Pelo interesse este post deverá ser lido e apreciado com estes relatos (clicar aqui): Recordações dos bons velhos tempos no Cubal - por Nanda Valadas publicado no blogue em outubro 23, 2011
É com uma enorme nostalgia e um carinho especial que hoje vos trago, através destas três preciosas imagens, o que foi, para muitos de nós, um dos grandes centros da vida social e cultural do nosso Cubal, durante tantos anos: o nosso emblemático Clube Recreativo. Mais do que um simples edifício, este Clube foi palco de tantos encontros, celebrações, tertúlias e, um dia, viria a ser o grande ecrã onde a magia do cinema se revelaria, oferecendo-nos momentos inesquecíveis que moldaram a nossa comunidade, a par de outros espaços tão importantes para o nosso convívio como o nosso querido Clube Ferrovia do Cubal.
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A segunda imagem, que nos mostra a parte lateral do Clube virada para o Quartel Militar e a Escola Primária n.º 40, revela como ele estava bem integrado na nossa vila. As árvores frondosas nesta perspetiva dão um ar de calma, mais resguardado. É curioso pensar como, de um lado, se via a disciplina militar e o rigor da escola primária, enquanto do outro se desenrolava toda a vida social, o lazer e a cultura. Esta proximidade é um testemunho de como a nossa comunidade estava interligada, com o Clube Recreativo, entre outros locais, a servir de ponto de encontro para as diferentes vertentes da nossa existência no Cubal. As janelas, tão bem alinhadas, davam-lhe um ar de solidez e de que ali ficaria para sempre.
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Por fim, a terceira fotografia, que capta a parte lateral do Clube virada para o Colégio Eça de Queirós, completa este conjunto de imagens. Esta vista, com a vegetação e aquela luz que nos faz sentir o passar do tempo, permite-nos perceber a dimensão do edifício e a sua relação com os espaços à volta. O Colégio Eça de Queirós, como instituição de ensino, estaria em constante ligação com o Clube, talvez com eventos escolares a serem ali realizados ou a nossa juventude a frequentar os seus espaços de convívio e a sua futura sala de cinema depois das aulas. Esta imagem, tal como as outras, evoca a sensação de uma comunidade viva e ligada, onde os edifícios não eram só construções, mas testemunhas silenciosas de uma rica tapeçaria de vidas, histórias e, claro, dos incontáveis momentos de magia proporcionados mais tarde pelo grande ecrã.
Estas três imagens são muito mais do que simples fotografias; são documentos históricos que nos permitem reconstruir a memória do nosso Cubal, valorizar o nosso património e reconhecer a importância de locais como o Clube Recreativo na construção da nossa identidade e das nossas memórias. Agradeço por partilharem estas preciosidades que mantêm viva a chama da nossa história no Cubal.
Nota histórica sobre a projeção de cinema no Cubal: Memórias partilhadas
É fundamental clarificar o percurso da projeção de cinema no nosso Cubal, especialmente porque, no tempo em que estas três imagens foram captadas, presume-se que a sala de cinema do Clube Recreativo ainda não estaria a funcionar. O cinema chegou à nossa vila por fases, com diferentes projetores e locais, e felizmente temos testemunhos preciosos para nos ajudar a reconstruir esta história.
Graças à informação inicial da Fernanda Valadas e às contribuições valiosas do Victor Pena, Hernani Cabral e a validação do Rodrigo "Bibito" Guerra, podemos traçar uma cronologia mais precisa:
O início e os primeiros projetores: Antes de o Clube Recreativo se tornar um local de projeção, os filmes eram exibidos no Hotel Central (o antigo Hotel Rodrigues). O Victor Pena e o Hernani Cabral ajudam-nos a ordenar os primeiros nomes que marcaram esta era:
- O Sr. Simões foi o pioneiro a exibir filmes no Cubal, provavelmente entre os anos de 1954/55 e daí para a frente, tal como o Hernani Cabral se recorda vivamente.
- A seguir ao Sr. Simões, veio o Sr. Carvalho, conforme mencionado pelo Victor Pena.
- Depois, foi a vez do Sr. Santos e da Dona Olga.
- Finalmente, chegou o Sr. Jaime Oliveira (do Alto Cubal).
As projeções e as memórias: O Hernani Cabral partilha connosco memórias fantásticas, confirmando em absoluto o comentário do Victor Pena sobre a ordem dos projetores. O Hernani recorda-se de acompanhar o Sr. Simões na carrinha, com o Bibito Guerra de microfone em punho, a anunciar o filme do dia pelas ruas do Cubal – uma imagem que nos transporta diretamente para essa época! Ele recorda-se de ter cerca de 11/12 anos (anos 54/55), e de como, em 58/59, ele próprio cortava os bilhetes à entrada do cinema. Eram tempos de galhofa, mesmo quando era "corrido" pelo Chefe do Posto, Álvaro da Silva Franco, por tentar ver filmes para maiores de 18 anos!
O Clube Recreativo como ecrã: Foi com a chegada destes projetores e a consolidação das projeções que o Clube Recreativo se tornou o palco principal de cinema, a par das grandes festas. Como o Victor Pena aponta e o Bibito Guerra valida, esta sucessão de nomes e a sua dedicação foram essenciais para a cultura cinematográfica do Cubal.
Agradecemos imensamente à Fernanda Valadas por iniciar a partilha de imagens e esta interessante discussão e ao Victor Pena, ao Hernani Cabral e ao Rodrigo "Bibito" Guerra por partilharem estas memórias tão detalhadas e vívidas. As suas contribuições são inestimáveis para completarmos esta fascinante história do cinema no Cubal e para mantermos viva a memória desses tempos dourados. A história da nossa vila ganha uma nova dimensão com estes testemunhos que nos trazem de volta os sons dos projetores e a emoção do grande ecrã.
Obrigado Nanda , pela partilha das imagens.
Abraço fraterno a todos vós.
Ruca