08 novembro 2025

🎉 Recordação histórica: Baile de Finalistas do Liceu no Cubal (1972/1973)!

 

Turma do 5º ano do Liceu do Cubal, Finalistas 1972/1973. Cortesia de Carlos Monteiro.

🎉 Baile de finalistas do Liceu do Cubal, 1972/1973: A Turma do 5º Ano (Foto Histórica)

É com um enorme prazer que recebemos mais um tesouro do nosso amigo Carlos Monteiro para o arquivo digital do CUBAL ANGOLA TERRA AMADA! (Cubal-angola.blogspot.com).

Esta é uma fotografia vibrante e cheia de história do Baile de Finalistas do Liceu, referente ao ano letivo de 1972/1973 — a turma do 5º ano! Quase 52 anos separam-nos deste momento, mas a memória está bem viva, e a beleza e o entusiasmo daqueles jovens finalistas perduram neste testemunho a preto e branco.


👑 O mistério da Miss e a galeria de Memórias

Carlos Monteiro sugere que este momento imortalizado possa ter sido o da eleição da Miss Finalista daquele ano. O nome, já perdido nas brumas do tempo, é um convite à nossa comunidade para ajudar a completar este puzzle da memória cubalense!

O próprio Carlos oferece-nos uma lista de identificações que servem de ponto de partida para a nossa "enciclopédia" coletiva, o nosso  Zezau e todos os que se recordam destes anos dourados:

Posição Nome Identificado Notas e Pistas
Em cima (da esquerda para a direita) Bonzão 1.º à esquerda.
Palmira 2.º.
Isabel Duarte 3.º.
???? 4.º.
???? 5.º (Irmã de um gerente bancário).
Miss 6.º (Seria irmã da Nini ).
Benvinda 7.º.
Elizabeth Ribeiro 8.º.
???? 9.º.
???? 10.º.
???? 11.º.
???? 12.º e último à direita.
Em baixo (da esquerda para a direita) Dadinho O primeiro agachado.
Eu (Carlos Monteiro)
Artur Irmão da Palmira.
Marques RIP.
Elias Crê ser este o nome.

💡 Apelo à "enciclopédia" Zezau e a todos os Leitores!

Carlos, a tua descrição é fabulosa e um ponto de partida valiosíssimo!

Conforme referes, sabemos que a nossa "enciclopédia Zezau" terá certamente a chave para corrigir, completar ou até mesmo identificar a Miss Finalista e todos os nomes que ainda estão em falta.

Amigos do Cubal, é a vossa vez!

  • Reconhece-se nesta foto?
  • Consegue identificar os nomes em falta (os ????)?
  • Qual era o nome da Miss Finalista de 1972/1973?

Deixem os vossos comentários abaixo ou enviem as vossas correções e memórias para enriquecer este registo! Queremos que todos estes rostos tenham o seu nome de volta, honrando a história do Liceu do Cubal!

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Saudações

Ruca

💰O financiamento e a construção da Escola Industrial e Comercial do Cubal em 1967

 


💰 O financiamento e a construção da Escola Industrial e Comercial do Cubal em 1967

(Documento: Portaria n.º 22 993, publicada no Diário do Governo, n.º 256, I Série, de 3 de Novembro de 1967.)

O nosso oitavo documento histórico fecha o ciclo de transformação da nossa principal instituição de ensino! Se o documento anterior (Decreto n.º 47 799) decretou a elevação da Escola para **Industrial e Comercial**, esta **Portaria n.º 22 993**, de **3 de Novembro de 1967**, traduz essa decisão em números, autorizando o financiamento para a **construção e o apetrechamento** da nova escola.

Os números do investimento no Cubal

O decreto autoriza o Governo-Geral de Angola a avançar com as obras e as compras necessárias, definindo os montantes máximos para o investimento, escalonados por ano. Reparem nos valores destinados à nossa Vila, que estão logo no ponto **1), alínea e)**:

e) Escola Industrial e Comercial do Cubal:

1967 . . . **350 000$00**
1968 . . . **550 000$00**

TOTAL . . . **900 000$00**

Apesar de o montante total de **900.000$00** para o Cubal ser inferior ao de outras localidades mencionadas (como Lobito e Luso), este valor é crucial, pois confirma a passagem da escola do plano legal para a **realidade física**. Este dinheiro destinava-se a construir ou adaptar edifícios e a adquirir o equipamento (máquinas, ferramentas, material de laboratório) necessário para os novos cursos de Eletromecânica, Formação Feminina e Comércio.

O financiamento vinha por conta da dotação atribuída ao "Plano Intercalar de Fomento - Promoção social - Educação", reforçando o carácter de desenvolvimento e planeamento deste investimento.


🔎 O legado das obras e do ensino

Este documento é a prova de que a nossa escola era uma obra com orçamento definido e cronograma a cumprir. É um testemunho do período de grande e rápido desenvolvimento que o Cubal viveu na década de 60.

Quem viu a construção ou remodelação da Escola Industrial e Comercial? Têm fotografias das obras ou do equipamento novo? A vossa memória constrói a nossa história documentada!

Saudações Cubalenses!

Ruca

05 novembro 2025

⛈️ Mais de 30 mil raios em Lisboa: Não vos lembrou as trovoadas épicas do nosso Cubal?

Um estrondo na madrugada de Lisboa. Os jornais referem em dezenas de milhares de raios. Mas o que este fenómeno me fez sentir não foi o tremor da capital, foi o tremor da nossa casa no Cubal, nos anos sessenta e setenta! Quem se lembra daquelas trovoadas que pareciam não ter fim, que faziam a mobília ranger e os vidros cantar ao ritmo do raio? É uma memória forte, sobretudo a do abraço de proteção da minha mãe. Um porto seguro contra a fúria do céu. Se a trovoada de Lisboa o transportou para estes tempos, leiam e partilhem a vossa história!

Notícia em Destaque:

"Acordou com a trovoada? Zona de Lisboa atingida por milhares de raios durante a madrugada"

Excerto: "A madrugada desta quarta-feira foi marcada por intensas trovoadas na região de Lisboa e Vale do Tejo. De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), nas últimas 24 horas, até às 06:50, foram registadas mais de 20 mil descargas elétricas positivas e mais de 10 mil descargas negativas..."

Fonte: CNN Portugal

O estrondo que nos unia 

Cubal, sol de fim de tarde, mas o céu se fecha em dor,
Anos sessenta, setenta, o terror do trovão maior.
Não era só chuva, era a terra a respirar,
E o ar carregado, os vidros a vibrar.

Mas a força maior, que a memória não desfaz,
Era o abraço quente que a minha jovem mãe me traz.
Um escudo de amor, contra a fúria da tempestade,
A tremer de medo, mas seguro no seu lume.

Lisboa treme hoje, a notícia faz-nos ver,
Que a saudade do Cubal não se pode esconder.

E tu, Cubalense, essa trovoada de outrora,
Não te abraça a alma, não te faz reviver essa hora?

E tu, Cubalense, essa trovoada de outrora, não te abraça a alma, não te faz voltar àquele tempo? Partilha connosco as tuas memórias!

Ruca

04 novembro 2025

O cronista visual do Cubal: Homenagem a Júlio Gil Barros , (GIL) "JUGIBA" e o legado da 'Foto Lig'

 O fotógrafo, o viajante e o cronista que trouxe o mundo ao Cubal

JÚLIO GIL BARROS

FOTO LIG, no Cubal


É com o coração cheio de nostalgia e, acima de tudo, de profunda gratidão que me dirijo a todos os cubalenses e amigos do Cubal. O blogue do Cubal angola terra amada - cubal-angola.blogspot.com vem hoje prestar uma justa homenagem a um homem que é, ele próprio, um pedaço vivo da nossa história: Júlio Gil Barros — o nosso querido Gil, ou "JUGIBA".

⚽ De desportista a cronista: O GIL/JUGIBA dinâmico

O dinamismo de Gil Barros não se limitava à câmara. Sabemos que a sua garra e empenho foram evidentes antes de abraçar a fotografia no Cubal, tendo já dedicado parte da sua vida ao desporto. Esta mesma energia e paixão, características de um desportista, foram transferidas para a forma como capturava a vida da nossa terra e, claro, a emoção dos jogos do Recreativo.

Quando olho para esta imagem da "Foto Lig", vejo mais do que uma montra: vejo um centro de convívio, um ponto de encontro da alma cubalense. Lembro-me, e sei que muitos de nós se recordam, daquele ritual sagrado de ir "religiosamente", poucas horas após o apito final dos jogos do Recreativo do Cubal, espreitar a reportagem fotográfica exposta ali. Era o nosso ecrã, o nosso jornal, a nossa memória instantânea. Era o Gil a garantir que a emoção do campo não se perdia.

🌍 O viajante e o mundo visto na montra

Mas o trabalho do Gil é muito maior do que as nossas recordações do futebol. Lembro-me, em particular na minha infância, da fascinação que era quando o Gil regressava das suas longas viagens. Quem não se lembra de ficar hipnotizado a ver os slides projetados na montra da sua loja?

Eram as suas façanhas de viajante, capturadas em cenários longínquos: o Parque Nacional Etosha, o deserto de Moçâmedes, Macau, e até os Açores, entre outros belos locais. Recordo-me nitidamente de ver pela primeira vez a beleza da Lagoa das Sete Cidades através das lentes do Gil. Ele não só registava o Cubal, mas trazia o mundo até nós, cativando-nos com o seu talento como **captador de cenários e imagens**.

O Gil foi o nosso cronista visual, o nosso guardião de momentos. Se hoje o nosso blogue, cubal-angola.blogspot.com, existe como um tesouro de memórias, é em grande parte graças ao olhar atento e dinâmico do GIL/ JUGIBA. Quantas FAMÍLIAS FOTOGRAFADAS, quantos EVENTOS e quantos TRABALHOS ele eternizou? Festas, batizados, paisagens industriais, as fazendas, o sisal, as escolas — ele registou o Cubal em movimento.

As suas fotografias não eram apenas registos; eram documentos de valor histórico inestimável. A prova disso é que o seu trabalho, o da "Foto Lig", faz hoje parte de arquivos oficiais, como os que documentam a Barragem de Lomaum e o desenvolvimento da região.

Antes de 1975, o Gil elevou o nome do Cubal e dos cubalenses nas diversas revistas e jornais de Angola. Ele era um embaixador da nossa terra, usando a luz e a câmara para contar a nossa história ao mundo.

🌟 Reconhecimento:

Júlio Gil Barros, o nosso GIL/JUGIBA, merece o nosso mais profundo e sentido obrigado por tudo o que registou, por tudo o que nos deu e por ter sido o espelho da nossa comunidade. É imperativo que todo o seu trabalho tenha um reconhecimento público à altura do legado que ele nos deixou. O Cubal deve-lhe a sua memória fotográfica.

Quem não possui uma foto familiar, com a identificação no canto inferior de "Lig" ou "Foto Lig" ?


Obrigado, Gil, por manteres a nossa história viva.

Um grande abraço,


Os Meninos da arcada da casa do Raúl e Júlia no Cubal (*inspirado em Ondjaki)



Hoje sonhei com o Cubal
__________________________

E os meninos! 

Os da minha rua, os da minha fé, 

Aquele tempo de kart, 

a alegria de um "pé-de-cão" 

Que corria solto, sem saber o que é. 

Eram irmãos de brincadeira, pacto sem sermão. 

No pátio da arcada, onde o chão era nosso mapa,

Cada bicicleta, cada riso, era a mais feliz das etapas. 

Não havia guerra, nem silêncio: havia o jogo. 

Éramos a chama breve, antes do grande fogo.


* (inspirado em Ondjaki) 

Ruca - 03 de novembro 2025

#Cubal #cubalangolaterraamada #angola

 

03 novembro 2025

7) De Escola Técnica elementar a Industrial e Comercial! O salto do Ensino no Cubal em 1967

,


(Documento: Decreto n.º 47 799, publicado no Diário do Governo, n.º 165, I Série, de 17 de Julho de 1967)

Avançamos rapidamente na nossa cronologia! Se o quarto documento (Decreto n.º 46519 de 1965 ) nos mostrou a criação da **Escola Técnica Elementar** no Cubal, este sétimo documento — o **Decreto n.º 47 799**, de **17 de Julho de 1967** — demonstra o rápido desenvolvimento da nossa Vila e a resposta do Governo à procura por formação profissional!

A reclassificação: Mais estudos, mais futuro

O preâmbulo do decreto explica o motivo desta reclassificação: satisfazer as necessidades resultantes do "progresso industrial e comercial verificado na província de Angola" e reclassificar escolas para uma **"maior extensão dos estudos nelas ministrados"**

E a Vila Cubal, menos de dois anos após a fundação da sua primeira escola técnica, é a principal beneficiária! O **Artigo 1.º** decreta formalmente:

Citação do Artigo 1.º:

"São elevadas à categoria de **escolas industriais e comerciais** as Escolas Técnicas Elementares de Henrique de Carvalho e **do Cubal**, ambas de frequência mista, nelas passando a funcionar:


  1. Ciclo preparatório do ensino secundário;
  2. Cursos de formação de: Electromecânico, Formação Feminina, e Geral de Comércio;
  3. Secções preparatórias para os institutos industriais e comerciais.

É um salto quântico na qualidade e diversidade da educação oferecida no Cubal!  De "Elementar", passamos a ter **cursos industriais** (Electromecânico, Trabalhos Manuais, Electricidade, Serralharia e Grafias ) e **cursos comerciais** (Geral de Comércio).

Isto reforça a narrativa que temos vindo a construir: o Cubal não era apenas um concelho no mapa; era um **polo em crescimento industrial e comercial** que exigia mão de obra qualificada. Os símbolos no nosso brasão (o gado e o sisal) ganham agora um novo complemento: a **formação técnica**!

O Decreto também extingue a Escola Elementar a partir da data de funcionamento da nova escola, garantindo que todo o pessoal transite para a nova instituição, mantendo os seus direitos.


🔎 O legado da Escola Industrial e Comercial do Cubal

Esta é uma das instituições mais importantes na memória de muitos cubalenses. Com a criação de novos quadros de pessoal (Art. 2.º), a escola ganhou uma nova vida e mais capacidade de ensino.

Quem estudou no **Ciclo Preparatório**, no curso de **Electromecânico** ou na **Formação Feminina** desta Escola?  Quem lecionou?  

Partilhem connosco as vossas memórias, fotos e histórias desta época dourada da educação no Cubal!

Saudações Cubalenses!

Ruca

02 novembro 2025

6) 👨‍👩‍👧‍👦 O Decreto de 1966 que reforçou o Registo Civil no Cubal

 



(Documento: Portaria n.º 21 886, publicada no Diário do Governo, n.º 43, I Série, de 21 de Fevereiro de 1966.)

Avançamos para o **sexto documento** da nossa série histórica! Depois de termos visto a PIDE, o Brasão e a Escola Técnica, voltamos a mergulhar na **administração e na vida cívica** dos cubalenses. O documento de hoje, a **Portaria n.º 21 886**, de **21 de Fevereiro de 1966**, confirma o crescimento e a necessidade de reforçar serviços essenciais na Vila Cubal: o **Registo Civil**.

O sumário é claro: criam-se lugares de "oficial privativo" nas delegações do Registo Civil de vários concelhos de Angola. A justificação é que o "movimento das delegações do registo civil situadas nos concelhos mais populosos da província de Angola aconselha a criação de lugares oficiais privativos".

O Cubal e o reforço dos serviços essenciais

A Portaria manda, portanto, criar um lugar de oficial privativo em cada uma das delegações do registo civil de uma vasta lista de concelhos. E, orgulhosamente, o **Cubal** está incluído nessa lista! Este é o reconhecimento oficial do aumento da população e da atividade cívica no nosso concelho.

Citação da Portaria n.º 21 886 (Ponto I):

"É criado um lugar de oficial privativo em cada uma das delegações do registo civil dos concelhos de Amboim, Andulo, Bailundo, Bela Vista, Bocoio, Caála, Caconda, Cacuso, Camacupa, Cambambe, Capelongo, Cela, Chitato, **Cubal**, Dande, Dilolo, Duque de Bragança, Ganda, Golungo Alto, Icolo e Bengo, Libolo, Menongue, Negage, Porto Alexandre, Quibala, Saurino, Seles e Vila Nova, na província de Angola."

A criação de um **Oficial Privativo** no Registo Civil do Cubal, que lida com nascimentos, casamentos e óbitos, é um indicador de que a vida na Vila estava a expandir-se a um ritmo que exigia um reforço de pessoal permanente e dedicado. É uma prova, fria e burocrática, do dinamismo demográfico e social que o Cubal vivia em meados da década de 60.

O documento também confirma o Diploma Legislativo de Angola n.º 3611, de 8 de Janeiro de 1966, que estabeleceu os quadros de pessoal auxiliar, e autoriza o Governador-Geral a abrir o crédito especial para suportar estes encargos.



No n.º 1, onde se lê: «... Capelongo, Cele, Chitato, Cubal, Dande, Dilolo, ...», deve ler-se: «... Capelongo, Santa Comba, Chitato, Cubal, Dande, Teixeira de Sousa, ...».


🔎 As memórias da vida cívica do Cubal

Com seis documentos, temos uma visão clara: em poucos anos (1962-1966), o Cubal foi formalmente estabelecido, ganhou símbolos, recebeu investimento em educação, viu o reforço da segurança e, agora, viu a consolidação dos seus serviços de registo de cidadania.

Conheces ou lembras-te do Oficial do Registo Civil do Cubal desta época? Se tiveres alguma memória ou fotografia ligada à Repartição do Registo Civil da Vila, partilha-a connosco!

Saudações Cubalenses!

Ruca

5) 🏛️ A história também passa pela PIDE: O Decreto de 1965 (há 60 anos) que criou o Posto da Polícia no Cubal.

 

(Documento: Portaria n.º 21 612, publicada no Diário do Governo, n.º 247, I Série, de 30 de Outubro de 1965.)

Damos hoje continuidade à nossa série de documentos oficiais do Diário do Governo. Depois de estabelecermos a identidade administrativa (concelho, distrito) e social (escola técnica, brasão) do Cubal, partilho convosco um documento que aborda a realidade política e de segurança da época: a **Portaria n.º 21 612**, de **30 de Outubro de 1965**.

Acredito, firmemente, que a história da nossa "Terra Amada" deve ser contada na sua totalidade, sem omissões. E o contexto colonial da década de 60 incluía a presença da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), o organismo de polícia política do Estado Novo.

O Cubal no mapa da PIDE

O sumário da Portaria indica a criação de vários postos da PIDE em diversas localidades de Angola. E, no texto do decreto, o **Cubal** é formalmente incluído nesse mapa:

Citação da Portaria n.º 21 612:

"[...] sejam criados os postos da Polícia Internacional e de Defesa do Estado nas localidades de Miconje, no distrito de Cabinda, Luremo, no distrito de Henrique de Carvalho, Gimbe, Lutembo, Muié e Ninda, no distrito de Moxico, Calai e Dirico, no distrito de Guando Cubango, Baía dos Tigres, no distrito de Moçâmedes, Gabela, no distrito de Cuanza-Sul, e **Cubal, no distrito de Benguela**, na província de Angola, todos dependentes da delegação do referido organismo com sede em Luanda [...]".

O objetivo do decreto era garantir a distribuição do pessoal (efetivo e eventual) da Polícia, consoante as necessidades do serviço. A inclusão do **Cubal, no Distrito de Benguela**, neste conjunto de localidades demonstra que a Vila tinha uma importância estratégica ou populacional que justificava a instalação de um posto desta natureza. Para a nossa história, é um facto administrativo inegável.


🔎 O Nosso Compromisso com a história completa

A publicação destes documentos — sejam eles sobre educação, brasões, ou segurança — permite-nos ter uma visão completa e sem filtros da vida e da administração do Cubal nos anos 60. O nosso papel aqui é o da memória, documentando o que a lei da época estabeleceu.

Continuarei a procurar estes registos oficiais para o nosso blogue. Juntem-se a mim nesta jornada de resgate da história do Cubal.

Saudações Cubalenses!

Ruca

31 outubro 2025

4) 🎓 A aposta no futuro: O Decreto de 1965 que fundou a Escola Técnica elementar no Cubal!

 


🎓 A aposta no futuro: O Decreto de 1965 que fundou a Escola Técnica elementar no Cubal!

(Documento: Decreto n.º 46 519, publicado no Diário do Governo, n.º 200, I Série, de 4 de Setembro de 1965.)

A nossa série de documentos históricos continua a desenhar a linha do tempo da nossa comunidade! Depois de termos visto o estatuto de concelho, a integração distrital e o nosso brasão de armas, chego agora a um decreto que representa uma aposta fundamental no futuro: o **investimento na educação**.

O documento de hoje é o **Decreto n.º 46 519**, de **4 de Setembro de 1965**, emanado pela Direcção-Geral do Ensino do Ministério do Ultramar. O seu sumário é claro: criam-se escolas de ensino técnico em várias províncias ultramarinas.

O Reconhecimento do crescimento escolar do Cubal

A justificação para a criação de novos estabelecimentos de ensino em Angola, S. Tomé e Príncipe e Timor é clara: "O ritmo de crescimento das populações escolares ultramarinas impõe que periodicamente se criem novos estabelecimentos de ensino."

E a nossa Vila, recém-consolidada como concelho e com um brasão oficial, merecia esse passo. O texto refere especificamente:

Citação do Decreto n.º 46 519 (Justificação):

"Na província de Angola os índices de frequência escolar justificam também a criação de escolas técnicas elementares em Henrique de Carvalho e **no Cubal** (...)"

Isto significa que o Cubal tinha, naquela altura, **índices de frequência escolar** que justificavam a criação de uma instituição que oferecesse formação profissional e técnica. E, formalmente, no **Artigo 3.º**, a medida é decretada:

Artigo 3.º:

"São criadas na província de Angola duas escolas técnicas elementares, sendo uma localizada **no Cubal** e outra em Henrique de Carvalho, ambas de frequência mista."

Em 1965, o Cubal era mais do que um nome num mapa administrativo; era uma **comunidade em crescimento**, com jovens que necessitavam de formação para contribuir para o desenvolvimento económico local (pecuária e sisal, como vimos no brasão!). A Escola Técnica Elementar foi, sem dúvida, uma peça chave no desenvolvimento social e profissional da nossa "Terra Amada"!


🔎 O Nosso Apelo à Comunidade Cubalense

Se já publicámos os pilares da administração e da identidade, agora chegamos ao pilar da **formação**! É fundamental que as memórias desta Escola Técnica  não se percam.

**Fomos alunos da Escola Técnica elementar do Cubal?** Temos fotografias, diplomas, histórias de professores ou colegas? A vossa contribuição é vital! Partilhem-nas comigo!

Saudações Cubalenses! Ruca

3) ⚜️ O simbolismo do Cubal : O Decreto que criou o Brasão e a Bandeira da Vila Cubal em 1964

 



(Documento: Decreto n.º 45 618, publicado no Diário do Governo, n.º 69, I Série, de 21 de Março de 1964.)

Depois de mergulharmos nos documentos que comprovam o estatuto administrativo do Cubal como concelho,  trago-vos algo que toca diretamente na nossa **identidade e orgulho**: o decreto que estabeleceu o nosso **Brasão de Armas**, a **Bandeira** e o **Selo** oficiais!

O documento em questão é o **Decreto n.º 45 618**, de **21 de Março de 1964**, que surge para alterar o escudo de armas que havia sido concedido em 1963. Este novo decreto detalha, de forma heráldica e solene, os símbolos que a Vila Cubal teria direito a usar.

Os símbolos da Vila Cubal: A Riqueza da Terra

A descrição das Armas é particularmente rica, ligando a nossa simbologia à terra e à economia da região. O Artigo único do decreto define o seguinte:

Armas (Brasão):

  • **Fundo de verde**, simbolizando a fertilidade e a esperança.
  • Um **boi passante, de prata**, que representa a riqueza pecuária, um pilar económico da nossa região.
  • Em **chefe**, ou seja, no topo do escudo, **três plantas de sisal, de ouro**, alinhadas em faixa. O sisal foi, durante décadas, um motor essencial da economia do Cubal.
  • **Coroa mural, de prata, de quatro torres**, que é o símbolo heráldico reservado às vilas.
  • Listel branco com a designação: **«Vila Cubal»**.

Bandeira e Selo:

  • A **Bandeira** foi definida como **esquartelada de amarelo e vermelho**.
  • O **Selo** continha a mesma composição das armas, com os dizeres: **«Câmara Municipal da Vila de Cubal»**.

É emocionante ver o nosso passado rural e económico — o gado e o sisal — eternizados no nosso brasão! Este decreto é mais do que lei; é um retrato oficial da nossa identidade, publicado em Paços do Governo da República a 21 de Março de 1964.


🔎 O que nos dizem estes símbolos?

Estes três documentos históricos publicados hoje dão-nos uma visão completa do Cubal em 1964: o estatuto de concelho, a integração no Distrito de Benguela e, agora, a sua identidade visual e heráldica. Eu continuarei a procurar por mais documentos que iluminem a história da nossa "Terra Amada"!

Se têm recordações, fotos ou histórias relacionadas com o boi, o sisal, ou a Câmara Municipal da Vila Cubal daquela época, partilhem-nas comigo!

Saudações Cubalenses!

2) O Cubal na estrutura Administrativa de Angola: Um olhar mais profundo sobre o Concelho e o Distrito de Benguela



(Documento: Excerto do Diário do Governo, referente ao Art. 54.º, sobre a divisão administrativa de Angola.)

As minhas incursões pelo Diário da República continuam a dar frutos! Depois de termos visto a formalização do Cubal como concelho em 1962, encontrei agora outro decreto-lei que nos oferece um olhar ainda mais detalhado sobre a estrutura administrativa de Angola, e claro, sobre a nossa querida Terra Amada.

Este documento clarifica a organização da província para fins de "administração local", e é aqui que o Cubal volta a ganhar destaque.

A estrutura da Província e o lugar do Cubal

O artigo que encontrei, o **Art. 54.º**, é bastante claro sobre como o território se dividia:

Citação do Art. 54.º - 1:

"Para os fins de administração local, o território da província divide-se em concelhos, que se formam de freguesias e se agrupam em distritos. Onde, excepcionalmente, não possam criar-se freguesias existirão postos administrativos."

Esta é a base da administração local da época. E, tal como no decreto anterior, o ponto **i)** foca-se diretamente no nosso **Distrito de Benguela**, enumerando os concelhos que o compunham:

Citação do Art. 54.º - 1, ponto i):

"i) Distrito de Benguela: concelho de Benguela, concelho do Lobito, concelho da Ganda, concelho do Balombo, concelho do Cubal e concelho do Bocoio;"

É fascinante ver como, repetidamente, o **Concelho do Cubal** é solidificado e reiterado nestes documentos oficiais. Isso não só reforça a nossa importância administrativa na região de Benguela, mas também nos ajuda a compreender a estrutura e o funcionamento da sociedade cubalense naqueles tempos.

Estas são as leis que moldaram o nosso território e que definiram o Cubal como o concelho que conhecemos e amamos. Cada uma destas citações é um tijolo na construção da nossa memória histórica!


🔎 Continuo a descobrir e a partilhar as nossas raízes legais!

Como vos prometi, continuarei a mergulhar nos arquivos do Diário da República. É através destes documentos, por vezes esquecidos, que conseguimos reconstruir a linha do tempo da nossa "Terra Amada".

Por favor, continuem a visitar o blogue e, se tiverem acesso a outros documentos, mapas ou histórias que revelem mais sobre a história legal ou administrativa do Cubal, partilhem-nos comigo!

Documento completo

Pelo interesse, para investigadores e a quem interessar









Saudações Cubalenses!

1) O Cubal no Diário do Governo de 1962: A inclusão legal no Distrito de Benguela



(Documento: Decreto n.º 44 325, publicado no Diário do Governo n.º 101, Série I, de 4 de Maio de 1962.)

O nosso arquivo de memórias e história enriquece-se hoje com um documento de peso que  encontrei durante as minhas pesquisas no Diário da República, o nosso arquivo de legislação portuguesa:

Trata-se do **Decreto n.º 44 325** , emanado pelo **Ministério do Ultramar** [cite: 35], que faz parte de uma atualização fundamental do **Estatuto Político-Administrativo da Província de Angola** [cite: 41], visando, entre outros aspetos, uma "mais exacta representação de todos os distritos"[cite: 39].

Onde entra o Cubal na Lei?

O valor deste documento para a história do Cubal reside na sua oficialização legal da nossa terra no mapa administrativo de Angola. A lei reformula o Artigo 51.º do Estatuto [cite: 46], listando detalhadamente as áreas abrangidas por cada distrito[cite: 96]:

No ponto 9), o decreto refere-se ao **Distrito de Benguela**[cite: 89], e o que lemos é a prova oficial da nossa organização territorial:

Citação do Artigo 51.º, n.º 9):

"Distrito de Benguela: concelho de Benguela, concelho do Lobito,  concelho da Ganda, concelho do Balombo e concelho do Cubal;" [cite: 105]

Em 1962, o Estado Português formalizava e consolidava a posição do **Cubal como um *concelho* integrante do Distrito de Benguela**[cite: 105]. Esta menção legal, impressa no Diário do Governo, é a prova oficial da importância administrativa da nossa terra naquele período da história de Angola[cite: 40].


🔎 O Arquivo Histórico é nosso e continuo a procurar!

Estes documentos legais, aparentemente frios, são na verdade **os pilares que sustentam a história e a memória da nossa Terra Amada**. Eu continuarei a procurar e a partilhar convosco estes achados, pois acredito que só assim se constrói o nosso rico arquivo.

É por isso que convido toda a comunidade cubalense a juntar-se a mim. Se encontrarem ou tiverem acesso a documentos oficiais, mapas, ou outros registos que ajudem a traçar a linha do tempo da nossa vila/cidade, partilhem-nos com o blogue!

Saudações Cubalenses!

A TUA HISTÓRIA VALE OURO!



A TUA HISTÓRIA VALE OURO! 

ATENÇÃO, CUBALENSES! 📢

O sábio do Cubal (também conhecido como "o Guardião das Memórias") está de volta! O Homem não brinca em serviço: Ele quer a tua história, os teus documentos, as tuas fotos antigas... e até a receita secreta daquele bolo de mandioca da tua avó (se tiver papel e data, conta!).

Para quê? Para celebrarmos juntos a nossa terra, Cubal, Angola Terra Amada! 🌍

O nosso Guardião está a pedir por favor (com a elegância de quem já viu de tudo, do C mais antigo ao U mais recente, passando pelo B da barragem, o A do amor e o L da lenda).

Não deixes as tuas memórias a apanhar pó na arca! Chegou a hora de serem estrelas! 

  • Tens documentos do tempo do Caparandanda?
  • Tens aquela foto de 1970 da tua formatura?
  • Tens a carta onde o teu pai pedia a mão da tua mãe?

PARTILHA! A tua história é o tijolo que falta para construir o nosso blogue de luxo.

**Para desvendar os segredos de Cubal, a Terra Amada, e enviar as tuas relíquias, o endereço é: Cubal.Ruca@gmail.com ** ➡️ https://cubal-angola.blogspot.com ⬅️

👉 Clica, envia e ajuda a escrever o livro de ouro de Cubal! Juntos, somos a lenda!

Saudações cubalenses

Ruca

 

⭐ Resgate Histórico: O cartão de Sócio N.º 523 do Clube Beneficente e Recreativo do Cubal

(Imagem: Cartão de Sócio N.º 523 do Clube Beneficente e Recreativo do Cubal, enviado por Carlos Monteiro)

O nosso amigo Carlos Monteiro presenteia-nos hoje com mais uma preciosa memória cubalense e um pedaço da história da sua família!

Trata-se do cartão de Sócio N.º -523- do histórico **Clube Beneficente e Recreativo do Cubal**, pertencente ao seu pai,  Antonio Saraiva da Fonseca Monteiro.

Este singelo, mas riquíssimo, documento transporta-nos de imediato para a **vida social e comunitária do Cubal de outros tempos**. O Clube, enquanto ponto de encontro e coração das atividades recreativas e beneficentes, era um pilar essencial na nossa "Terra Amada". É um vislumbre autêntico do que era fazer parte da sociedade cubalense.

O Carlos Monteiro partilha connosco uma curiosidade que a história, agora partilhada, nos ajuda a corrigir e a recordar com um sorriso: apesar do registo oficial no cartão indicar "Conceição," o apelido correto do seu pai era, na verdade, **Fonseca**. Pequenos lapsos que não diminuem o valor desta relíquia!

Grato pela partilha deste documento que enriquece o nosso blogue **CUBAL Angola Terra Amada**!


📢 Memórias Cubalenses: O Passado Vive no Presente!

Este cartão de sócio do Clube Beneficente e Recreativo do Cubal, que nos foi carinhosamente enviado pelo Carlos Monteiro, é mais do que um pedaço de papel: é um **tesouro da nossa história coletiva**.

✨ Apelo à Comunidade Cubalense:

O blogue **CUBAL Angola Terra Amada** existe para todos nós! Assim como o Carlos Monteiro, convidamos cada um a abrir as suas gavetas e baús de recordações.

  • Tens **fotografias antigas** do Cubal?
  • Tens **documentos, postais, ou bilhetes de eventos** da nossa terra?
  • Tens **histórias, lendas, ou poemas** que marcaram a tua vida no Cubal?

Partilha-os connosco!

A tua contribuição é **vital** para mantermos viva a chama do Cubal e para construirmos, juntos, o mais rico e completo arquivo de memórias da nossa Terra Amada.

Obrigado, Carlos Monteiro, por este incentivo! **

Junta-te a nós, e partilha a tua história!**

Saudações Cubalenses!

29 outubro 2025

Homenagem a José Arménio de Almeida Fontoura - Meno Fontoura : O guardião das memórias do Cubal

 

14 anos após a sua mensagem, um tributo à paixão e ao inesgotável espírito de partilha.

Em 4 de novembro de 2010, no nosso blogue, José Arménio de Almeida Fontoura – o "Meno Fontoura" – deixou uma mensagem que transcende o tempo. Mais do que um post, é um documento vivo, uma declaração de amor incondicional à sua terra natal.

Hoje, prestamos homenagem a Meno Fontoura pela sua generosidade e pelo seu apelo à união, que não só mobilizou uma comunidade, mas também nos legou um retrato detalhado e comovente da vida em Cubal.


I. O VIBRANTE APELO À AÇÃO

A essência da mensagem de Meno Fontoura foi um chamamento fervoroso à participação. Ele reconheceu a oportunidade que a plataforma digital oferecia e insistiu para que os Cubalenses a aproveitassem:

"Gostaria de pedir a todos os Cubalenses que aproveitemos esta oportunidade para nos MANIFESTARMOS, escrevendo uma pequena mensagem, enviando fotos e também consultando o site..."

O seu respeito estendeu-se aos que mantinham viva a memória, como José Luís Pena, que o apelou a não se "deixar desencorajar", e nomes como Henrique Faria e Tomané. O seu pedido era claro e apaixonado: "NÃO ABANDONEM" e colaborem, enriquecendo o espaço online com documentos que recordassem o Cubal. Esta é a prova de um homem que via na partilha o único caminho para preservar a história coletiva.


II. AS RAÍZES PROFUNDAS: O TESTEMUNHO PESSOAL

Para Meno Fontoura, o apelo era indissociável da sua identidade. Ele apresenta-se com a precisão de quem conhece e ama profundamente as suas origens, alicerçando a sua mensagem em factos biográficos que o ligam intrinsecamente à vila:

  • Nascimento e Família: Nasceu no Cubal a 14 de julho de 1959. Os seus pais, Francisco e Aurora Fontoura, eram comerciantes na Camunda, na rua Diogo Cão. A menção da casa e loja, "feitas pelo senhor Fonseca", localiza a memória na arquitetura e no quotidiano da vila.

  • Percurso Educacional: Do seu tempo de estudante, descreve um percurso que moldou a sua juventude: a Escola Primária n°40 (perto do quartel da tropa portuguesa), a Escola Preparatória (Trindade Coelho) e a Escola Industrial e Comercial D. João II (curso geral de eletricidade). Recorda professores icónicos como o Carracho, o Engenheiro Falcão, o Maia (matemática) e o falecido Leonel, lembrado pela sua "famosa sabatina".


III. O LÉXICO DA SAUDADE: A Galeria de Cubalenses

O clímax desta homenagem reside na torrente de nomes que Meno Fontoura evoca, transformando a mensagem numa espécie de censos afetivo. Ele tece uma tapeçaria social da vila, lembrando amigos, vizinhos, colegas, comerciantes e figuras públicas, um testemunho inigualável da vida comunitária:

  • Vizinhos e empresários: Menciona quem ficou no Cubal até 1981 e depois, como o tio João Alberto Fontoura(do Chissongo), D. Júlia (comerciante da Camunda), o Nascimento da Camunda, o Raul mecânico, pai do Ruca e a Elsa cabeleireira.

  • Os Amigos de sempre: Recorda o Luis Alberto Benites de Sousa (do boteco e discoteca "Rebita"), Alzira Guedes Resende (seu par na dança "a barra da minha saia"), e o grupo que ia apanhar esquilos na estrada da Ganda.

  • As Instituições locais: Os pontos de referência social e comercial são eternizados: o Tipoia (onde comprava o alpino), o Chiputia (onde se jogava matraquilhos), o Horacio da moagem (onde brincava às escondidas), a Peixaria dos Canavezes, o Bar João, e o Carrasqueiro e seu minimercado.

  • Figuras Notáveis: Desde a D. Cândida parteira (que ele e Benites de Sousa foram chamar de urgência), ao Pratas do cinema, ou o China ("campeão de motocrosse e orgulho dos jovens").

O seu rol de memórias estende-se ainda aos momentos de lazer: as Mini-Hondas, os piqueniques na lagoa do Johne e no Chissongo, os clubes Recreativo e Ferrovia, e até as "caçadas de crianças" de rolas e pombos-verdes, com fisgas e pressão de ar.


IV. O Legado da Esperança

A mensagem de José Arménio de Almeida Fontoura é um ato de profunda generosidade. Ao nomear e descrever, ele assegura que estas pessoas, estes lugares e estes momentos não serão esquecidos.

A sua voz, que ressoou em 2010, permanece como um farol para a comunidade Cubalense espalhada pelo mundo. A sua conclusão, inspirada em Olga Valadas, é o epitáfio perfeito para o seu espírito:

"um cubalense nunca desiste! de encontrar mais cubalenses conhecidos."

Meno Fontoura cumpriu o seu papel de contador de histórias e mobilizador de afetos. A sua partilha, repleta de "Ai que saudades !!!", é a mais sentida homenagem que se pode fazer à força e resiliência da identidade de Cubal. O seu texto é, e continuará a ser, um abraço à distância para todos os que partilham esta saudade.

Abraço Meno e obrigado pela tua dedicação e apoio ao blogue , ao nosso blogue

Ruca


🗞️ Tesouros do passado: Cubal, a "Sisalândia", rumo a sede de Concelho e ao progresso!



Apesar da baixa qualidade da imagem disponibilizada, é com grande entusiasmo que partilhamos hoje um documento histórico notável, cedido gentilmente pelo António Freitas de Oliveira. Trata-se de um artigo de revista, com o título expressivo "CUBAL vai ser sede de concelho e deseja também uma agência do BANCO DE ANGOLA", que nos transporta diretamente para um momento crucial na história do nosso vibrante  Cubal.

Uma época de otimismo e evolução

O texto, provavelmente publicado num período de pré-elevação ou pouco depois da crise do preço do sisal, capta na perfeição o espírito de luta e a ambição dos habitantes de Cubal. A "aspiração máxima" da povoação era clara: ascender à categoria de vila e sede de concelho.

🌿 Cubal, a “Sisalândia”: O artigo destaca o papel de Cubal como um dos maiores produtores de sisal de Angola – uma designação que a ligava intrinsecamente à sua economia agro-pecuária e aos seus "férteis terrenos".

A luta pelo reconhecimento

O artigo enfatiza que a elevação a sede de concelho seria a "efectivação de um sonho" alicerçado na sua crescente importância. A data de 1959 é mencionada como um ano de promessa para este passo em frente – um sonho que viria a concretizar-se. Para o registo histórico, o Cubal foi elevado à categoria de vila e sede de concelho em 14 de junho de 1961.

Os pilares do progresso desejado:

  • Infraestruturas: Construção de edifícios para a sede da Administração, Comissão Municipal, Fazenda, Correios, e a ampliação do Hospital.

  • Economia: O desejo de novas indústrias e a consolidação do setor do sisal, incluindo oficinas e armazéns.

  • Serviços Bancários: A necessidade urgente de uma agência do Banco de Angola, devido aos 200 km de distância até à agência mais próxima (em Benguela), demonstrando o crescente volume de transações comerciais, industriais e agrícolas.

O texto conclui com uma nota de forte confiança no futuro: "Só assim é que se compreende o progresso e só assim é que Angola caminhará para o futuro."


🏛️ Uma viagem no tempo

As fotografias que acompanham o artigo são um tesouro à parte, mostrando:

  • "Modernas construções" (a parte superior da imagem).

  • Uma "casa de arquitectura original" no Cubal (no centro).

  • Um edifício em construção.

Estes registos visuais são um testemunho tangível da arquitetura e do ímpeto de desenvolvimento urbano da época.

Agradecemos profundamente ao António Freitas de Oliveira por partilhar connosco esta peça de incalculável valor para a memória de Cubal. Ela recorda-nos que as cidades são feitas de sonhos e de esforços que, tal como o Cubal, procuraram e mereceram o seu lugar de destaque no mapa.


Convidamos os nossos leitores: Têm memórias, histórias ou mais informações sobre esta época do Cubal? Partilhem connosco nos comentários! Seria ótimo enriquecer esta narrativa.

Obrigado

Ruca


 

28 outubro 2025

A bagagem invisível do retorno


 

Imagem extraída da internet

Chegar a Lisboa, vindo do caos de Luanda em Outubro de 1975, não foi um regresso, foi uma aventura de sobrevivência que começou muito antes da Ponte Aérea.

Eu nasci no Cubal, uma pequena cidade angolana que se tornou, de um momento para o outro, no epicentro de sonhos desfeitos. Os meus pais, Raúl e Júlia, tiveram de deixar para trás a vida que construíram ali. Carregámos umas poucas malas e a esperança de nos safarmos.

Lembro-me daquele tempo como uma sucessão de despedidas sem adeus. Deixei para trás os amigos da infância, companheiros de aventura que, de repente, foram varridos do meu horizonte. A guerra civil alastrava e, na pressa, não houve tempo para promessas de reencontro. Há amigos que se perderam para sempre naquele êxodo, irmãos de brincadeira que nunca mais encontrei, cujos destinos me assombram até hoje. Eles são a parte invisível da minha bagagem.

A vida na província e, depois, em Luanda, transformou-se num jogo de sobrevivência onde o terror era o som de fundo. Antes da fuga final, vivi as horas intermináveis refugiado em casa, debaixo do receio constante, enquanto lá fora se degladiavam em fortes confrontos militares o MPLA, a FNLA e a UNITA. Ouvíamos ao longe o ribombar, e depois, o silêncio tenso.

Lembro-me da primeira vez que senti o forte cheiro da pólvora dos morteiros e bazucas – uma realidade crua, bem diferente dos filmes. A guerra que se degladiava entre os movimentos de "libertação" não era espetáculo; era a realidade violenta que nos envolvia e nos expunha a efeitos que uma criança nunca deveria conhecer. O medo entrava-nos pelas janelas e obrigava-nos a encolher, dependentes unicamente da proteção e coragem do meu pai Raúl e da minha mãe Júlia.

A viagem até Luanda, onde fomos parar, foi o primeiro pesadelo. De Benguela e do Lobito, embarcámos num frágil barco pesqueiro, o Kalua. Éramos gente a mais para uma embarcação que dançava perigosamente ao sabor das ondas.

Chegámos a Luanda, uma cidade sitiada, e a nossa paragem foi um quartel militar. As filas para o sustento eram intermináveis, a incerteza corroía o espírito.

Finalmente, conseguimos um lugar naquela que ficou conhecida como a grande Ponte Aérea. A fotografia do aeroporto, com o seu caos de pessoas e bagagens, é um espelho desse dia: milhares de desalojados, à espera de um avião que nos levasse para a capital do Império que se desmoronava. Fomos num avião da Swissair, voando sobre um passado que ficava para trás, rumo a um futuro incerto.

A aterragem em Lisboa marcou o fim da fuga, mas o início de uma nova e árdua batalha. Fomos acolhidos por familiares – anjos que nos deram teto e a ajuda necessária para recomeçar.

Olho para trás e percebo o preço dessa transição. Aqueles desassossegos marcaram-me para a vida. Mas as cicatrizes mais profundas ficaram na minha querida mãe, Júlia. A ansiedade da guerra e do retorno deixou nela uma marca que nunca desapareceu, o custo invisível da sobrevivência.

Os meus pais foram lutadores e empreendedores. Com resiliência e a vontade de viver que traziam, refizeram a vida.

Em 2020, quando a vida finalmente parecia mais ou menos equilibrada, o meu querido pai, Raúl, partiu. Partiu sem ter a oportunidade de desfrutar plenamente do tempo que merecia, depois de tanto lutar.

Restam-me as memórias: a força do Kalua, o cheiro da pólvora, o abraço dos meus pais e as faces dos amigos perdidos. São histórias difíceis, por vezes duras de lembrar, mas são a base de quem sou: um filho do Cubal, feito em Portugal. Honro o sacrifício e a resiliência do Raúl e da Júlia. A nossa bagagem mais importante nunca foram as malas; foi a vontade de viver.

Rui (Ruca)