Estas fotografias, gentilmente cedidas por Fernanda Valadas, transportam-nos para um tempo em que o Cubal era um ponto de ligação crucial para as famílias da região. Nas décadas de 40, 50 e 60, o avião conhecido como "barriga de jinguba" provavelmente um Dakota Douglas DC-3 ou um C-47 Skytrain (a versão militar do DC-3) e um outro aterrava no campo de aviação do Cubal, para transportar os alunos, filhos de fazendeiros e comerciantes abastados, que frequentavam o prestigiado colégio Paula Frassinetti, em Sá da Bandeira (atual Lubango).
Naquela época, Paula Frassinetti foi considerada o melhor colégio de Angola, um colégio de mães, e muitas famílias do Cubal e arredores optaram por internar seus filhos, em busca de uma educação de excelência. A aterragem do avião no Cubal era, portanto, um evento marcante, um momento de reencontro e de festa. O campo de aviação transformou-se num local de convívio, onde se celebraram os laços familiares e comunitários.
As fotografias capturam uma atmosfera vibrante desses momentos. Vemos o avião provavelmente na chegada dos alunos, felizes por regressarem a casa para as férias, e as famílias, ansiosas por os receberem.
Imagem 1) CAMPO DE AVIAÇÃO DO CUBAL - Dado que a foto tirada em Angola nos anos 50, é possível que seja um Dornier Do 27 ou Dornier Do 28 , usado frequentemente em regiões africanas pela sua robustez e capacidade STOL (decolagem e pouso curtos). Outra possibilidade é o de Havilland DH.114 Heron , que também operou na África nessa época. Ajudem se souberem. Ruca
Nas 2 fotografias a seguir, vemos a família Valadas junto ao avião, prestes a embarcar (ou a chegar), um momento de despedida (ou de recepção) e de expectativa.
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Imagem 2) Toninho Valadas, Olga, Lisete, Chico, Anita e Nanda
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Douglas DC-3 ou um C-47 Skytrain (a versão militar do DC-3) Este modelo foi amplamente utilizado em Angola e noutras colónias portuguesas nos anos 40, 50 e 60, tanto para transporte civil como militar. Empresas como a DTA (Divisão de Transportes Aéreos, precursora da TAAG) usavam o DC-3 para ligar diversas localidades angolanas.
O motor radial com hélice de duas pás, característico do DC-3 .O formato da fuselagem e a posição da asa baixa.O trem de pouso fixo com carenagens laterais, um traço clássico do DC-3. |
Imagem 3) ajudem na legenda da imagem |
Entre as alunas podemos destacar a irmã da Fernanda, Olga Valadas, Amélia Guerra, e outros jovens como Fernanda Souza, Juca Queiroz (?) entre outros (recordem os nomes no comentários).
E nesta fotografia vemos os alunos já no internato de Paula Frassinetti, o ambiente escolar de um dos melhores colégios de Angola.
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Imagem 4) ajudem na legenda da imagem |
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Imagem 5) ajudem na legenda da imagem |
Os aviões "barriga de ginguba" eram fretados pelas pessoas com mais posses, que podiam ser fazendeiros ou comerciantes com um nível de vida razoável. A viagem de avião, embora emocionante, não era isenta de perigos. A Fernanda recorda que, por vezes, o avião fazia escalas noutros locais, como na Ganda, para deixar passageiros. Infelizmente, a década de 50 também ficou marcada por um acidente de aviação na Serra [nome da serra, se possível Leba?], onde o piloto (Rosa ou Rolas) perdeu a vida.
À parte:
Naquela época, a educação era uma prioridade para as famílias cubalenses. As meninas eram enviadas para o Colégio Paula Frassinetti, em Sá da Bandeira, enquanto os rapazes frequentavam o Liceu Alexandre Herculano, em Nova Lisboa (atual Huambo), um dos melhores liceus de Angola. Alguns jovens também optavam pelo Seminário de Luanda, que se equiparava aos melhores colégios do país. Vários jovens cubalenses, como Bibito Guerra, Celso Faria (filho), Toninho Valadas, Hamilton Ferreira e outros, estudaram nestas instituições como internos. Os cubalenses primavam por dar cultura aos seus filhos, naquele tempo.
Estas fotografias são um testemunho valioso da história do Cubal e de Angola, um retrato de um tempo em que a ligação entre as comunidades era feita por aviões que rasgavam os céus, transportando sonhos e esperanças.
Convidamos todos os cubalenses e amigos do Cubal a partilharem as suas memórias e a ajudarem-nos a identificar as pessoas presentes nas fotografias e a corrigir alguma imprecisão do texto ou completar o mesmo. Juntos, vamos construir um mosaico de recordações que nos permita preservar a história da nossa terra.
Um Tributo ao Cubal:
Imagens e recordatório: Fernanda Valadas;
Texto: Ruca