Fotografia histórica captada a 10 de junho de 1966 pelo estúdio Foto Lig de Gil Barros, no Clube Desportivo Ferrovia do Cubal, durante o hastear da bandeira de Portugal na então colónia angolana. A imagem documenta um momento cerimonial com a presença de militares, jovens da Mocidade Portuguesa e habitantes do Cubal. Atualmente, o dia 10 de junho celebra-se como o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Ruca
TARDE DE VERÃO
ResponderEliminarOlho e vejo o sol a esbofetear-te o rosto
Mas de uma forma suave. Ficas endeusadamente dourada.
Descobri-te. Ah se redescobri!
Estás deitada de lado e posso ver que essa intimidade de renda
cobre, ao longo do teu corpo, só a sua metade.
A minha desesperada busca queda-se no teu rosto que viraste para a luz..,
Apoias a cabeça na mão. O sol marca-te as formas.
Sinto que alguma coisa se fecha no meu peito. Será ciúme dessa luz imensa
ou a demanda da minha angustia agora que te achei?
Vejo a redoma de ar que te rodeia e sei que o espaço que entre nós
medeia nos separa dos nossos tempos…
O modo enganoso do teu seio que se deixa ver, está
em sintonia com a tua respiração.
Esse ar que a mim chega fez-se aroma de ti e és pétalas de luz…
Nesse teu rosto está gravada toda a história da vida.
O teu corpo rompe em flores de fertilidade.
A minha ressurreição será entre teus lábios
e a vida romperá mais tarde por entre eles
e teus seios alimentarão os poemas de toda a fome do universo.
Estou perante a mulher amada que tudo oferece sem dar nada!
Estou perante uma aurora que de luz me desfaz em ruinas!
Estou perante um sentir vertigens de loucura nesta paixão!
Estou perante a minha nudez que ela consegue só com o sorriso.
Aproximo o meu sentir, de ti, da aurora, da imagem que apresentas, da luz
que te rodeia…
Revejo só mais um encantamento que tua imagem projecta sobre mim.
Começo a aproximar-me do ano, do mês… da hora, do minuto que és…
Olhas-me enigmaticamente e do alto dessa inútil renda, para mim, renovas
a majestade da tua beleza, do teu signo, da tua permanência
e abres os braços voltando a ser, na permissão do teu chamamento
a insuperável amiga, não uma contrafacção da aurora!
Victor Martins
Obrigado Victor , pelo belo poema rico em imagens e emoções, que celebra a beleza e o encantamento de uma mulher sob a luz do sol. Vejo alguns pontos de conexão que podem ser encontrados entre o poema e o post sobre o rancho folclórico do Cubal. Saudações
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