23 fevereiro 2011

VIDA REAL Nº 2 - Eduardo A. Flórido


O passado presente…


À minha querida professora OLGA.

Ao meu bom amigo MANUEL FERNANDO CARONA.

De quando em vez, avivo a memória com factos que se tornaram de todo inesquecível, nem que por muito eu venha a persistir numa cruzada de atravessar desenfreadamente luas e sóis, sempre com uma febre louca de vida, cada vez mais intensa, me possa tentar fazer esquecer a maravilhosidade de ter pertencido a uma geração destemperada, na sua ânsia de descoberta de vida sentida, que inúmeras vezes nos delicia no  levantamento do véu que cobre o baú de memórias escondidas. Muitas certamente já carregadas de TEIAS, mas nunca de ARANHA e sim de saudades, difíceis de descarregar pela sua emocionalidade, num confronto com as actuais formas educacionais que nos vão distanciando, cada vez mais, como um barco ao sabor da maré, numa tempestade gigantesca de, faça-se o que se fizer, vivam sem darem a origem a uma sequencialidade, de governabilidade educacional que nos possam fazer traduzir e transmitir, aquela educação-mestra a filhos e por nós recebida de professores, oriundos de formações de diferença superior, onde a acompanhante “CINCO OLHOS”, régua maldita, para alguns (o meu caso), com que diariamente era brindado, sem contemplações, mas acabando esses bons Samaritanos (professores a sério), por me deixarem em paz por que inúmeras vezes depois de cinquenta reguadas, minimamente, em cada mão, com uma desfaçatez tremenda, dava-me gozo, levar a sala ao rubro, perguntando ao autor da façanha, se já havia terminado (ai que saudades), ou haveria continuidade, pois certamente eu poderia  esperar enquanto ele descansava, era o caos… além das mãos, já inchadas, pela dose de cultura aplicável, SEM MAGALHÃES, era bombeado com meia dúzia de chapadas, de uma aplicação em forma extraordinária e  a preceito que nem mesmo assim era motivo, para eu deixar de sorrir, já que tanto as doses, umas e outras, de cultura ensaiadas em laboratórios, presenciados por toda a turma, ávida de ver o colega apanhar nas fuças (só doíam as primeiras), valendo a verdade que nunca nenhum professor tenha tido o condão, de  ver uma lágrima vertida, no meu rosto…
Até que um dia…
E nestas coisas há e haverá sempre uma primeira vez, a professora Olga (Querida Professora, como gostaria de saber de si), sabendo da minha artimanha na psicologia da RÉGUA APLICADA e no meu modo de contra ataque, resolve dar-me uma dupla ensinadela, das grandes, que certamente jamais se esquecerá, ela e o outro dos autores da proeza, que já estará a sorrir, por se lembrar deste tão específico episódio, neste acto tão singelo de amizade…
Dª. Olga, chama-me ao quadro e trama-me, uma divisão com 4 algarismos, e eu começo desde logo, com uma carinha de carneiro mal morto, a esfregar as mãos nos calções (qual calças qual carapuça, aquilo era régua de dedicação machista numa escola mista), a pensar quando começaria o arraial. Logicamente haveria de começar o aquecimento antes de se dar inicio à partida, propriamente dita…
Mas a excelente professora, desta vez, pensa de um modo muito mais airoso, subtil até e contra_ataca de uma forma, direi quase “macabra”, com certamente a intenção de acabar e arrumar de uma vez por todas, como a minha arte de psicologia-filosófica e para espanto meu e restante turma chama o calmeirão, naquela altura, parecia o GOLIAS (+- 1,90m), o meu querido amigo MANUEL FERNANDO CARONA (amigo?), para ir fazer a conta ao quadro. O nosso amigo quase adivinhando, o que se iria passar de seguida, chega acompanhado de um sorriso sarcástico, e em meia dúzia de gizadelas, resolve a divisão. E eis que a minha querida mestra, sem papas na língua, se vira para o CARONA e lhe diz, depois de lhe passar a régua para a mão: NANDO, dá cinco reguadas ao Eduardo, para ver se futuramente ele não se esquece de fazer contas de dividir. Santo Deus, pensei, não ser merecedor daquela barbaridade. Minimamente ficaria sem braço, tal a ferocidade vislumbrada, ferocidade de prazer sádico, na face daquele que, ainda hoje me dá o privilégio de ser um bom e grande amigo.
O Carona acaricia a régua e eu vejo aquele monstro (com todo o respeito NANDO), armado a preparar-se para me dar cabo, do braço, sem se lembrar das tropelias, que quando saíamos da escola fazíamos em conjunto.
Quis o destino que eu ficasse de frente para a professora, ficando o castigador de costas para a mesma, dizendo-me esta, se queria, ver se me continuava a rir, depois da flagelação, que o meu excelente (?), colega me iria prestar.
Sinceramente pensei, saio daqui maneta. Ao Carona, nunca o tinha visto tão feliz, sorridente, preparando-se para tão tremendo acto lúdico. Estico a mão, fecho os olhos, e como sempre em situações difíceis peço a Deus que não me abandone. Muito a custo consigo abrir um olho e vejo o nosso amigo, a fazer uma curvatura de 180º, com a régua, ou seja com o seu pequenino braço, salvo seja (safa), penso e deixo-me estar com a mão quietinha, antes porém olhando para a professora Olga, que com um sorriso tem a desfaçatez de me piscar o olho, como a transmitir-me que aquele seria o dia que ela gostar-me-ia e ver, a voltar aos convites e esperar pelo descanso dos autênticos regueiros (homens da régua) …
Chegado o momento o Carona dispara, felizmente era a primeira vez que praticava aquele exercício, que nada tinha a ver com contas de dividir, e sim mais com regras de cálculo, e todos sabemos que sem treinos não há habilidosos, nem habilidade que nos salve, mas se atentarmos à particularidade foi exactamente essa a minha salvação, quando a régua (a bala do atirador), passa junto do alvo (a minha mão), esta até abanou, devido à deslocação do ar, porém sem o mínimo toque já que o meu querido colega falha escancaradamente e sem que ninguém o estorvasse, pois não era preparado para aquelas andanças e DEUS conseguiu ouvir as minhas preces. Mas o mais bonito ainda estava para acontecer… Sem encontrar a resistência do destino (a minha querida mão), a régua na sua marcha imparável, vai ao joelho do NANDO, e de imediato lhe abre um grande corte no mesmo, saltando-lhe a régua da mão, indo directamente também ao joelho da professora OLGA coisas do raio), fazendo-lhe tb., um grande golpe, tendo logo de seguida ela (Professora Olga) e o meu querido amigo (Nando), recorrido ao SINDICATO, onde o bondoso Enfº Sr. Costa, de uma só vez, se deu ao luxo de fazer, o curativo de dois joelhos, perante as gargalhadas que eu soltava quando os dois chegaram dos seus respectivos curativos, feitos no local acima referenciado. Eu vencera, mais uma vez, e de uma cajadada matara, não dois, mas sim três coelhos.
O meu querido colega CARONA, nunca mais se mostrou tão afoito, em dar reguadas aos colegas, a minha querida professora OLGA, provou do seu próprio veneno, e com aquela professora, a terrível “CINCO OLHOS”, nunca mais foi usada naquela sala de aulas.
Esta VIDA REAL, penso ter acontecido, na 3ª ou 4ª Classe, ano 62 ou 63, (ESCOLA PRIMÁRIA Nº 40), se a memória não me atraiçoa…

Voltarei em breve…
Um abraço a todos,

Até lá.
*Eduardo A. Flórido  

Comentários da Lourdes Morais

Ruca

Faço votos para que estejam todos bem. Ruca já não escrevo há muito tempo. E como a saudade bateu à porta aqui estou de novo. Olha gostei muito do que a Olga Valadas escreveu em 1993 e agradeço à Nanda
Valadas que compartilhou com todos uma coisa tão bonita. Eu sempre soube que a Olga cantava muito bem mas sou franca, não lhe conhecia o dom da escrita. Não me admira que a filha Isabela escreva tão bem. A Nanda também escreve muito, muito bem, só que agora anda um pouquinho preguiçosa. A família Valadas tem esse privilégio: escrever bem. Também adorei o que o teu tio Eduardo Flórido escreveu e espero que continue a fazê-lo para nos deliciar a todos. Agora só falta mesmo o nosso amigo Canais, meter a mão à obra e começar a escrever, pois ele tem também o dom da escrita Gosto de ir ao n/Cubal e ter sempre assunto para ler. Claro que fico sempre com um nó na garganta e com as lágrimas no canto do olho, mas isso é um defeito meu. Também gostei de ver as fotos que a Graciete Cabral e a Emília Cunha mandaram.
Só foi pena a Emília ter ficado sem o seu querido marido. Quero apresentar à Emília os meus sentimentos, mas a vida é assim mesmo. Mas são coisas que custam muito. Também vi alguma coisa escrita pelo Luís Monteiro, que conheci muito bem, pois andamos no colégio da D.Cecília. Também me lembro muito bem da irmã dele a Teresa Monteiro. Mando beijinhos para eles. Também vi o que o filho do Fernando Matos escreveu. Eu também fui colega do Fernando na D.Cecília. E também vi o pedido dos filhos do Mandinho ( grande jogador ) que foi meu colega na Câmara Municipal do Cubal.
Espero que os cubalenses continuem a dar notícias. Ruca muito obrigada por continuares a dar-nos notícias dos nossos amigos. O que fariamos sem ti?.Andávamos sem saber nada dos cubalenses. Mais uma vez obrigada . Beijos para todos os cubalenses.
Por hoje é tudo. Beijos para a Xana e teus pais. Um abraço do Morais. De mim recebe um beijo muito grande da amiga
Lourdes Morais

15 fevereiro 2011

Emília Cunha e o seu saudoso marido Aureliano Oliveira

Emília Cunha e do seu  saudoso marido Aureliano Oliveira

Ruca, junto uma foto do casal Emilia Cunha e do seu  saudoso marido Aureliano Oliveira.
Por favor  publica esta foto no blog do Cubal pois há muitos amigos que não sabem do falecimento do Oliveira.
 Um abraço aos pais e para ti. romão

12 fevereiro 2011

Lançamento do livro “Corpo de Abrigo” de Edgardo Xavier

Honrando uma vez mais o convite feito pelo nosso amigo Rogério Edgardo Xavier, tive o prazer em estar presente na sessão de lançamento do seu novo livro "Corpo de Abrigo". 
Foram muitos os amigos (alguns cubalenses) que estiveram presentes. Com agrado e estima, aqui publico os testemunhos deste evento, saudando o Edgardo Xavier por nos honrar e presentear com mais esta sua obra poética.
Ruca (Rui Gonçalves)
NB: Caso queiram enriquecer estes testemunhos (legendando as imagens), façam os comentários no local próprio, neste blogue.

 Capa do Livro
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Edgardo Xavier e José Paulista
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Edgardo Xavier e Rui Gonçalves (Ruca)
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Edgardo Xavier e Rui Gonçalves (Ruca)

Alguns Links relacionados com o Edgardo Xavier
clica nos nrs
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07 fevereiro 2011

VIDA REAL Nº 1 - Por Eduardo A. Flórido

À minha querida e Santa Mãe…
Uma noite destas escutava, como o faço diariamente, o telejornal (20 horas) de uma qualquer Televisão, quando com honras de abertura, a jornalista emocionadíssima, abria o mesmo de uma forma sensacionalista e direi um tanto ou quanto oportunista, ao frisar que numa prova de cabal demonstração e de dignidade absoluta, uma professora, por sinal pertencente ao Governo, que nos rege (da qual me recuso dar o nome, pois jogamos em equipes e posições diferentes), depois de ter dado à luz, sete, sim digo bem, sete horas depois, saiu da maternidade onde se encontrava internada e pelo seu próprio pé, foi dar o resto das aulas programadas para esse dia… Segundo a mesma o dever estava acima de tudo, e havia necessidade de dar exemplos destes para ninguém se convencesse que não seria sem espírito de sacrifício, que este pedacinho à beira mar plantado, iria para a frente. Louvável, exemplarmente louvável… Direi mesmo, convenientemente louvável. Tão exemplificadamente louvável, que sem dar por isso, desenfreadamente atravesso a barreira do espaço e do tempo e num regresso sem programa dou comigo em 1953, no Cubal mais propriamente na Fazenda Elisa, Abril, noite de 16 para 17. Irene de seu nome (eu preparava-me para dar entrada na estratosfera terrestre), gritava de janela aberta, para uma vizinha de nome Maria para que esta lhe acudisse. No entanto devido ao avançado da hora a mesma Senhora infelizmente não a escutava pois a distância ainda era alguma. Júlia e Joaquim Manuel, entretanto acordados devido aos gritos da mamã Irene, encontravam-se assustados pois pela primeira vez assistiam àquela mulher de aço, quase a vergar-se pelo ímpeto da mãe natureza. Júlia, ainda uma menina, sem saber aquilo que se passava dirige-se à mãe e pergunta-lhe porque ela gritava tanto e o que a afligia. A mãe sorri-lhe e diz-lhe, vão-se deitar, e não se preocupem, estou a gritar para afugentar um lobo, que passou diversas vezes pela nossa janela. Mas a irrequietude traquina de Júlia, debaixo da capa que só as crianças conseguem ter, diz-lhe docemente: Mãe, se é um lobo porque não fechas a janela? Irene olha para ele e sorri, e diz-lhe então, rápido meus filhos, preparem-se que vamos a casa da Dª Maria. Cada vez mais, sem perceberem nada do que se estava a passar, Júlia e o irmão Joaquim Manuel, tentam acompanhar a mãe, em vão, já que esta numa impressionante corrida, chega a casa da vizinha e apressadamente acorda-a e pede-lhe ajuda, contando-lhe que eu inesperadamente já tinha começado a minha viagem de entrada neste mundo. Dª Maria de pronto prepara-se e diz-lhe que de imediato a seguirá. Como entretanto as dores, aumentam a impaciência de Irene aumente tb., grandemente e de imediato corre novamente para casa, acompanhada pelos dois filhos Júlia e Joaquim Manuel, que quase morrem de medo, devido à escuridão que se fazia sentir, pensando no lobo do qual mamã Irene tinha falado e com medo que o mesmo lhe pudesse aparecer. Entretanto aí chegados, não suportando mais, o esforço que houvera feito em corrida acelerada (cerca de 300metros, ida e volta), Irene sem aguentar por mais tempo, cai e eu à entrada do quarto, dou comigo a berrar em cima de um tapete, porque não tinha tido a melhor aterragem no planeta Terra.
Uma estreia pouco auspiciosa.
00H 05M, marcava o controlador do tempo…
Dª. Maria entretanto chegada, vira-se para aquele que me acabara de dar à luz, e diz que não sabia nem o faria, cortar-me o cordão umbilical, pois também se tratava de uma grande responsabilidade, ao qual a minha mãe sorri, e pede-lhe para trazer o álcool, e uma tesoura, que ela mesmo faria isso. Dito e feito, esta mulher de armas, do qual me orgulho de ser filho, sem hesitações, corta-me o cordão umbilical, e deixa-me a navegar a partir daí entregue à sorte de ser mais um terrestre, componente do clã FLÓRIDO.
Quando o meu pai chega, ainda não tivera a oportunidade de o conhecer, fica embasbacado, porque era acompanhado pela Srª Dª Alda Pais, Enfermeira-Parteira, que em principio viria assistir à m/ Chegada. Mas apenas vem confirmar, que a minha querida mãe, já me tinha dado banho, já tinha lavado a roupa que entretanto se sujara, continuando calmamente a trabalhar naquilo que havia necessidade de fazer. Eu começava ali, a minha ODISSEIA TERRESTRE, que já vai em 57 anos…
Regresso ao presente, fecho a televisão. Vou à janela e sinto que há uma estrela que brilha mais do que todas as outras, no firmamento. Sei que me vê, eu sei que ela está lá, e sei que está a sorrir pelo milagre que uma professora pertencente aos homens que nos governam foi noticia de abertura de um qualquer Telejornal, por ter ido dar aulas depois de sete horas de ter sido mãe e ser convenientemente amparada numa maternidade.
Senti que a minha saudosa mãe me piscou o olho, e entre dentes disse: OUTROS TEMPOS, OUTRAS MÃES E LOCUTORAS SENSACIONALISTAS…

P.S. – Um agradecimento especial à minha irmã Júlia (Mãe do Ruca) sem a qual esta 1ª VIDA REAL, seria impossível, por ela me ter dado as dicas de um Passado, perpetuado já nas memórias do VIVIDO.
OBRIGADO JÚLIA.
OBRIGADO MÃE.

*Eduardo A. Flórido.

02 fevereiro 2011

Olá MÃE ANGOLA! (texto de Olga Valadas, escrito em 1993)

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Hoje dia 02 de Fevereiro, seria o aniversário da nossa saudosa Olga Valadas. 
Sua irmã Fernanda, envia-nos este belo texto pedindo que o mesmo seja partilhado através do nosso blogue.
Aqui fica a nossa homenagem. 

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Olá MÃE ANGOLA!

Digo apenas olá, para não deixar que em mim morra a ilusão de que foi ontem que nos despedimos num longo abraço, tão longo e apertado, que magoou nossos corpos e feriu nossas almas.
Não te pergunto como estás, porque sei que cada dia que passa te sentes mais fraca, mais combalida e mais agonizante. Sentes-te angustiada por veres correr no teu solo o sangue dos teus filhos que não te abandonaram e que continuam a lutar para te defender na esperança de que um dia, talvez não muito distante, possam conquistar a alegria e a paz, para poderem viver no ambiente de respeito e amor em que tu nos criaste.
Talvez tu, MÃE, nos julgues traidores por há dezoito anos termos sido obrigado a dizer-te adeus. Perdoa-nos MÃE, se inconscientemente te desiludimos, mas acredita: falando em mim, falo também por todos os teus filhos que hoje vivem errantes pelos quatro cantos do mundo.
Todas as noites no meu leito, deixo vaguear o meu pensamento e e com um sentimento misto de dor e alegria que recordo os momentos tão felizes que passei junto de ti, sempre protegida pelos teus braços vigorosos de imbondeiro.
De mãos dadas percorríamos os campos verdes onde os regatos de agua cristalina corriam livremente, saciando a sede dos homens e dos vários animais selvagens que contem a tua fauna.
Lembro-me tão bem, MÃE ANGOLA, quando me lavavas com mil cuidados nas tuas dambas, nos teus rios e depois me mostravas, orgulhosa, as cascatas e florestas em galeria... percorro mentalmente todo o teu corpo e em cada recanto descubro belezas inconfundíveis e incomparaveis, difíceis de descrever. Percorro as savanas onde tu tantas vezes subiste as árvores para colheres os seus frutos que me davas com tanta ternura e que eu saboreava com volúpia e avidez. A manga, o lohengo, o mamão, a goiaba e tantos outros cujo sabor, por vezes se mistura com o sabor salgado das minhas lágrimas.
Quando a tarde chega e o sol anuncia a sua partida, uma tristeza estranha invade todo o meu ser e recordo com intensidade as vezes que ambas, de cima de uma colina, víamos esse astro rei avermelhado e majestoso, esconder-se lentamente, por detrás das tuas florestas luxuriantes, ou então, por entre o cume das montanhas azuis, enquanto ouvíamos longínquos sons de cantares e batucadas ou ainda, o som grave e forte do rugido do leão; espectáculo maravilhoso digno de figurar na tela de um grande mestre e que todos os Homens deveriam ter o privilegio de ver, para que melhor pudessem amar e preservar o enorme paraíso que tu és.
Sei que choras neste momento, mas, MÃE ANGOLA, seca as tuas lágrimas. Se forte! Se sempre a MÃE coragem que os teus filhos conheceram. Lembra-te. O teu ventre e ainda jovem, e ainda fértil, e tal como outrora, ele voltará a fecundar e a povoar esse rincao de África onde nasci.
Perdoa-me MÃE! Mas sem querer duas lágrimas teimosas rolam-me pelas faces... também estou a chorar. Sinto a garganta apertada e os soluços incontidos irrompem fazendo o meu peito estremecer.
Na solidão da noite apuro os meus ouvidos e julgo escutar na voz do vento, o som indeleveldos teus gemidos e... lentamente, ergo os meus olhos aos céus e numa prece muda, mas sentida, peco ao Senhor meu Deus, que na sua Bondade e Omnipotência, se compadeça do nosso sofrimento e nos conceda a graça de nos podermos rever mais uma vez.
MÃE, não quero morrer sem voltar a ver-te, sem voltar a estreitar-te nos meus braços. Mas, se isso acontecer longe de ti, quero levar comigo para a tumba fria, um pedaço de terra vermelha arrancada do teu ventre. Quero que guardes na lembrança a ternura do meu último beijo em tua face, tão ardente como o calor tropical que emana do teu corpo.

Quero que guardes eternamente em teu generoso coração, a certeza de que:

- Mesmo para alem da morte, continuarei a amar-te e a chorar de saudade.

Amo-te, Angola minha MÃE!!!
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texto de Olga Valadas escrito em 1993

01 fevereiro 2011

Cubalenses

Zeca, Isaura Mendes,Matilde Olga Valadas*

*amanhã dia 02 de Fevereiro seria o aniversário da Olga Valadas. Teremos um belo texto seu,  no nosso blogue .

Anabela Berrones, Matilde, Manuela Pitagrós

Barroso, Telmo, Alberto Ribeiro e_______

Recordações cubalenses

Casamento de Celso Barroso e de Matilde Mendes

Casamento de Celso Barroso e de Matilde Mendes

Família Barroso (Matilde Mendes, Celso Barroso e Vera Barroso)


Olá Ruca!
Sou Vera Barroso, filha de Celso Barroso e de Matilde Mendes.
Muitas vezes tenho visitado este site, que é sem dúvida fantástico. Através  dele já tive oportunidade de reencontrar amigos, relembrar lugares…
Na semana passada entrei em contacto com o Dinis que se lembrava dos meus pais e mandou fotos da nossa casa na Cassiva. 
Foi emocionante!
Mando agora o meu contributo em fotos, com um beijinho para todos os cubalenses.
 Para ti um grande OBRIGADA por este site.
P.S. Fiquei contente com as obras de recuperação do Cubal, como se pode ver pelas fotos enviadas pelo Dinis.

28 janeiro 2011

Notícias dos Cubalenses e amigos do Cubal - Raquel Marisa Gil Nequinha- filha de Norberto Gil e Maria Augusta

Ruca não o conheço pessoalmente,mas já ouvi falar de si,através dos meus pais . Nasci na cidade do Cubal,mas vim para Portugal ainda bebé,mas sinto da parte dos meus pais e irmãos mais velhos uma paixão e saudade enorme dessa terra.Sou filha do Norberto Gil e Maria Augusta ,neste momento residentes em Lamas de Orelhão,Mirandela.Se lhe fosse possível tirar fotos da casa e da loja que deixaram aí, e publicar no meu facebook ficaria-lhe grata.Se necessitar alguma informação é só dizer.
obrigado
Raquel Marisa Gil Nequinha

25 janeiro 2011

Na Eleição da Miss Cubal em 1973

Helena Santos, Riquita e Maria de Lourdes

Bela recordação. Fui convidada a assistir a esse concurso, porque não pude concorrer. Estava a estudar no lar da Mocidade na Ganda e a Direcção do Lar não me autorizou a concorrer. Então fui só assistir.
Helena Santos

24 janeiro 2011

Notícias dos Cubalenses e amigos do Cubal - Amândio Pinto (filho do grande Mandinho)

Nome: Amandio Barbedo Pinto
E-mail: amandio_pinto79[at]hotmail.com
Localização: United Kingdom


Olá sou filho de um apaixonado de Cubal. O meu pai era conhecido por Mandinho, trabalhava na empresa "Joaquim de Sousa",e jogava futebol no Recreativo de Cubal.
O meu pai perdeu as referencias e contactos de todos os seus conhecidos, por isso gostava de lhe dar o prazer de rever alguém desse tempo.
Ele fala-me muito da equipa de futebol que jogava em 1972/1973...
Recreativo de Cubal 1972/1973

O meu pai era avançado seu nome Mandinho, Porto, Cristina, Eusébio, TitoMachado, Mendes, Ze Maria, Quim, Dias, Telmo, Dionisio, Canais, etc...depois foi jogar para Nacional de Benguela...
Se alguém se lembrar do meu pai ou tenha alguma infomacao, porfavor entre em contacto comigo. Obrigado. amandio_pinto79[at]hotmail.com

Uma homenagem ao Jaime Oliveira, que tantos filmes nos deu no Recreativo do Cubal


Quem não se lembra deste?

22 janeiro 2011

Olga e Viana num dia Feliz

Olga e Viana num dia Feliz

Recordações cubalenses

Purificação Pereira de Lemos
e
Emídio de Lemos

Daniel Nogueira
Viajante de Santana e Silva de Benguela

A Portela & Cª Lda
Benguela

Convite de Casamento cubalense - 03 de Agosto de 19__





 Casamento de 
Maria Idalina Antónia da Silva e Pedro Paulo Dias

Notícias dos Cubalenses e amigos do Cubal -Costa Pereira

Em 2009, tive a felicidade de conhecer essa encantadora e fértil região angolana, onde se situa a cidade de Cubal. Assim como também esse benjamim país cujas potencialidades naturais são enormes e quando devidamente exploradas seu povo viverá feliz na abundância e paz. Oxalá não tarde. Nessa viagem conheci em Caimbambo o cubalense Sr. José Pedro Haleka se for leitor deste interessantíssimo site receba um abraço muito apertado deste que é o pai da Drª Gisela Pereira.
Nome:  Costa Pereira 
E-mail:  j.a.costapereira[at]sapo.pt
Web:  http://aquimetem.blogs.sapo.pt
Localização:  Portugal Portugal


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Caro Costa Pereira,
É sempre um privilégio receber mais um amigo do Cubal. Apareça sempre, se possível com algum testemunho.
Um abraço
Ruca