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10 março 2011

Sugestões de estórias a partir da diáspora.

Caros amigos cubalenses.
Penso que, a par de criar mais uma grande onda de entusiasmo no nosso blog, seria bom que cada um relatasse a história que nós e nossos pais vivemos, há cerca de 35 anos, uns dias antes da saída do Cubal e outros tantos após a chegada a Portugal. 
Alguns de nós em caravana até á África do Sul e só depois para Lisboa, utilisando os mais variados meios de transporte, aviões, paquetes e até barcos de pesca, com mil agruras e perigos vividos. 
Haverão certamente relatos emocinantes e penso que cada um poderia usar ou não um qualquer pseudónimo, conforme seu desejo. 
Seriam um conjunto enorme de histórias muito valorosas, e talvez o Ruca deseje iniciar a série e dar-lhe um titulo. Um abraço grande para todos. 
ATLMOTOCAR

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 Caro ATL ( agora já sei o que era o ATL ;-))
Aqui fica a sua sugestão.
Parece-me também um tema para aqui ser exposto e este espaço DIÁSPORA CUBALENSE ser, a meu ver, o mais indicado.
Acredito que muitas estórias não sejam as mais agradáveis por aquilo, que a maioria de nós passou. Estou a lembrar-me sobretudo de alguns momentos de ansiedade e medo por que passamos, como por ex. os combates ferozes entre os movimentos políticos e que assistimos  dentro de casa no Cubal, onde balas perdidas nos perfuravam as vidraças e paredes pondo a vida em perigo. Estes últimos meses anteriores a Novembro de 1975 marcaram-me  indelevelmente, face ao perigo em que estivemos expostos e ao " cheiro" da pólvora" de uma guerra que não queríamos e das  horríveis histórias que ouvíamos contar.
Outros momentos poderão ser  relembrados como quando uma enorme coluna de viaturas e de cidadãos em fuga da guerra , provenientes desde a ex-Nova Lisboa com destino ao Litoral,  pernoitaram em casa dos meus pais  onde, de uma forma ou de outra lá conseguiram comer alguma coisa e descansar.
Outras estórias, foi o nosso regresso definitivo. Os meus pais com bilhetes da TAP no bolso (que ainda os temos) para Lisboa, e na ausência de aviões, tiveram que recorrer a uma salvação que foi virmos num barco pesqueiro (célebre Kalua, não me esqueço do nome) entre o Porto do Lobito e Luanda. Viagem de uma noite e parte do dia num barco pesqueiro "à pinha" de gente e acredito que foi uma sorte termos chegado sãos e salvos a Luanda, face à agitação marítima, cujas ondas entravam na pequena embarcação e nos encharcava os ossos e as poucas bagagens que levávamos..E em Luanda enquanto não apanhávamos um avião na célebre ponte aérea.... lembro-me das condições terríveis onde ficamos durante uma série de dias...Num Quartel Militar onde dormíamos no chão e não só...até que tivemos uma avião da Swissair que nos retirou de um grande pesadelo que foram os últimos meses.. .poderemos falar de muita coisa, Caro amigo ATL, mas não sei, no meu caso pessoal, se me fará muito bem ao espírito... pode ser .... pode ser....
Grande abraço
Rui Gonçalves (Ruca)