Esta imagem está relacionada com publicação anterior e partilhada pelo Hernâni Cabral:
clicar aqui Tony de Matos - atuação no Recreativo
Era o ano de 1965, e o Cubal vivia momentos de particular agitação e entusiasmo. O cançonetista romântico Tony de Matos, nome consagrado da música portuguesa, visitava a localidade, trazendo consigo a melodia e a emoção das suas canções. Não era apenas um concerto; era um evento que unia a comunidade e que, para alguns, significava um encontro mais íntimo com o artista.
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É nesse contexto que surge esta fotografia rara, partilhada por António Freitas de Oliveira, filho do saudoso Dr. António Freitas de Oliveira. A imagem capta um momento de descontração e amizade entre o seu pai, o médico que tanto carinho e dedicação dispensou ao Cubal, e o próprio Tony de Matos. Uma cena de bastidores, talvez na casa do Dr. Freitas de Oliveira, onde a formalidade se desvanecia para dar lugar à camaradagem.
Ali, em pose descontraída, vemos o Dr. Freitas de Oliveira à direita na imagem, com os óculos escuros e um cigarro entre os dedos, a personificar o charme e a tranquilidade de um momento de lazer. Tony de Matos, à esquerda, elegantemente sentado, capta a essência de um encontro entre personalidades. O ambiente é acolhedor, com uma estante recheada de livros que sugerem uma mente curiosa e culta, e um candeeiro com motivos africanos, um toque que remete para a cultura local e a vivência em Angola.
No centro da atenção, um gira-discos. É quase certo que estariam a ouvir música, talvez um dos sucessos de Tony de Matos, como "Destino Marca a Hora", ou outro fado-canção que embalasse a conversa e o fumo leve dos cigarros ou cigarrilhas. As bebidas nos copos completam o quadro de um encontro tranquilo. E, em destaque, um belo rádio, testemunha de uma época em que as ondas hertzianas traziam o mundo e a música até casa.
Esta fotografia é mais do que um simples registo; é um pedaço da história do Cubal, um testemunho de tempos em que a vida se fazia de encontros improváveis, de música e de partilha. É um convite a imaginar as conversas que ali teriam tido, os risos e as reflexões, perpetuando a memória de dois homens notáveis e do laço que os uniu, mesmo que por instantes, na terra amada do Cubal.
Ruca