18 outubro 2010

Notícias dos Cubalenses e amigos do Cubal -Cilinha Gonçalves ( Cila )

Olá Ruca,

Sou a Cilinha Gonçalves ( Cila ). Nasci em Nova Lisboa  ( Huambo ) depois fui para o Cubal quando era pequenita e estive lá até aos dez anos, fui para o Luso até aos onze, depois fui para o Cubal novamente e quando vim para Portugal já estava com dezasseis anos. O meu pai era maquinista do CFB, faleceu em Novembro de 2008.

Quero dar-te os parabéns pela óptima ideia de fazeres o blog, porque só assim nós podemos rever as pessoas que nos são tão familiares e queridas, adorei ver as foto dos teus avós, teus tios e os teus pais, naquele tempo. Eu estava na esperança de ver a minha casa nos vídeos, mas não tive sorte, eu morava no mesmo quarteirão dos teus avós,a minha casa era à frente ao lado da Betinha e a dos teus avós era atrás, ao lado da Binda Mata.
Dá beijinhos a todos com muitas saudades.
Beijinhos e até à próxima.
Cilinha Gonçalves ( Cila )

*****
A Cilinha vem até nós com testemunhos. Estou a tratar dos mesmos e publicarei brevemente.
Saudações cubalenses
Ruca

16 outubro 2010

"Efeitos" do nosso blogue

Ruca, boa noite
Estamos todos bem, graças a Deus.
Faço votos para que todos vocês também estejam bem.
Meu filho, que seria de todos nós Cubalenses se um tal de Ruca, não existisse?
Como iríamos saber de nossos amigos, se não existisse um blog criado e mantido por esse menino, que saiu do Cubal tão novinho, mas com uma memória e uma vontade de ajudar, tão grande?
Continuariamos estando hoje vivendo no anonimato sem sabermos uns dos outros como infelizmente aconteceu durante tantos anos.
Ruca, obrigada pelo bem que tu nos fazes, pela alegria que nos trazes que Deus te proteja sempre e que tu continues sendo esse Ruca maravilhoso que és.
(...)
 Um beijão, Dá um grande abraço por nós aos teus pais.
Arlete Guerra 15/10 às 22:09

Homenagem a um grande Presidente da Câmara Municipal do Cubal - FERNANDO DA SILVA VILARES

Na " contabilidade" da Vida ... Gratidão não admite débito
BOLETIM CULTURAL DOS SERVIÇOS CULTURAIS DA
CÂMARA MUNICIPAL DO CUBAL
Boletim nº 4 de Novembro de 1973





Artigo assinado pelo, também saudoso amigo, Nuno de Menezes
http://cubal-angola.blogspot.com/2007/11/homenagem-ao-nuno-de-menezes.html
NA «CONTABILIDADE» DA VIDA...GRATIDÃO NÃO ADMITE DÉBITO

As gerações vivem o mesmo caminho, aquele mesmo caminho que deixa os ho­mens passarem, para só depois e mais tarde, incompreensivelmente, surgir então a chamada «homenagem póstuma»; rebate de consciência pagando ainda que tardia­mente, o quanto se deve a alguém.

Pensam ainda os homens (esses mes­mos que fingem não conhecer o valor dos homens), como um recalque sem peso nem medida, que existe o chamado receio do ferir «a modéstia» de cada um, como fuga de um merecimento, pois que na verdade, essa mesma «modéstia» não é nestes casos, mais que um brazão nobre de quem cumpriu e soube ser.

A Cidade do Cubal, esta terra “que cresce e aparece”, tem no livro de “conta­bilidade” do seu tempo, em aberto, um lançamento a fazer na coluna da GRATI­DÃO, para saldar uma dívida.

Trazer aqui o nome de FERNANDO DA SILVA VILARES, mais não que para nós o acordar de uma justiça, pelo muito que com ele está relacionado todo este grito de progresso com que nos ufanamos hoje.

Corria o ano de 1951, quando FER­NANDO VILARES, chegou a esta terra. Na sua bagagem, apenas o seu curso de topografo, e a força indómita e rebelde, num desejo duro, de fazer para si o que poderia dividir com os outros. Irrequieto e possui­dor de um volume enorme de desejo ar­dente, difícil não lhe foi escolher o árduo e difícil caminho, não se negando a cum­prir o que sonhara o renascer de uma cidade.
Foi então que, gratuitamente dá a sua preciosa colaboração profissional ao Muni­cípio, até 1962, data em que passou a aven­çado.
Chamado à primeira casa da terra, aí se firma como Vereador atento e combativo, de 2 de Janeiro a 31 de Outubro de 1967, sendo a 1 de Novembro do mesmo ano a 18 de Outubro de 1968, tomado a cadeira no exercício da presidência, passando a primeiro munícipe a 19 de Outubro de 1968, cargo que ocupou atentamente e irrepreen­sivelmente até 14 de Março do corrente ano.

Passar a pente miúdo toda uma obra que deixa legada a esta cidade, pois que a FERNANDO DA SILVA VILARES lhe cabe grande parte do ser para ser o que será, basta nomear ou enumerar:

Todo o vasto complexo do abaste­cimento de água à cidade, captação, armazenamento,   estação   de   tratamento e distribuição;
Remodelação da rede de baixa ten­são;
Construção da rede de alta tensão e postos de transformação;
Implantação do Plano de Urbani­zação;
Construção do Mercado Municipal, Estádio Municipal e os actuais Pa­ços do Concelho;
 O actual repovoamento florestal, que muito veio valorizar a actual lagoa do Unge, onde longe não virão os dias será ponto de encontro como cartaz turístico.

E tantas outras obras que ficaram no silêncio, como seja a sua assiduidade e presença nos diversos sectores camarários, como hoje acontece como Chefe da 2ª Repartição do nosso Município.

Não foi por acaso que trazemos para esta edição deste nosso BOLETIM, a sua presença, mas num merecimento pleno de razão e força, a dizer a quem quer que seja mesmo à surdez incompreendida, que o nome de FERNANDO DA SILVA VILARES, merece hoje, para que hoje fique no ama­nhã, ligado a esta terra que é afinal a sua cidade CUBAL. “a cidade que cresce aparece”.
Gentes do Cubal:
Paguemos   a   nossa   dívida   de   GRA­TIDÃO

Porque não HOJE, a rua, a praceta “FERNANDO DA SILVA VILARES”, a perpetuar o AMANHÃ?

NUNO DE MENEZES (Novembro de 1973)

Entrevista ao Presidente da Câmara Muni­cipal, Fernando da Silva Vilares e SISAL Símbolo dinamizador da cidade do Cubal

Prossegue a publicação no nosso blog, de documentos históricos da nossa Cidade, facultados pela Ana Catarina Monteiro (Narciso).   
Uma vez que a entrevista, no contexto histórico e da época, é interessante para nos (re)lembrarmos de alguns momentos que marcaram o desenvolvimento do Cubal, e temendo que se tornasse de difícil leitura, transcrevi a reportagem . Espero que apreciem. Mais uma vez agradeço à Ana Catarina, a partilha destes documentos extraídos do Semanário Sul. Ruca

SISAL
Símbolo dinamizador da cidade do Cubal




Cubal moderno

Aspecto moderno do Cubal

Edifício Sede do C. D. Ferrovia do Cubal

 Fernando da Silva Vilares
Presidente da Câmara Municipal do Cubal

Tem sido notória a onda de desenvolvimento que se tem registado nos últimos tempos, nesta jovem cidade.

Muitas novas construções, aberturas de ruas a avenidas a criação de estabelecimentos do ensino e outras repartições, a construção da piscina do CDF, o estádio Municipal em constantes inovações, a asfaltagem das artérias da cidade, etc., etc.

A população cubalense continua a lutar, construindo, melhorando e criando novas indústrias, o problema da agricultura vai-se diversificando cada vez mais, o Go­verno não falta com o seu apoio dirigindo e contribuin­do materialmente, a Edilidade, depois de muita luta, co­meça a sentir o apoio dos habitantes desta vasta região e tudo isto, traduz-se elo­quentemente no panorama que hoje se desfruta e que é, sintetizadamente PROGRES­SO.

Novas perspectivas se vão abrindo e nós, neste número em que se focam diversos aspectos do Cubal, não podíamos deixar de entrevistar o Presidente da Câmara Muni­cipal, Fernando da Silva Vilares.

Apesar dos seus inúmeros afazeres, Fernando Vilares, desmultiplicou-se e dispôs-se a conversar connosco, e o bate-papo começou.

— Sendo o problema do abastecimento de água o de mais premente necessidade e o de mais difícil resolução, o que nos diz Senhor Pre­sidente?

— A falta de água aflige ho­je os maiores centros popu­lacionais da Província, salvo raríssimas excepções. O pro­blema tam origem não só na irregularidade das quedas pluvíométricas, como tam­bém na enorme explosão demográfica que se vem verifi­cando desde há meia dúzia de anos em toda a Província. Repare que Luanda, Lobito, Benguela, Nova Lisboa, Sá da Bandeira cidades com de­senvolvimento mais acentuado, onde a construção civil ocupa o primeiro lugar, pólos de atracção de fixação da população, mercê da instalação de Universidades, loca­lização de indústrias, etc., sofrem a chamada crise de crescimento, e a água é um elemento que se não poude poupar. Se há meia dúzia de anos as captações eram mais do que suficientes, hoje têm um débito inferior ao consumo normal e o resultado está à vista. O Cubal, cujo desenvolvimento acompanhou em proporção o de outras cidades tem também sofrido o problema do abastecimento de água para as máquinas. Mas o nosso proble­ma está resolvido.

«Temos tudo preparado, para fornecer água da nossa Barragem, dentro de dias. Aguardamos apenas a chega­da das bombas doseadoras para tratamento de água, que será neutralizada com leite de cal e será esterilizada com hipoclorito de cálcio. Se não houver demora na entrega dos materiais que compõem a Estação de tratamento, cal­culo fazer os ensaios até ao fim do corrente mês e tere­mos assim resolvido o problema que mais preocupa o Município.

— E passando da água pa­ra a luz, diga-nos por favor o que há feito e o que falta ainda, realizar?

— Já muito se fez neste sector municipal e a maior prova é a evolução que se tem verificado na arrecada­ção de receitas. Propomo-nos logo que haja disponibilidade financeira, fechar o anel em alta tensão o que implica a aplicação de centenas de metros de cabo construção e apetrechamento de 3 cabines de transformação, etc., que monta a algumas centenas de contos. É nosso desejo electrificar as novas avenidas antes da sua pavimentação, o que esperamos conseguir ainda este ano. Além disto, há ainda que iluminar algu­mas zonas da cidade e as remodelações que vão sendo necessárias, vão-se e fazendo cadenciadamente.

— E o sistema de esgotos está totalmente em funcionamento?

— A lª fase dos esgotos compreendida entre as aveni­das Silva Tavares e CFB, foi executada por empreitada e está em funcionamento desde há anos.

«Por administração directa temos vindo a executar, na medida das possibilidades, as restantes fases. A parte já executada é mais extensa que a 1ª fase e inclui o canal que drena para o Rio Unge, todas as águas da parte sul da ci­dade. Antes da pavimentação como acontece com a rede de abastecimento de água e condutores da electricidade, queremos concluir a obra, que vem funcionando eficaz­mente, para evitar esburacar o asfalto.

— Agora, Senhor Presidente, sobre a ligação por asfalto da rodovia entre Catengue e a, nossa, cidade, visto que só faltam cerca de 70 km., e em tão mau estado durante a maior parte do ano diga-nos por favor o que há de verdade e que for do seu conhecimento?

— Isso é um assunto que transcende o âmbito municipal. Sei no entanto que o estudo até Robert Williams está feito e que o troço Catengue-Cubal, está andando a toda a força e suponho que a asfaltagem está para breve.

— Gostávamos que nos falasse agora sobre outros pro­jectos que a Câmara Municipal, tenha em mente realizar. Pode dizer-nos algo?

— Sim, temos vários nomeadamente e dentro do plano de prioridade estabelecido pela Câmara, estão em curso as seguintes obras:

a) Abastecimento de água;

b) Esgotos pluviais;

c) Preparação de ruas para pavimentação;

d) Implantação do Plano de Urbanização;

e) Cemitério Municipal;

f) Lancilagem dos pas­seios;

g) Estádio Municipal;

h) Campo de aviação.

Algumas destas obras es­tão em vias de conclusão. Acabadas, outras surgirão, num constante desenvolvi­mento. Para as Câmaras como sabe, há sempre muito a fazer, mas nem sempre há verbas. E no que respeita ao Campo de aviação, não há possibilidades de o concluir. A Câmara já iniciou a cons­trução de um novo Campo de aviação, mas porque não te­mos máquinas, fomos obri­gados a suspendê-la. A Ae­ronáutica Civil, deu como inoperante a pista existente e hoje o Cubal, vê-se privado de ligações aéreas. Mas o as­sunto está apresentado já a quem de direito e aguarda­mos uma urgente resolução, na medida em que este é também um assunto de capital importância.

— E agora, que a nossa conversa já vai de certo mo­do longa e que vários assuntos foram focadas, as colu­nas do nosso Jornal, são suas.

— Resta-me agradecer a amabilidade que teve, porque efectivamente cabe à Imprensa, um papel preponderante na divulgação na divulgação dos assuntos que interessam ao bem co­mum. A informação só atin­ge os seus fins, quando as­sente na verdade e a verdade só se colhe através dos res­ponsáveis. O “diz-se” até ho­je, só teve uma virtude “Destruir”. Dos boatos, todos nós conhecemos as consequências.

«Ao Jornal Sul, desejo que trilhe o caminho da verdade e da isenção como até agora vem acontecendo, na defesa desta Angola imensa a quem tanto queremos».


E nós, simples homens da informação, devolvemos ao Senhor Presidente da Câma­ra Municipal do Cubal, os agradecimentos que nos diri­ge. Eles são para si mais devidos, por tudo quanto tem feito em prol do Cubal, de Angola e de um Portugal ca­da vez maior.


A cidade do Cubal, ainda na sua fase de desenvolvimento primário, procura muito justamente acelerar os seus meios de expansão de forma a atingir aquele nível essencial que lhe permita encabeçar ao lado de outras cidades da província, já mais enraizadas pela idade.
O aspecto geral da urbe dá-nos, para já, uma panorâmica urbanística bem delineada, com vincada projecção, como que a dizer que se está a construir no presente com os olhos postos no futuro. Os imóveis obedecem a umas linhas arquitectónicas já bem definidas e em moldes modernos e sugestivos, que dão garbo e beleza à urbe.
Problemas, como todas as cidades que se prezam, também os tem, mas com o tempo e com a tenacidade e o querer dos homens conscien­ciosos, esses problemas hão-de ser resolvidos.
De momento vive-se a euforia da subida da cotação do sisal, o símbolo dinamizador da cidade do Cubal. Este um bom pronuncio, pois trata-se, como está bem de ver, da principal cultura rentável e da qual vivem muitas centenas de pessoas. A ascensão da cotação do sisal veio, em boa hora, trazer novas esperanças às gentes do Cubal, atendendo ao facto de que se trata de uma importante fonte de receitas que dá o pão a ganhar a muita gente.
Cubal — uma cidade jovem com a bússola assertada em direcção ao progresso e ao desenvolvimento socioeconómico!

15 outubro 2010

Em memória de dois ilustres cubalenses

À memória de
JACINTO RODRIGUES GUERRA
15.02.1893 - 10.01.1973
Chegou a Angola em 1916
Em memória de
JOSÉ MARIA CABRAL
1.12.1920 - 4.7.1972
O Eduardo Dinis (Tondela) a residir no Cubal, na sua excelente colaboração com o nosso blogue, envia-nos estas duas imagens, que aqui são colocadas com a anuência dos familiares.
A nossa homenagem a estas duas figuras incontornáveis da história do Cubal .

14 outubro 2010

Ainda sobre o encontro cubalense em Mira (pela Lourdes Morais)

Amigo Ruca
(...)há já muito tempo que não escrevo para o blog, mas hoje tocou-me a saudade e aqui estou a dar notícias. Já deve ser do teu conhecimento, este ano tive a felicidade de ir ao encontro da malta, em Mira. Nem queiras saber como adorei. Ver tanta gente que já não via há tantos, tantos anos, foi maravilhoso.
Recordar tantas coisas boas foi o máximo. Vão umas fotos que o Morais tirou. Tu deves conhecer algumas pessoas. A Celeste e Alice Almeida , o Mota, o Pica e muitos outros. O baile foi o máximo. Dancei até não aguentar mais. Numa palavra: Adorei.
Ruca agradeço que publiques para a todos se animarem e virem também aos encontros, para verem os amigos. Mais uma vez peço a todos os Cubalenses que não deixem de dar notícias. 
Gostei das fotos da Olga Viana.
Beijos para todos os Cubalenses.
(...)
Lourdes Morais
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13 outubro 2010

Um cubalense por Terras de Camões!

Em Agosto: Eduardo Dinis e Fernando Carona (Tondela)

Eu, a minha mulher e o nosso amigo Eduardo Dinis (Tondela) com a esposa,aquando da sua vinda cá em Agosto deste ano.
Momentos do antigamente tornados no presente.
Um dia muito bem passado que prometemos repetir.
Comentário de Fernando Carona



Em Oliveira do Hospital: Eduardo Dinis e Padre Higino (tb. natural do Cubal)

Na casa do Glorioso

Lugar importante da Catedral

Eusébio e Sport Lisboa e Benfica, SEMPRE!!!!!

11 outubro 2010

Rua Inf D Henrique - Junto à "Reparadora Transmontana"


Antiga Oficina Reparadora Transmontana
Na esquina era o Talho do João
Antiga Oficina do Raúl- Reparadora Transmontana
Posted by Picasa
Ruca com o  Sr. Magueta

CAMINHO DE FERRO DE BENGUELA - Cubal

Estação CFB Cubal



Em 1908, chegou pela primeira vez o comboio ao Cubal. Não foi fácil este percurso devido ao terreno acidentado e árido desta zona. A título de exemplo, no quilómetro 54, foi necessário utilizar um sistema complicado de cremalheiras, porque em 2 quilómetros de percurso, o comboio passava da cota 97 no Lengue para a cota 236 em São Pedro. Em 1948, as cremalheiras foram substituídas, dando lugar à construção da variante do Lengue. Entre 1972 e 1974, foi construído um novo trajecto entre o Lobito e o Cubal, denominado de variante do Cubal. Esta variante trouxe vários benefícios como: a distância entre o Lobito e o Cubal, passou de 197 para 153 quilómetros. O número de curvas, passou de 415 para 122 e o raio mínimo de 100 para 350 metros. Na conversa que tivemos no início do ano, com o Director Geral do Caminho-de-ferro de Benguela (CFB), Daniel Quipaxe, um dos objectivos da sua direcção, para o início de 2005, era o comboio chegar ao Cubal. Tal aconteceu até Março deste ano, para depois haver um interregno até finais de Junho. O comboio é vital para esta região. O CFB, não pode pôr o comboio a funcionar por algum tempo e depois tirar o “presente”. O CFB, tem uma linha de 1.301 quilómetros que vai do Lobito ao Luau, para recuperar. O CFB, de acordo com a informação que nos foi dada por Daniel Quipaxe, vai dispôr, para a sua recuperação de um financiamento na ordem dos 500 milhões de dólares, concedido pelo banco chinês Exibank. Sabemos que não é fácil a reconstrução do CFB, é necessário fazer obras de arte (pontes), é necessário ter uma linha adaptada aos comboios actuais... mas, já é tempo de mostrar trabalho, de uma forma continuada, pelo menos na linha Lobito-Cubal. Na audição que fizemos junto de vários populares, todos foram unânimes em dizer quão importante e vital é o comboio para eles. Deixam de viajar nas “Heaces”, têm melhor comodidade e podem levar mais mercadoria e/ou haveres. A importância do comboio, não se faz sentir só nos residentes no Cubal, também gente das redondezas pernoita naquela cidade para poder viajar no comboio. Para o comerciante Fernando Cangola, o CFB, é extremamente importante «e falo com experiência, isto porque quando era mais novo, trabalhava no Huambo, e recebia mercadoria transportada pelo CFB, que para além de ser mais rápida, tinha melhor preço. Com o seu bom funcionamento, é possível desenvolvermos ainda mais a nossa actividade». Para o jovem empresário Joaquim Monteiro o CFB traz «todas as vantagens e, no meu caso concreto, vou passar a utilizar menos a minha carrinha e de certeza que o preço do frete ferroviário, é mais barato que as despesas que tenho a nível da viatura: conservação, seguro, combustível... Por outro lado, através do CFB, é possível encomendar mais mercadoria e fazer stocks, em suma, passo quase de certeza a ganhar mais no meu negócio». Olímpia Pereira, mais concisa e mais sarcástica, limitou-se a dizer «traz-me mais clientes». •

AGÊNCIA BANCÁRIA NO CUBAL

Lagoa do Cubal


O Administrador Municipal referiu «no tempo colonial o Cubal era servido por cinco bancos, pelo que o desenvolvimento que hoje temos, justifica pelo menos a existência de uma agência bancária». O grande Mestre, Jaime Lopes de Amorim, no seu livro “Digressão através do vetusto Mundo da Contabilidade” escreveu «...a introdução do crédito no mundo dos negócios é muito mais antiga do que muitos certamente julgarão, podendo mesmo afirmar-se que ela remonta aos longínquos tempos das sociedades primitivas», em suma, o crédito é a pedra de toque do desenvolvimento socio-económico e quem pode conceder crédito é a Banca, porque é a base do seu negócio. Os Bancos instalam-se onde está o dinheiro. Onde há progresso económico e infra-estruturas mínimas e no caso concreto de Angola, o litoral reúne melhores condições que o interior. Para estarem no interior, tal como nos disse um director bancário «já há cidades no interior que justificam a nossa presença. O problema prende-se com o transporte do dinheiro, que sendo por via terrestre ainda não há uma segurança absoluta no seu transporte. Sendo por via aérea, implica que essas cidades tenham pistas de aviação minimamente capazes, para que o custo do transporte seja menor». Ora, esta justificação é plausível, pelo que implica um esforço conjunto entre as Administrações Municipais e/ou Governo e os respectivos bancos, no sentido de criarem as tais infra-estruturas, ou seja, se for o transporte por via aérea, melhorarem as pistas de aviação. Para o gerente comercial Fernando Cangola, «há bancos que querem instalar-se no Cubal. Seria deveras importante, a sua instalação, porque deixaríamos de levar o dinheiro para Benguela», e advinha múltiplas vantagens «menor risco de perder o dinheiro em assaltos; entrada imediata no circuito bancário; comunicar de imediato à entidade patronal o apuro feito; poder recorrer ao crédito». Quer Fernando Monteiro quer Olímpia Pereira afinam pelo mesmo diapasão, tendo acrescentado «o que fazemos tem de ser com capitais próprios» e quem conhece as regras do equilíbrio financeiro, sabe que muitas vezes devemos recorrer aos capitais alheios, mais propriamente à Banca.


REGEDOR DO CUBAL

Daniel Samuel
Angola ainda tem autoridades tradicionais e, em particular, o Cubal, tem um regedor natural desta cidade - Daniel Samuel. O seu trabalho consiste em «mediar conflitos. Assim, compete-me pôr a Administração Municipal ao corrente do que se passa nas comunas sobre a minha jurisdição ou seja, faço a ponte entre o povo e o poder. A minha autoridade é a palavra, que felizmente é aceite de bom grado». Quem dera que em todas as sociedades, o poder da palavra fosse suficiente para resolver os conflitos sociais. Julgamos que, quanto mais evoluído é uma comunidade maior é complexidade dos seus problemas, ou seja, maior dificuldade de resolução – basta olharmos para o Mundo dito civilizado. Com o fim do conflito armado, em Angola, Daniel Samuel, corrobora do pensamento do seu Administrador Municipal, ou seja, «há um regresso da população aos seus lugares de origem e, nesta zona, já se começa a fazer sentir, isto porque a agricultura foi retomada evitando desta forma a vinda por avião de produtos agrícolas doutras zonas, nomeadamente de Benguela». Relativamente à juventude, o regedor observou «os jovens têm de ser humildes, têm de sentar e ouvir os mais velhos, é verdade que sofreram muito, mas têm de acreditar no futuro da nossa terra». A voz do “mais velho” em Angola, sempre foi muito respeitada e, acreditamos, veemente na profecia do velho regedor.