16 outubro 2010

Entrevista ao Presidente da Câmara Muni­cipal, Fernando da Silva Vilares e SISAL Símbolo dinamizador da cidade do Cubal

Prossegue a publicação no nosso blog, de documentos históricos da nossa Cidade, facultados pela Ana Catarina Monteiro (Narciso).   
Uma vez que a entrevista, no contexto histórico e da época, é interessante para nos (re)lembrarmos de alguns momentos que marcaram o desenvolvimento do Cubal, e temendo que se tornasse de difícil leitura, transcrevi a reportagem . Espero que apreciem. Mais uma vez agradeço à Ana Catarina, a partilha destes documentos extraídos do Semanário Sul. Ruca

SISAL
Símbolo dinamizador da cidade do Cubal




Cubal moderno

Aspecto moderno do Cubal

Edifício Sede do C. D. Ferrovia do Cubal

 Fernando da Silva Vilares
Presidente da Câmara Municipal do Cubal

Tem sido notória a onda de desenvolvimento que se tem registado nos últimos tempos, nesta jovem cidade.

Muitas novas construções, aberturas de ruas a avenidas a criação de estabelecimentos do ensino e outras repartições, a construção da piscina do CDF, o estádio Municipal em constantes inovações, a asfaltagem das artérias da cidade, etc., etc.

A população cubalense continua a lutar, construindo, melhorando e criando novas indústrias, o problema da agricultura vai-se diversificando cada vez mais, o Go­verno não falta com o seu apoio dirigindo e contribuin­do materialmente, a Edilidade, depois de muita luta, co­meça a sentir o apoio dos habitantes desta vasta região e tudo isto, traduz-se elo­quentemente no panorama que hoje se desfruta e que é, sintetizadamente PROGRES­SO.

Novas perspectivas se vão abrindo e nós, neste número em que se focam diversos aspectos do Cubal, não podíamos deixar de entrevistar o Presidente da Câmara Muni­cipal, Fernando da Silva Vilares.

Apesar dos seus inúmeros afazeres, Fernando Vilares, desmultiplicou-se e dispôs-se a conversar connosco, e o bate-papo começou.

— Sendo o problema do abastecimento de água o de mais premente necessidade e o de mais difícil resolução, o que nos diz Senhor Pre­sidente?

— A falta de água aflige ho­je os maiores centros popu­lacionais da Província, salvo raríssimas excepções. O pro­blema tam origem não só na irregularidade das quedas pluvíométricas, como tam­bém na enorme explosão demográfica que se vem verifi­cando desde há meia dúzia de anos em toda a Província. Repare que Luanda, Lobito, Benguela, Nova Lisboa, Sá da Bandeira cidades com de­senvolvimento mais acentuado, onde a construção civil ocupa o primeiro lugar, pólos de atracção de fixação da população, mercê da instalação de Universidades, loca­lização de indústrias, etc., sofrem a chamada crise de crescimento, e a água é um elemento que se não poude poupar. Se há meia dúzia de anos as captações eram mais do que suficientes, hoje têm um débito inferior ao consumo normal e o resultado está à vista. O Cubal, cujo desenvolvimento acompanhou em proporção o de outras cidades tem também sofrido o problema do abastecimento de água para as máquinas. Mas o nosso proble­ma está resolvido.

«Temos tudo preparado, para fornecer água da nossa Barragem, dentro de dias. Aguardamos apenas a chega­da das bombas doseadoras para tratamento de água, que será neutralizada com leite de cal e será esterilizada com hipoclorito de cálcio. Se não houver demora na entrega dos materiais que compõem a Estação de tratamento, cal­culo fazer os ensaios até ao fim do corrente mês e tere­mos assim resolvido o problema que mais preocupa o Município.

— E passando da água pa­ra a luz, diga-nos por favor o que há feito e o que falta ainda, realizar?

— Já muito se fez neste sector municipal e a maior prova é a evolução que se tem verificado na arrecada­ção de receitas. Propomo-nos logo que haja disponibilidade financeira, fechar o anel em alta tensão o que implica a aplicação de centenas de metros de cabo construção e apetrechamento de 3 cabines de transformação, etc., que monta a algumas centenas de contos. É nosso desejo electrificar as novas avenidas antes da sua pavimentação, o que esperamos conseguir ainda este ano. Além disto, há ainda que iluminar algu­mas zonas da cidade e as remodelações que vão sendo necessárias, vão-se e fazendo cadenciadamente.

— E o sistema de esgotos está totalmente em funcionamento?

— A lª fase dos esgotos compreendida entre as aveni­das Silva Tavares e CFB, foi executada por empreitada e está em funcionamento desde há anos.

«Por administração directa temos vindo a executar, na medida das possibilidades, as restantes fases. A parte já executada é mais extensa que a 1ª fase e inclui o canal que drena para o Rio Unge, todas as águas da parte sul da ci­dade. Antes da pavimentação como acontece com a rede de abastecimento de água e condutores da electricidade, queremos concluir a obra, que vem funcionando eficaz­mente, para evitar esburacar o asfalto.

— Agora, Senhor Presidente, sobre a ligação por asfalto da rodovia entre Catengue e a, nossa, cidade, visto que só faltam cerca de 70 km., e em tão mau estado durante a maior parte do ano diga-nos por favor o que há de verdade e que for do seu conhecimento?

— Isso é um assunto que transcende o âmbito municipal. Sei no entanto que o estudo até Robert Williams está feito e que o troço Catengue-Cubal, está andando a toda a força e suponho que a asfaltagem está para breve.

— Gostávamos que nos falasse agora sobre outros pro­jectos que a Câmara Municipal, tenha em mente realizar. Pode dizer-nos algo?

— Sim, temos vários nomeadamente e dentro do plano de prioridade estabelecido pela Câmara, estão em curso as seguintes obras:

a) Abastecimento de água;

b) Esgotos pluviais;

c) Preparação de ruas para pavimentação;

d) Implantação do Plano de Urbanização;

e) Cemitério Municipal;

f) Lancilagem dos pas­seios;

g) Estádio Municipal;

h) Campo de aviação.

Algumas destas obras es­tão em vias de conclusão. Acabadas, outras surgirão, num constante desenvolvi­mento. Para as Câmaras como sabe, há sempre muito a fazer, mas nem sempre há verbas. E no que respeita ao Campo de aviação, não há possibilidades de o concluir. A Câmara já iniciou a cons­trução de um novo Campo de aviação, mas porque não te­mos máquinas, fomos obri­gados a suspendê-la. A Ae­ronáutica Civil, deu como inoperante a pista existente e hoje o Cubal, vê-se privado de ligações aéreas. Mas o as­sunto está apresentado já a quem de direito e aguarda­mos uma urgente resolução, na medida em que este é também um assunto de capital importância.

— E agora, que a nossa conversa já vai de certo mo­do longa e que vários assuntos foram focadas, as colu­nas do nosso Jornal, são suas.

— Resta-me agradecer a amabilidade que teve, porque efectivamente cabe à Imprensa, um papel preponderante na divulgação na divulgação dos assuntos que interessam ao bem co­mum. A informação só atin­ge os seus fins, quando as­sente na verdade e a verdade só se colhe através dos res­ponsáveis. O “diz-se” até ho­je, só teve uma virtude “Destruir”. Dos boatos, todos nós conhecemos as consequências.

«Ao Jornal Sul, desejo que trilhe o caminho da verdade e da isenção como até agora vem acontecendo, na defesa desta Angola imensa a quem tanto queremos».


E nós, simples homens da informação, devolvemos ao Senhor Presidente da Câma­ra Municipal do Cubal, os agradecimentos que nos diri­ge. Eles são para si mais devidos, por tudo quanto tem feito em prol do Cubal, de Angola e de um Portugal ca­da vez maior.


A cidade do Cubal, ainda na sua fase de desenvolvimento primário, procura muito justamente acelerar os seus meios de expansão de forma a atingir aquele nível essencial que lhe permita encabeçar ao lado de outras cidades da província, já mais enraizadas pela idade.
O aspecto geral da urbe dá-nos, para já, uma panorâmica urbanística bem delineada, com vincada projecção, como que a dizer que se está a construir no presente com os olhos postos no futuro. Os imóveis obedecem a umas linhas arquitectónicas já bem definidas e em moldes modernos e sugestivos, que dão garbo e beleza à urbe.
Problemas, como todas as cidades que se prezam, também os tem, mas com o tempo e com a tenacidade e o querer dos homens conscien­ciosos, esses problemas hão-de ser resolvidos.
De momento vive-se a euforia da subida da cotação do sisal, o símbolo dinamizador da cidade do Cubal. Este um bom pronuncio, pois trata-se, como está bem de ver, da principal cultura rentável e da qual vivem muitas centenas de pessoas. A ascensão da cotação do sisal veio, em boa hora, trazer novas esperanças às gentes do Cubal, atendendo ao facto de que se trata de uma importante fonte de receitas que dá o pão a ganhar a muita gente.
Cubal — uma cidade jovem com a bússola assertada em direcção ao progresso e ao desenvolvimento socioeconómico!

1 comentário:

Ana Catarina Monteiro disse...

Olá Amigo!!!
Tenho que fazer um pequeno comentário… quando falo de Angola, com alguns Amigos, todos eles tinham a noção que Angola era um atraso de vida.
Penso que muitas pessoas ainda pensam assim.

Não vivi lá mas o pouco que aprendi, com a família, afirmo que é uma visão completamente oposta à verdadeira realidade.

Por estas páginas, das revistas de Angola, pode-se constatar e comparar a Angola desse tempo face ao Portugal que tínhamos.

Sensibilizou-me bastante este texto do Ex - Presidente do Município do Cubal porque havia fortemente o objectivo de “PROGRESSO”!
É incrível a organização urbanística, assim como, a arquitectura modernista e as estruturas criadas (piscinas, estádio Municipal, campo de aviação,….) . Estamos a falar de um interior de um país, de Angola, no ano de 197eeeeee pouco!

Amigo Ruca, em breve terei mais factos da história do Cubal. Beijinhos para a família!

Bem–haja aos Amigos do Cubal e laripo!