Na variante Cubal (Cubal e Caimbambo) onde rasga a linha dos Caminhos-de-ferro de Benguela, está localizada uma das mais importantes sub-tribos etnolinguísticas da região Centro do País, os Ahanhas. Os Ahanhas integram o Grupo etnolinguístico Ovimbundu que abrange as províncias de Benguela, parte do Kwanza-Sul, Huambo e Bié. Eles constituem um povo localizado no Centro Oeste de Angola, na zona interior da Província de Benguela, na latitude 13º Sul e longitude 14º Este, entre três grandes rios: o Katombela (Catumbela) a Norte e que além destes vivem os “Va Tchisandji”, a Sul do rio Kuporolo (Coporolo) e que imediatamente além, estão os “Va chilenge”. A Leste confinamse com os “a nganda”e a Oeste está o território Ndombe. Geograficamente falando, os Ahanhas, habitam no coração do vale superior do Kuporolo entre 800 e 1000 metros de altitude, ocupando uma privilegiada área de Angola constituída por um círculo de montanhas que contrastam com a paisagem de outras regiões do país. Um estudo recente dos licenciados em História, António de Oliveira e Cipriano Lialunga, sobre a cultura Hanya na história dos povos Ovimbundu, sustentado por depoimentos de anciãos considera três hipóteses: a) Que os Ahanhas seriam descendentes do Reino da Tchiaca, região de Quinjenje que tinha na actualidade como um dos seus príncipes, o falecido escritor Raul Mateus David. Na busca de melhores condições de vida, andavam à deriva, onde Hanya, um dos integrantes notórios da caravana viria perder a vida entre os rios Luembe, Lutira e o rio Kuporolo, passando este nome a prevalecer como referencia ao local onde morreu Hanya.
Caninguiri: pinturas rupestres
b) Que os Ahanhas teriam vindo do Norte do Reino de Benguela, nas proximidades do actual rio Longa. Instalaram-se próximo da costa marítima, na actual Hanya do Norte, ou Hanya das Palmeiras. Para escapar dos conflitos internos e familiares, um dos antepassados deste subgrupo decidiu deslocar-se com a família para a região que é a actual Hanya. De acordo com a obra “A Vida Eterna na Subtribo Hanya”, do Padre Pedro Puto, o antepassado desertor da Hanya das Palmeiras, não teria sido ele em pessoa a subir a actual região Hanya, mas alguns familiares, seus descendentes que teriam construído as suas casas onde é hoje o jardim em frente à Administração Municipal de Benguela e o Banco Nacional de Angola, desalojando bochímanes, no período da proto-história. A partir do séc. XVII, depois da conquista militar de Cerveira Pereira, que motivou a chegada de contingentes de origem europeia, pressionou os ahanya a abandonarem a área que ocupavam e instalarem-se no actual Ndombe que, posteriormente, também se viram obrigados a abandonar pelas mesmas razões e ou pelo péssimo clima de Benguela, subindo para as terras do Planalto Central, donde também com a chegada do branco, voltaram mais tarde para a actual região da Hanya. Dessa emigração teriam surgido as sub-tribo “ahanya”, “va nganda” e “va tchiyaka”. c) A terceira suposição é de Gabriel Canivete que ventila a ideia de que excluindo a primeira, então seria provável que os ahanya tivessem origem na sub-tribo Quilengue, pelo facto de apresentarem poesias líricas comuns aos dois grupos, o “ochitita” (poesia relativa ao boi e às situações de crise social – a morte, a fome,a miséria, etc.) o “ulonga” (síntese, que os mais velhos fazem, de tudo quanto aconteceu, desde o ultimo momento em que estiveram juntos), “okusikala” (iniciação masculina e feminina), entre outras. Os ahanya, na tentativa de fugirem da fome endémica e da guerra que vitimou o soba Kapoko, separaram-se dos “vatchilenge”, dirigindo-se para Sudeste de Tchongoroi e acabando por se instalar entre as montanhas Lumbili e Kavalakanha, Ngandja e Indongolo, zonas férteis dos rios Kwi e Tchikwã. Mais tarde, foi daí que se dirigiram em maior número para o Norte, Noroeste e Nordeste habitando no actual território dos “ahanya” fundindo-se com outros povos aí encontrados. Por outro lado, há antropónimos que se usam entre os “va hanya” que nos fazem perceber que muitos deles vieram da sub-tribo dos “va tchilenge”.Segundo o Padre Tchombela “há também um fenómeno químico - natural que, estudado com características consanguíneo – genealógicas devolve muitos “va hanya” ao “vatchilenge”.
Ahanya e sua filha
É o facto de não poderem dormir na pele de cabrito, de onça, de veado, não poderem pisar com o pé nu onde foram queimados os vasos e ou panelas feitas de argila (panelas de barro) para as fortificar; não poderem comer carne de certos animais, répteis e aves... tudo isso com o risco de contraírem graves enfermidades ou infecções no corpo.E, bem investigados, estes homens têm próxima ou remota linhagem consanguínea com os “vatchilenge”. Contrariamente às opiniões anteriores, Monsenhor Luís Alfredo Keiling, adianta que os ahanya formam com os “va nganda” um único grupo étnico, devido às características comuns que apresentam nos costumes e no estilo de vida voltada para a pastorícia. Essa opinião é corroborada pelo Padre Mário Lukunde. Esse grupo teria sido originário de Ngola – Luanda, passando pelo actual reino do Bailundo e mais tarde para o território da hanya.
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