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07 dezembro 2008

Testemunhos cubalenses - Pedro Jorge

Olá Amigo Ruca
Nas minhas habituais visitas ao Blog, fico sempre mais satisfeito, dando como positivo o tempo que ali passo, recordando através de fotografias ou peças escritas, testemunhos vividos por uma comunidade de várias gerações, cujos progenitores escolheram para a realização dos seus sonhos, uma Terra com o nome de Cubal, com a força do seu crer e do seu trabalho, desbravaram terra virgem, criaram riqueza ergueram uma Vila que com o desenvolvimento e o progresso, imprimido pelos seus empreendedores, veio crescendo e, mais tarde foi promovida à categoria de cidade. Cubal uma bonita cidade que conheci ainda menina, pois tinha recebido a promoção, havia um ano ou pouco mais, fui parar naquela cidade, não para me fixar à semelhança dos seus habitantes, mas por motivo da Guerra Colonial que atingiu toda a antiga (Colónia de Angola), eu vinha do Leste e aí a guerra era dura não havia tréguas.Porém ali não havia guerra, vivia-se em Paz, com as devidas precauções.Era uma cidade de gente laboriosa, no comércio em serviços e indústria, tinha grandes plantações de sisal e algodão nas fazendas no exterior mas a pouca distancia da cidade, o que representava algo de mais valia na economia local e da colónia, reflectindo-se no País.ao tempo, 1969, surpreendeu-me o elevado número de estudantes que frequentavam as escolas, o associativismo era uma componente com posição de relevo, lembro-me dos desportos que se praticavam com boas instalações, com pessoas dinâmicas à cabeça das organizações, vi nascer o Poli-Desportivo do Recreativo do Cubal, a cidade tinha duas Estações de Rádio, Hospital, Tribunal, Câmara Municipal, Aeródromo e o Caminho de Ferro, que era também um pólo de desenvolvimento significativo para a cidade, aos fins de semana as pessoas juntavam-se em convívio, davam muita vida ás Colectividades.Foi assim que eu vi o Cubal, uma cidade na qual funcionavam os vários sectores da vida de uma cidade, sem diferenças das cidades pequenas ou Vilas da Metrópole. Ali encontrei pessoas maravilhosas, com uma forma de estar na vida muito diferente das pessoas da Metrópole, havia um convívio aberto, nos bailes a nossa integração foi imediata a gente jovem tiveram para connosco uma atitude de amizade que ainda hoje recordo com saudade, e não vou mentir, mas devo confessar que á chegada a Lisboa a poucas horas de sair do Barco, á parte da saudade de abraçar os meus familiares, não senti aquele entusiasmo do regresso.Para trás ficavam pessoas e uma vida diferente.Por isso, apesar de ter vivido intensamente os tempos da Revolução e, poder viver em Liberdade, foi muito duro, ver o desenrolar dos acontecimentos, que vos atirou para fora das vossas casas, e o quanto foi difícil reiniciar nova vida, e até sair do País para recomeçar, nunca aceitei o termo Retornados, razão que me leva a ter uma amizade especial aos Cubalenses.Um abraço Ruca.