05 junho 2025

O Clube Recreativo do Cubal: Um dos corações da convivência, memórias vivas e magia do cinema

Pelo interesse este post deverá ser lido e apreciado com estes relatos (clicar aqui): Recordações dos bons velhos tempos no Cubal - por Nanda Valadas publicado no blogue em  


É com uma enorme nostalgia e um carinho especial que hoje vos trago, através destas três preciosas imagens, o que foi, para muitos de nós, um dos grandes centros da vida social e cultural do nosso Cubal, durante tantos anos: o nosso emblemático Clube Recreativo. Mais do que um simples edifício, este Clube foi palco de tantos encontros, celebrações, tertúlias e, um dia, viria a ser o grande ecrã onde a magia do cinema se revelaria, oferecendo-nos momentos inesquecíveis que moldaram a nossa comunidade, a par de outros espaços tão importantes para o nosso convívio como o nosso querido Clube Ferrovia do Cubal.

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A primeira fotografia, a vista frontal do Clube Recreativo do Cubal, dá-nos logo a ideia da sua imponência. Com a sua fachada bem cuidada e aquela inscrição "CBRC" lá no alto, este edifício não era apenas paredes e telhado, era um símbolo de união e de vida. Aquelas escadarias que nos levavam à entrada… lembro-me bem da azáfama dos dias de festa, dos bailes que ali se faziam, das reuniões de amigos e família. Mais tarde, viria a ser aqui que se realizariam as tão esperadas sessões na sua sala de cinema/espetáculos. Quantos de nós não nos recordamos dos filmes western, como os inesquecíveis "Trinitá", e tantos outros que ali nos transportavam para mundos distantes? A simplicidade e a robustez da arquitetura mostravam bem o seu propósito: ser um espaço acolhedor e central para todos.

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A segunda imagem, que nos mostra a parte lateral do Clube virada para o Quartel Militar e a Escola Primária n.º 40, revela como ele estava bem integrado na nossa vila. As árvores frondosas nesta perspetiva dão um ar de calma, mais resguardado. É curioso pensar como, de um lado, se via a disciplina militar e o rigor da escola primária, enquanto do outro se desenrolava toda a vida social, o lazer e a cultura. Esta proximidade é um testemunho de como a nossa comunidade estava interligada, com o Clube Recreativo, entre outros locais, a servir de ponto de encontro para as diferentes vertentes da nossa existência no Cubal. As janelas, tão bem alinhadas, davam-lhe um ar de solidez e de que ali ficaria para sempre.

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Por fim, a terceira fotografia, que capta a parte lateral do Clube virada para o Colégio Eça de Queirós, completa este conjunto de imagens. Esta vista, com a vegetação e aquela luz que nos faz sentir o passar do tempo, permite-nos perceber a dimensão do edifício e a sua relação com os espaços à volta. O Colégio Eça de Queirós, como instituição de ensino, estaria em constante ligação com o Clube, talvez com eventos escolares a serem ali realizados ou a nossa juventude a frequentar os seus espaços de convívio e a sua futura sala de cinema depois das aulas. Esta imagem, tal como as outras, evoca a sensação de uma comunidade viva e ligada, onde os edifícios não eram só construções, mas testemunhas silenciosas de uma rica tapeçaria de vidas, histórias e, claro, dos incontáveis momentos de magia proporcionados mais tarde pelo grande ecrã.

Estas três imagens são muito mais do que simples fotografias; são documentos históricos que nos permitem reconstruir a memória do nosso Cubal, valorizar o nosso património e reconhecer a importância de locais como o Clube Recreativo na construção da nossa identidade e das nossas memórias. Agradeço por partilharem estas preciosidades que mantêm viva a chama da nossa história no Cubal.

Nota histórica sobre a projeção de cinema no Cubal: Memórias partilhadas

É fundamental clarificar o percurso da projeção de cinema no nosso Cubal, especialmente porque, no tempo em que estas três imagens foram captadas, presume-se que a sala de cinema do Clube Recreativo ainda não estaria a funcionar. O cinema chegou à nossa vila por fases, com diferentes projetores e locais, e felizmente temos testemunhos preciosos para nos ajudar a reconstruir esta história.

Graças à informação inicial da Fernanda Valadas e às contribuições valiosas do Victor PenaHernani Cabral e a validação do Rodrigo "Bibito" Guerra, podemos traçar uma cronologia mais precisa:

  • O início e os primeiros projetores: Antes de o Clube Recreativo se tornar um local de projeção, os filmes eram exibidos no Hotel Central (o antigo Hotel Rodrigues). O Victor Pena e o Hernani Cabral ajudam-nos a ordenar os primeiros nomes que marcaram esta era:

    • O Sr. Simões foi o pioneiro a exibir filmes no Cubal, provavelmente entre os anos de 1954/55 e daí para a frente, tal como o Hernani Cabral se recorda vivamente.
    • A seguir ao Sr. Simões, veio o Sr. Carvalho, conforme mencionado pelo Victor Pena.
    • Depois, foi a vez do Sr. Santos e da Dona Olga.
    • Finalmente, chegou o Sr. Jaime Oliveira (do Alto Cubal).
  • As projeções e as memórias: O Hernani Cabral partilha connosco memórias fantásticas, confirmando em absoluto o comentário do Victor Pena sobre a ordem dos projetores. O Hernani recorda-se de acompanhar o Sr. Simões na carrinha, com o Bibito Guerra de microfone em punho, a anunciar o filme do dia pelas ruas do Cubal – uma imagem que nos transporta diretamente para essa época! Ele recorda-se de ter cerca de 11/12 anos (anos 54/55), e de como, em 58/59, ele próprio cortava os bilhetes à entrada do cinema. Eram tempos de galhofa, mesmo quando era "corrido" pelo Chefe do Posto, Álvaro da Silva Franco, por tentar ver filmes para maiores de 18 anos!

  • O Clube Recreativo como ecrã: Foi com a chegada destes projetores e a consolidação das projeções que o Clube Recreativo se tornou o palco principal de cinema, a par das grandes festas. Como o Victor Pena aponta e o Bibito Guerra valida, esta sucessão de nomes e a sua dedicação foram essenciais para a cultura cinematográfica do Cubal.

Agradecemos imensamente à Fernanda Valadas por iniciar a partilha de imagens e esta interessante discussão e ao Victor Pena, ao Hernani Cabral e ao Rodrigo "Bibito" Guerra por partilharem estas memórias tão detalhadas e vívidas. As suas contribuições são inestimáveis para completarmos esta fascinante história do cinema no Cubal e para mantermos viva a memória desses tempos dourados. A história da nossa vila ganha uma nova dimensão com estes testemunhos que nos trazem de volta os sons dos projetores e a emoção do grande ecrã.

Obrigado Nanda , pela partilha das imagens.

Abraço fraterno a todos vós.

Ruca

03 junho 2025

Cubal, 1959 | A beleza simples de um momento no jardim do Ferrovia


Do meu baú pessoal e familiar surge mais esta fotografia, que provavelmente foi tirada no mesmo dia da imagem partilhada pela amiga Eufémia Marques em  post anterior . 

Na imagem, em destaque e com a serenidade de quem já carregava luz própria, está a minha linda futura mãe, Júlia Flórido (Gonçalves). De vestido branco, em pé à beira da piscina do Jardim do Ferrovia, onde hoje a memória corre mais forte que a própria água. Ao fundo, outras crianças e jovens parecem partilhar a mesma alegria desse tempo simples e puro.

Como referiu a Eufémia, não existia ainda o edifício do Clube Ferrovia — apenas os bungalows de madeira acolhiam as festas e encontros que tantos recordam com saudade. Mas a felicidade já morava ali, naquele espaço que era de todos, onde cada banco, cada árvore e cada olhar se tornavam eternos.

É impossível não me comover ao ver a minha mãe assim — jovem, bonita, firme no seu jeito tímido e elegante, sem saber ainda tudo o que a vida lhe reservava. São estas imagens que nos ligam à nossa origem, que dão rosto às histórias que ouvimos em casa e que, agora, partilhamos para que não se percam no tempo.

Com este registo, deixo mais uma peça do grande puzzle da memória cubalense.
Que esta imagem toque também o coração de quem a vê — e que ajude a manter viva a alma do nosso Cubal Angola Terra Amada.

Com carinho,
Ruca
https://cubal-angola.blogspot.com

02 junho 2025

Cubal – Finais dos anos 50 | Casamento da amiga Fátima Chícharo Neves.

Em pé da esquerda para direita : 2ª a minha jovem e futura mãe Júlia Flórido (Gonçalves), com 16-17 anos. Noiva : Fátima Chícharo Neves. Quem identifica as restantes amigas?
CLICAR NA IMAGEM PARA AMPLIAR

Hernâni Cabral, disse: "Ruca. Além da tua mãe reconheço na direita da foto a seguir à miúda a Emília Saraiva que casou com o Benjamim Coelho e a seguir é a Lucília cunhada do Pereira revisor do CFB. As miúdas, direi que são as irmãs da Fátima Chícharo Neves mulher do Augusto Neves(cabecinha) e já a agora tias da Ana Paula Neves."...

 

Outro contributo cubalense, diz: Ruca,  a noiva, Fátima Chícharro, que casou com o Augusto Neves (cabecinha de ouro), como era conhecido. As duas crianças, irmãs da noiva, Corália e Lita Chicharo. 

Outro comentário não identificado: Como curiosidade, o edifício branco que aparece na foto era a serralharia do Sr Virgilégio, pai do Becas, no inicio do bairro da Camunda




 Do fundo do meu baú familiar, partilho mais uma pérola que nos transporta para os tempos dourados do Cubal no final dos anos 50. Esta fotografia, desbotada pelo tempo mas viva em emoções, traz consigo a simplicidade elegante e a beleza pura de uma geração que marcou os alicerces da nossa terra.

No verso da foto, apenas uma breve anotação: “Casamento de uma amiga…”. Uma frase que, apesar de vaga, abre um mundo de memórias e mistérios por desvendar.

Reconheço, com emoção, a minha querida mãe, Júlia Flórido (Gonçalves), ainda jovem, a segunda em pé a contar da esquerda. Uma imagem que me toca profundamente e me liga a tantas histórias ouvidas ao longo da vida — de amizades, festas, e de uma juventude vivida com intensidade no coração de Angola.

A noiva, ao centro, é o rosto da elegância e da felicidade, vestida de branco, com tiara e vestido de tule, rodeada pelas amigas que certamente fizeram parte do seu dia mais especial. Mas… quem será ela? E quem são todas estas jovens encantadoras que a rodeiam?

Lanço aqui um apelo a todos os que guardam na memória os tempos do nosso querido Cubal: ajudem-me a identificar este momento e ano do evento, esta noiva e os nomes de todas as jovens presentes na imagem. Cada nome que juntarmos a este retrato é uma peça que se encaixa no nosso puzzle de memórias.

Porque recordar é viver — e juntos mantemos viva a alma do nosso Cubal.

,
Ruca
https://cubal-angola.blogspot.com

01 junho 2025

Memórias com alma – Jardim do Ferrovia - Cubal, 1959

Da esq. para direita: Eufémia Vieira (Marques),  Laura, pequena Guida - irmã da Eufémia, a m/ mãe Júlia e a Fernanda Oliveira

 
É com uma emoção difícil de descrever que partilho esta imagem rara e preciosa, enviada pela querida Eufémia Vieira Marques, amiga da casa e guardiã de tantas memórias do nosso Cubal.

Corria o ano de 1959 e o cenário é o velho Jardim do Ferrovia — um espaço ainda sem o emblemático edifício do clube, onde o salão era feito de simples bungalows de madeira, mas onde se viviam momentos de uma beleza e alegria que o tempo nunca conseguiu apagar.

Nesta fotografia, de um valor incalculável para mim, está a minha mãe, Júlia Flórido (Gonçalves), com apenas 17 anos. Vê-la assim, jovem, radiante, sentada entre as amigas que sempre ouvi mencionar em casa ao longo da minha vida, é como abrir uma janela para o passado e sentir o calor daquelas histórias contadas ao serão.

Da esquerda para a direita: a Eufémia Vieira (Marques), sempre sorridente, a Laura (filha do senhor Edmundo Freitas, dos Açores), a pequena Guida, irmã da Eufémia, a minha mãe Júlia, e a Fernanda Oliveira — nomes que me acompanham desde sempre, carregados de ternura e cumplicidade.

As roupas, os sorrisos, o cenário simples mas cheio de vida… tudo nesta imagem respira autenticidade. É uma celebração da amizade, da juventude cubalense e da força de laços que resistiram ao tempo e à distância. São estas memórias vivas que fazem do Cubal não apenas um lugar, mas uma parte eterna do nosso coração.

Obrigado, Eufémia, por esta partilha que tanto significa para mim. Que esta imagem fale aos corações de todos os que aqui viveram, cresceram e deixaram um pedaço da sua alma.

Com carinho,
Ruca

A beleza feminina cubalense dos anos dourados - Cubal anos 60

Da esquerda para direita: Emília Cunha, Eufémia Vieira Marques, Paula Xavier e Locas 

Há imagens que não apenas capturam um momento no tempo, mas transportam-nos para uma era de elegância, juventude e encanto. Esta fotografia, gentilmente partilhada por Eufémia Vieira Marques, é uma dessas preciosidades que nos fazem viajar aos anos 60, ao coração do Cubal, mais precisamente ao salão do Recreativo do Cubal — palco de tantas memórias inesquecíveis.

Nesta ocasião especial — um casamento cujo nome do casal continua um pequeno mistério a desvendar — vemos quatro jovens cubalenses num brinde de pura alegria e amizade. Da esquerda para a direita, identificamos Emília Cunha, Eufémia Vieira Marques, Paula Xavier e Locas.  O sorriso espontâneo de cada uma, o brilho nos olhos e os vestidos delicadamente escolhidos para a ocasião são testemunho da graciosidade e sofisticação das mulheres cubalenses da época.

A mesa decorada com um bolo esculpido e detalhes florais remete-nos para o cuidado e carinho com que se celebravam os momentos importantes. Mas é sobretudo a leveza do gesto, o levantar dos copos em uníssono, que simboliza a união, a amizade e os laços que marcaram uma geração.

A beleza aqui não é apenas exterior — ela vive na elegância do gesto, na expressão sincera de felicidade, na forma como a história se entrelaça com a vida de cada uma destas mulheres. São memórias como esta que constroem a alma do Cubal e mantêm viva a chama do passado.

Agradecemos à Eufémia esta partilha que nos enche de ternura e nostalgia.

Ruca

Créditos: Imagem do arquivo pessoal de Eufémia Vieira Marques, partilhada para o Cubal-Angola. Terra Amada!

P.S.: Se a noiva não está nesta foto, onde estaria ela? Talvez numa próxima partilha descubramos — a história continua!