dos seus anseios que reverterão a bem da cidade e do seu concelho.
Reportagem de Governo Montez para o "Semanário Sul"
24 de Janeiro de 1972

25 julho 2008

Imagens que nos habituámos.

Quem não se lembra das enchentes na Sala de Cinema do Recreativo do Cubal?
E do grande dinamizador do Cinema na região que era o saudoso amigo Jaime Oliveira?

15 março 2008

Ainda a Miss Cubal 1973- Pelo Semanário Sul.

1. Há precisamente 35 anos !
1ªPágina do "Semanário Sul" de nº118 de 12 a17 de Março de 1973







João Sequeira, cançonetista de Luanda,
esteve no Cubal alinhando no espectáculo de "Miss Cubal-73"

São, de Benguela. Não alinhou nos "rios"...desistiu



CUBAL

Na arrancada para os degraus de Luanda!...
Fernanda Lino Portela g
arante a presença do Distrito no concurso das "Miss" .

Com um entusiasmo indomá­vel, a cidade do Cubal, lançou--se na organização difícil de mais um espectáculo para a elei­ção de Misses. E na noite do último sábado, com o salão de Festas do Re­creativo bastante bem emoldu­rado de público, surgiram no palco, a inolvidável Riquita; a actual Rainha de beleza ango­lana, Maria de Lourdes Pinto e Maria de Lourdes Lino Portela, MISS/Cubal.

Marques da Silva e Marques de Almeida, dividiam entre si a locução.

O público começava a vibrar ! Foi anunciada a constituição do júri, até ali mantida em si­gilo. Foi composto da seguinte forma: Maria Celmira Bauleth, Lídia Quadrado, António Gon­çalves («Notícia»), Dr. Albino Gonçalves Loureiro, António Joaquim Vieira e Luiz Eiras de Azevedo.

E as candidatas, começaram a surgir na «passarelle», visto­samente engalanada,Com o n.°1, Maria Luiza Correia Dias 17 anos, estudan­te, com o número 2, Anabela Faustino, vinte e um anos estu­dante; com o número 3, Lucília da Conceição Luiz 16 anos, es­tudante; com o número 4, Ofé­lia de Oliveira, 18 anos, estu­dante; com o número 5, Maria Eugénia Domingos da Silva, 18 anos, estudante; com o número 6, Elizabeth Prata Silveira Me­lo, 15 anos estudante; com o número 7, Ema Nice Pais, estu­dante, 16 anos; com o número 8, Anabela Espinha Costa, 19 anos estudante; com o número 9, Deolinda Soares de Oliveira, 15 anos, estudante; com o nú­mero 10, Maria José Domingos da Silva, 19 anos e com o núme­ro 11, Maria Fernanda Lino Portela.

Primeira passagem em traje de passeio, que o público subli­nhou com palmas, fornece a as primeiras indicações ao Júri. Depois, passaram em fato de banho, em teste «tira-teimas». As candidatas n.°s 2, 4, 5, 6, 7, 9 e 11, destacavam-se.

Depois o consagrado artista angolano, João Sequeira, acom­panhado por organista privativo e pelo Conjunto Recreativo, en­tusiasmou o público. Tricana, Aparício, Love Story e Oiça lá ò Senhor Vinho, interpretadas como só ele sabe, especialmente, prenderam o público que lhe tri­butou estrondosas salvas de palmas.

E após breve intervalo, surgiram novamente as candidatas, envergando belíssimos vestidos de noite. A assistência gostava do espectáculo e o Júri, come­çava a ter dificuldades. Depois MARIA EUGENIA DOMINGOS DA SILVA, foi eleita MISS INFORMAÇÃO.Veio ao palco, e aguardou «notícias». Beijou e foi beijada. O nosso camarada luandense António Gonçalves, antecipou-se na jogada, e foi o primeiro.O público votou na sua Miss, em votos inscritos no verso de cada bilhete. E foi anunciado o resultado:MISS PUBLICO/SIMPATIA CUBAL/1973, era também a candidata n.° 5, MARIA EUGE­NIA DOMINGOS DA SILVA. Foram escolhidas as cinco fi­nalistas, para MISS CUBAL/73. Das concorrentes nºs. 2, 4, 6, 7, 9 e 11 resultou um empate em pontos, entre as n°s. 4 e 6. De­sempatadas, foi eliminada a concorrente n.° 4. Finalistas por­tanto, n.°s 2, 4, 6, 7, 9 e 11.Das concorrentes n.°s 7 e 9, sairia MISS/JOVEM/CUBAL--1973. Atenta e difícil escolha! Ambas belas e fascinantes! E o Jú­ri decidiu:DIOLINDA SOARES DE OLIVEIRA, foi eleita. Depois, o problema maior! E a segunda Dama de Honor de MISS/CUBAL, foi eleita. OFÉ­LIA DE OLIVEIRA-ANABELA VAZ FAUSTINO, 1.a Dama de Honor e finalmente, MARIA FERNANDA LINO PORTELA, foi proclamada MISS/CUBAL/ 1973. Lourdes Pinto, Riquita e Lourdes Portela, emolduraram-Ihe o rosto com linda coroa. Faixa, manto e ceptro, foram colocados na nova Rainha de Beleza cubalense. A assistência manifestou-se favoravelmente, concordando com a decisão final.E nós também. Pensamos no entanto que a candidata n.° 2, reúne também condições para ir pisar a «passarelle» do AVIS. Ofélia de Oliveira, possui uma beleza extraordinária. Mas não sabe tirar partido dela. Mais uns contactos, mais confiança em si própria e o título assen­tar-lhe-ia bem.E em beleza, foi feita a pri­meira eleição deste ano. A brio­sa cidade do Cubal, disse de sua justiça! Espectáculo agradável e com boa organização. Para­béns, portanto.

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Compilação extraída do "Semanário Sul"nº118 de 12 a17 de Março de 1973, por Ruca http://cubal-angola.blogspot.com/
Escreveu o artigo : Gil Barros ,em Março 1973
Fotos: Foto Lig

07 março 2008

Ainda o "Semanário Sul" 06 de Maio de 1972 - E a "bomba" estoirou no Cubal.

DEPOIMENTO DO PRESIDENTE FERNANDO NEVES


O malfadado caso das irradiações dos jogadores «Bibe» e «Porto» do Recreativo do Cubal já fez correr muita tinta e certamente ainda fará correr mais. A inqualificável atitude do árbitro Duarte de Carvalho e a infeliz decisão da Associação Provincial de Futebol puseram uma mancha negra no Desporto Provincial. Atitudes desta natureza não prestigiam nem fomentam o desporto pelo contrário, desvirtuam-no. E mais triste se torna o facto, quando é o organismo máximo do Futebol Provincial a colaborar em tamanhas calamidades.

Acredito que o Sr. Duarte de Carvalho — que de árbitro só tem o apito — tenha sido agredido, mas se o foi isso não se verificou por parte dos atletas do Recreativo mas sim por alguns espectadores. Aquele senhor não pode, honestamente, acusar nenhum dos nossos atletas de o terem agredido e a prová-lo está o facto de ter indicado, no intervalo que antecedeu o prolongamento, o nome de alguns atletas que ele considerava expulsos e como o Delegado do clube ao jogo tivesse protestado, o árbitro resolveu autorizar que esses atletas continuassem em jogo e em sua substituição pôs na «lista negra» outros e até dá a impressão — isto é inadmissível num árbitro— que estava a brincar às escondidas.
Outros factos há que bradar aos céus: — O caso do Porto, do Waldir e do Canais que jogaram até ao fim e foram castigados. O Waldir, que pode ser apontado como exemplo de desportista, e que nesse jogo de triste memória que há-de pesar na depauperada consciência do tal homem do apito, não praticou nenhuma incorrecção para com a equipa de arbitragem nem para com qualquer adversário, foi castigado com 8 jogos de suspensão. O Canais que abandonou o jogo por lesão teve a mesma «sorte».
Ninguém compreende. Só o tal homem — a quem puseram um apito na boca, — é que sabia qual era o objectivo a atingir. Entretanto, depois de lermos a fotocópia do boletim que redigiu... ficámos a saber quais eram os seus propósitos—dar a machadada fatal no Recreativo do Cubal. As razões que o levaram a isso não sei e nem se conseguirão apurar e até será bom que não se possam descobrir...
Depois destas vergonhas todas, eis que surge o escândalo maior — A Provincial de Futebol a apoiar as vergonhosas «façanhas» dum indivíduo sem carácter nem personalidade.

Outra coisa que não conseguimos compreender é o facto da Provincial adoptar vários critérios. Quero referir-me ao célebre caso do ANGOLA-MOÇAMBIQUE nos Coqueiros e outros... Conforme já tive oportunidade de dizer aos microfones do Rádio Clube de Benguela, não creio que os legisladores tenham feito um Regulamento só para o Cubal e outro para o resto do território Nacional.
Enfim, que Deus lhes perdoe!
Vamos ver como vai terminar tudo isto. Para já, o Clube entregou a defesa dos seus 2 atletas irradiados, a um conceituado causídico de Luanda cujo recurso foi entregue à entidade competente. Temos fundamentadas esperanças que tudo se resolva em bem pois ainda confiamos na justiça dos homens porque estamos certos que o órgão da Associação Provincial de Futebol que irá apreciar o recurso é composto por Homens com «H» grande.
Desejo apenas acrescentar que toda a população do Concelho do Cubal está revoltada e repudia a decisão injusta da Provincial. A provar o que afirmo temos o movimento de solidariedade com subscrições e assinaturas que se geraram e a manifestação efectuada no dia 30/4, que dizem bem do inconformismo de todos.
Para terminar, quero agradecer ao «SUL» a oportunidade que me deu para fazer estes esclarecimentos publicamente, pois ao pugnar por esta causa está defendendo o desporto da Província, que por este andar não vai parar longe!
JOSÉ FERNANDO NEVES

29 fevereiro 2008

Parabéns Recreativo do Cubal -Agosto de 1972



Domingo, houve carna­val no Cubal. Depois de um fim de prova algo enigmático o Recreativo do Cubal viu o título de campeão distrital asse­gurado ao derrotar no seu reduto o Sporting do Lobito por 4-0. A turma vencedora que jogou co­mo um verdadeiro cam­peão, viu no final do en­contro a cidade em peso tributar-lhe estrondosa ovação. Estalaram foguetes. Houve serpentinas! Bandeiras e mais bandei­ras! Uma volta de honra debaixo de delirante aclamação. Camisolas no ar e jogadores em ombros.
Um infindável cortejo automóvel em dia de au­têntico carnaval.
Parabéns Recreativo do Cubal e boa sorte no Provincial.
in "Semanário Sul" 12 de Agosto de 1972 Edição nº 88 -3ª Série

26 fevereiro 2008

"Semanário Sul" 06 de Maio de 1972 - E a "bomba" estoirou no Cubal. (O nosso "apito dourado" ?)


1.
2.
3. Aspecto da manifestação junto à Sede do Recreativo do Cubal




Desporto, essa sã pa­lavra, foi atraiçoada pe­las altas esferas da pro­víncia. Atitude consciente? Impossível.
Decisão apoiada em falsos testemunhos, sem procurar provas com «sumo» e que ditaram uma infeliz determinação: Irradiação de dois futebolistas do Recreati­vo do Cubal.
A “bomba rebentou” no Cubal já há duas sema­nas. O nosso jornal não «alinhou» em sensacionalismos. Mas a verdade dos factos é tão pura, que entendemos ser nos­so dever entrar no assun­to, apesar de estar em causa uma pena máxima de irradiação para dois atletas que de corpo e alma se dedicam ao des­porto Rei. Está muito mais além o facto de ter sido tomada uma decisão por pessoas altamente responsáveis, sem provas básicas e reais que tal atitude justificasse. Se as penas tivessem justificação a bom grado a cidade aceitaria os castigos aplicados. Mas, NÃO! E é por este não, pela falta de verdade, de honestidade, de nobreza e pelo ex­cesso de orgulho pessoal de uma ou de outra pessoa que não teve cora­gem de desdizer algo, que sem pensar possa ter afirmado; e que assim induziu em erro os emi­nentes julgadores, que nós aqui estamos!
E note-se, só viemos depois de auscultar deze­nas de pessoas que assistiram no Campo Eng.° Raimundo Serrão ao en­contro de futebol entre o Recreativo do Cubal e Sporting de Benguela o que deu aso a tão tristes acontecimentos os futebolistas do Cubal estão dis­ciplinadamente revoltados. E estão revoltados só por­que os castigos aplicados aos jogadores Porto e Bibesinho, não foram justamente julgados. E perguntam: em que bases assentaram os mem­bros que fizeram, o jul­gamento para aplicar as penas de irradiação anunciadas? Num inquérito mal feito? Nas informa­ções de um árbitro que praticou erro sobre erro e que no final, completamente desorientado, preenche um boletim de jogo? Justiça, essa nobre palavra, não pode ser palavra vã!
A nossa reportagem, no Cubal, ouviu dezenas de adeptos do desporto.
A repulsa é enorme! Gravamos muitas deze­nas de metros de fita magnética. Ouvimos muitas e muitas pessoas. Umas mais exaltadas e mais facciosas. Outras mais calmas e conscien­tes. A nossa missão in­formativa teria que ser imparcial.
Um dos depoimentos, foi de António de Matos Carrasqueiro: A par da nossa ideia e do assunto que a ela presidiu, disse-nos:


4.O Ex-Presidente do Recreativo, Matos Carrasqueiro, depõe.



«Fui durante o ano fin­do Presidente da Direc­ção do Recreativo do Cubal. Ao ter tido conheci­mento dos castigos que foram aplicados aos jo­gadores Valdir, Telmo e Canais, fiquei deveras entristecido pois elees eram por si só uma in­justiça. São três homens absolutamente correctos e educados. Estou certo que qualquer árbitro ou elemento da nossa Asso­ciação pensa da mesma maneira. A suspensão dos jogadores Montez, Bibe e Porto causaram-me admiração, mas aguardei o desfecho. Veio o resultado. As ir­radiações de Porto e de Bibezinho são para mim uma completa e grande injustiça e uma enorme traição à moral desportiva. O senhor inquiridor escolheu a dedo as pessoas que quis ouvir para formar o inquérito. Acaso só ouviu directores de clubes neolisboetas sobre autênticas «barracadas» em que apitou o Senhor Duarte de Carvalho? Vi o jogo do Lobito. Se a alguém seria bem aplicada a irradia­ção, ela teria recaído sobre o árbitro do encontro. Ele, sim. Merecia a irradiação. Falta de conhecimentos t técnicos, falta de personalidade nos julgamentos patenteando um complexo nevrálgico e por fim, e ainda por cima dotado de uma falta de honestidade, flagrantíssima. Mas não fica por aqui! Num desafio em que a equipa do Cubal participou, esse senhor árbitro (perdão) esse ár­bitro, foi, não sei porquê, apupado por uma parte da assistência,tendo no final afirmado que o Cubal haveria de pagar. E a vingança surgiu, como se vê nesse jogo contra, o Sporting de Benguela. Os meus agradecimentos ao Quim Costa, ex-joga­dor treinador dos «leões» de Benguela pelo desassombro das declarações que prestou ao Rádio Clube de Benguela afir­mando total repulsa pela decisão final tomada. Mas este senhor, teste­munha ocular de tudo o que se passou no campo, não teve interesse em ser incluído no tal inquérito fantasma! E ao «Sul», os meus agradecimentos por me ter facultado es­tas declarações».
Depois, Rodrigo Guer­ra, Director do Emissor Regional do Cubal e nos­so camarada de Impren­sa foi também abordado.



5.Rodrigo Guerra opina.



Disse-nos: «Não assisti ao jogo pelo que não me posso pronunciar acerca do que se teria passado e ajuizar sobre a tão cri­ticada decisão da Asso­ciação Provincial no que se refere a penas aplica­das». Por se tratar de pessoa que está sempre em «campo», insistimos e então, o popular Bibito, abriu-se, dizendo:
«Ouvi comentários de pessoas que assistiram ao encontro e que, embora divergindo num ou noutro ponto, foram sempre concordes e acervos no tocante à actuação do árbitro da partida
apontando-o como prin­cipal responsável pela situação gerada. As de­clarações prestadas por Quim Costa, ex-treinador jogador do Sporting de Benguela, pessoa idónea e abalizada, em que afir­ma ter o jogador Porto colaborado com ele no sentido de acalmar os ânimos mais exaltados, vêm agora trazer-nos a certeza que efectivamente algo ficou por escla­recer. Por outro lado, declara o Senhor Tesourei­ro da AFB que foi infor­mado da falta de segu­rança do árbitro ao pronunciar os nomes dos jo­gadores ditos implicados que até, tendo já indica­do quatro nomes a um director do Recreativo, os substituiu por outros posteriormente. Tudo is­to me leva a crer, por­tanto, que muito falta esclarecer em abono da verdade.
«Aliás, Telmo, Canais e Valdir, jogadores mui­tíssimo correctos e pos­suidores de um grau de cultura de certo modo elevado, foram também injustamente punidos. Mas, estas irradiações são inadmissíveis. «Sobre o comportamento do árbitro Senhor Duarte Carvalho, nada posso afirmar, pois como já disse não assisti ao jogo. Mas, é facto que infelizmente em Angola não podemos contar com número suficiente de ár­bitros à altura pois é frequente verificarmos irregularidades de arbitragens que atribuiremos à incompetência, favoritismos, falta de perso­nalidade, etc. O que é facto é que o esforço de 22 homens não pode con­tinuar a ser jogado a bel prazer de árbitros e seus coadjutores, como uma bola de praia nas mãos de crianças! Esta é uma situação a que urge pôr cobro sem demora, sob pena de se ver destruída uma melhor hipótese de vida futura no nosso futebol. Há por exemplo um Luciano Calado e um Francisco Serra (sem desprestígio, para outros possíveis árbitros do nosso distrito de igual gaba­rito) que sabem conduzir uma partida com marca­da personalidade. Cabe às Associações, pensar desta maneira.
«Voltando ao assunto terminou por nos dizer: «Penso que o inquérito que ditou as penas de irradiações aos jogado­res Porto e Bibezinho, foi mal feito, por inten­ção. Esclarecendo outros pontos, a sentença teria sido bem diferente.

E a nossa reportagem prosseguiu.
Humberto Carvalho da Silveira, funcionário ca­marário e membro do Departamento de Fute­bol do Recreativo, foi por nós abordado variadas vezes tentando sempre esquivar-se. Depois de muito instado, declarou:
«Que mais poderei di­zer deste caso que tanta tinta já fez correr?
«Que o futebol em An­gola caminha para o des­calabro porque os seus responsáveis que eu con­sidero irresponsáveis — só querem «penacho»?
«Que protegem escan­dalosamente meia dúzia de Clubes das capitais?
«Que continuam a per­seguir os chamados «clubes do mato» com receio que surja um novo «Inde­pendente» que domine tudo e todos nos rectân­gulos de jogo?.
«Que o Recreativo do Cubal, este ilustre des­conhecido não pode pros­seguir na sua carreira triunfal pois é inadmissí­vel que com apenas três anos de actividade, tenha conquistado contra todos os vaticínios e desejos, o Campeonato Distrital?
«Que, não pode con­quistar, porque não lhe permitem esse direito, um lugar ao sol, que mancharia os pergami­nhos dos meninos boni­tos a quem tudo é permi­tido?
«Que, é pertinente perguntar porque não foram irradiados os jogadores que cometeram agressões em Nova Lisboa, nos Coqueiros e noutros campos da Província, só porque única e simples­mente estavam em causa as tradições dos intocá­veis ?
«Que, se deviam fazer exames psicotécnicos aos árbitros, quantas vezes quase analfabetos e que se interessam unicamen­te pela gratificação que recebem?
«Que, porque a Direc­ção do Clube e a própria população cubalense considera injusta ,triste e lamentável a situação cria­da, todos em uníssono irão até onde a Lei lhes permitir?
E muitos mais QUÊS, tinha Humberto Silveira para nos dizer, mas...
Com gravadores, flash e máquinas a nossa re­portagem continuou.

FALAM AS GRANDES VITIMAS, BIBESINHO E PORTO!
6.O jogador "Porto" mostrou-se surpreendido com a sua irradiação.


7.O guarda-redes Bibesinho, espera apenas que seja feita justiça.

O número um e o número onze de uma equipa de futebol. O guarda-re­des e o extremo esquerdo.
João Carlos Manuel (Bibesinho) começou por nos dizer que se iniciou nos juniores do Portugal. Em 1971, mudou de ares e veio para o Cubal, onde foi campeão distrital.
Perguntámos-lhe como estava a sua ficha na Associação. Respondeu--nos: «Completamente limpa, até este caso. Nunca fui castigado».
Sobre o jogo que deu origem aos castigos, dis­se-nos que no final dos noventa minutos regulamentares foi dos últimos jogadores a dirigir-se às cabines, por ser até o que estava mais distanciado, no seu posto, na baliza. Ao passar a vedação e ao dirigir-se para as cabines, viu público a discutir com o árbitro e talvez até a agredi-lo. Mas, cônscio das suas responsabilidades seguiu o seu caminho, ouvindo entretanto, o fiscal de linha chamar a atenção do árbitro indicando o número um (o número da sua camisola) como um possível agressor. Já nas cabines, e como teria de haver prolongamento, teve conhecimento pelo treinador do Recreativo que não podia continuar em campo, porque havia sido expulso. Admirado, acatou a decisão. Ficou admirado com a suspen­são, e agora, absoluta­mente incrédulo ao ter conhecimento da pena de irradiação que lhe foi aplicada.
Insistimos: Mas a que atribui o motivo porque o árbitro do encontro indicou no Boletim, cul­pabilidade sua?
Cabisbaixo, respondeu -nos: «Questão de azar! O senhor árbitro não pode reafirmar com verda­de qualquer falta da mi­nha parte. A sua cons­ciência não pode estar tranquila. Nada fiz para que me fosse aplicada tal pena ou qualquer outro castigo. Nunca lhe faltei ao respeito. É possível que tenha sido agredido por qualquer elemento da assistência, mas para isso lá estava a PSP pa­ra testemunhar, mas por mim ou por qualquer ou­tro colega, não foi concerteza. Para condenar é preciso provas. Pergunto só: se ninguém pode testemunhar qualquer ofensa verbal ou corporal é possível que pessoas responsáveis me tenham castigado? Com o devido respeito, por isso conti­nuo calmamente a con­fiar na consciência dos homens que nas altas es­feras dirigem o desporto.
Porto, estava com pressa. A hora do treino aproximava-se, e ele confiante, lá está sempre. Confirmou as palavras do seu colega e disse: «A minha irradiação, foi uma decisão totalmente absurda. Durante to­do o jogo acatei disciplinadamente todas as resoluções tomadas pelo Se­nhor árbitro. Até ajudei a que os meus colegas as acatassem também. Fiquei admiradíssimo quando soube que ia ser sujeito a um inquérito e mais ainda perplexo até, ao ter conhecimento da pena que me foi apli­cada. Estou convencido que o próprio senhor ár­bitro não soube bem o que escreveu. Havia mui­tos nervos, o público muito «quente» e o se­nhor árbitro estava desorientado. E eu fui a vítima». Lamentando-se, e a terminar disse-nos:
« Espero e confio na justiça dos Homens.
Depois já quase noite, no Estádio Municipal, ouvimos o velho Zé Ma­nel um nome que todo o Distrito de Benguela conhece e que actualmente é o responsável pelo team cubalense. A quei­ma roupa, perguntámos-lhe: Que pensa das penas de irradiação aplica­das aos jogadores Porto e Bibesinho?


8. Zé Manel, o treinador confia


Respondeu-nos:
«Vi o jogo e apesar de depois deste terminado ter conhecimento das declarações feitas pelo árbitro no boletim, nun­ca me passou pela cabeça que pessoas responsáveis pudessem ter a leviandade de aplicar a duas penas de irradiação que estão em causa aos jogadores Porto e Bibesinho (Car­los Manuel).
«O senhor árbitro Duarte de Carvalho pa­tenteou plenamente não possuir as mínimas con­dições para dirigir um encontro desportivo. Ele próprio levou os jogado­res de ambas equipas a cometerem actos de indisciplina, quer admi­tindo entradas às mar­gens das leis, quer em não acatar as suas deci­sões. Ele estragou o jogo e no final foi vítima do público exaltado. Os jo­gadores depois foram as vítimas. Estive sempre perto dos jogadores do Cubal, portanto também dos dois jogadores agora injustamente irradiados e posso afirmar que ne­nhum deles agrediu o ár­bitro. Considero este fac­to, as irradiações, PURA INJUSTIÇA.
Perguntámos depois: Que pensa das possibili­dades da equipa cubalen­se na presente época?
«Lutaremos pela con­quista de um lugar cimei­ro que nos faculta a en­trada na primeira divi­são.




8.O Presidente do Conselho Fiscal, Jorge Paulista, usando da palavra em resposta a centenas de cubalenses presentes na manifestação.


Mas na cidade cheira­va a esturro! Uma enor­me manifestação estava preparada. E efectiva­mente, no domingo pela manhã, muitas centenas de pessoas, muitas delas empunhando dísticos alusivos ao assunto tais co­mo
CUBAL CAMPEÃO DISTRITAL PEDE JUS­TIÇA — REPUDIAMOS A DECISÃO DA ASSOCIAÇÃO PROVINCIAL DE FUTEBOL — POR­TO E BIBESINHO VITI­MAS DE INJUSTIÇA etc., se agruparam em frente da varanda do Clube Beneficente e Re­creativo do Cubal, manifestando o seu desagrado pela injustiça feita aos dois atletas e pedindo à Direcção do Clube que não se conforme e que insista até onde for ne­cessário até que consiga que a decisão seja alte­rada e que justiça seja feita.
Nós vimos isto tudo! E sinceramente, racioci­nando que onde há culpa não há força, somos cultos a pensar que as cen­tenas de pessoas ali presentes das quais muitas dezenas assistiram ao jogo do Lobito, têm a razão por «seu lado. E esta gente, onde o suor e o sol queima as faces, não se conforma com injus­tiças.



Artigo extraído do "Semanário Sul" 06 de Maio de 1972 e escrito por Gil (JUGIBA)

Compilado por Ruca, para http://cubal-angola.blogspot.com/


24 fevereiro 2008

Imagens que nos habituámos.

1. CAFE LIMA -Reparem no pormenor .." as donas de casa"...
2. GELADOS PICA PAU
3. ÁGUA DO JOMBA -
Para auxiliar a digestão de uma boa moamba, acrescento eu.
4. NOCTURNO 72

Apesar de não serem originárias do Cubal, estas imagens estão-nos na memória . A mim, transportam-me no tempo, à minha meninice....

Ruca

MISS FINALISTA DO CUBAL

Isabel Vieira - Miss Finalista do Liceu do Cubal
MISS FINALISTA DO CUBAL

Os finalistas da Secção Liceal do Cubal, realizaram no último fim de semana o seu habitual baile e elegeram a sua Miss Finalista. Um dos rostos mais lindos da cidade: Isabel Vieira.
Uma «senhora» Miss!

in "Semanário Sul" Março de 1972

Renato e Dias, já são do Recreativo do Cubal

RENATO E DIAS JÁ SÃO DO RECREATIVO DO CUBAL

Renato, o popular futebolista ex-portucalense, já esteve no Cubal. Recebido com alegria, pelos novos colegas de equipa, dirigentes e adeptos do Recreativo. A nossa reportagem contactou com o novo reforço cubalense, que começou por nos dizer: «Depois de 13 anos no Portugal de Benguela, mudei agora de camisola. Tenho 26 anos, considero-me ainda bas­tante novo e prefiro o lugar de ponta de lança».
— Satisfeito por vir para o Cubal ?
— Sim. Pelo que me tem sido possível constatar a camaradagem é excelente e considero sensatos to­dos os elementos directivos e por todos tenho sido cumulado de gentilezas.
Perguntámos depois: — Falam-se em várias dezenas de contos, movimentados com a sua trans­ferência. Que nos diz sobre isso?
— Desculpe, mas só lhe posso dizer que consi­derei benéfica a transferência e por isso vim.
— Pensa que o Recreativo fará boa figura no próximo Campeonato?
— Sim. O Recreativo tem equipa para poder singrar no futebol a nível Provincial. Tenho espe­ranças que na próxima época, mostre o seu real valor, alcançando uma melhor posição ainda, do que na últi­ma época, em que fez «furor», pelo menos no nosso Distrito. Mas para isso é preciso trabalhar-se muito e haver compreensão das gentes da cidade, dos ele­mentos directivos e dos próprios atletas. Só com todos estes requisitos e um amor grande à camisola os homens de Porto Alexandre conseguiram o Tri. Este ano, o Cubal terá uma palavra a dizer! Com o sacrifício dos atletas e dirigentes pode a massa asso­ciativa contar! Nós esperamos da população, carinho e compreensão.
— Renato, você tem as colunas do «Sul» à sua disposição. Quer dizer mais alguma coisa?
— Sim. Agradecer a vossa amabilidade, desejar as maiores venturas para o vosso Jornal, pedir a continuação da vossa presença em tudo que se rela­cione com Desporto, e saudar a população associativa do meu novo Clube e Direcção agradecendo a confian­ça que em mim depositaram.


RENATO JÁ COM A CAMISOLA DO CUBAL



DIAS, guardião de largos recursos, também no Cubal

DIAS UMA BOA AQUISIÇÃO DO RECREATIVO

O «porteiro» DIAS, até aqui também radicado em Benguela. Elemento de valor e que veio preencher uma lacuna em aberto na equipa do Recreativo cuba­lense. Disse-nos da sua satisfação por vir para o Cubal e augura à equipa um positivo «brilharete» na época que se avizinha.
E nós acrescentaremos mais um: Um craque vindo de um Clube da primeira Divisão metropolitana será mais um magnífico reforço para os campeões Distritais. Oportunamente, dele falaremos.


JUGIBA - Júlio Gil Barros
in "Semanário Sul" - Março de 1972