29 abril 2009

“REGRESSO AO PASSADO” 34 ANOS VOLVIDOS…

ENCONTRO ENTRE OS “AMIGOS DE TODO O SEMPRE”…

Abel, Eduardo, Nando e Cila e seu neto

“Somos donos dos nossos actos, mas não donos de nossos sentimentos, somos culpados do tudo que fazemos, mas não somos culpados do que sentimos; Podemos prometer actos, mas não podemos prometer sentimentos... Actos são pássaros engaiolados, sentimentos são pássaros em voo”. (Mário Quintana)

"Odeio quem me rouba a solidão, sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia" (Nietzsche).
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“Desassossegados do mundo correm atrás da felicidade possível, e uma vez alcançado o seu quinhão, não sossegam: saem atrás de loucuras improváveis, aquela que se promete constante, aquela que ninguém nunca viu, e por isso sua raridade. Amam com atropelo, cultivam fantasias irreais de amores sublimes, fartos e eternos. São sabidamente apressados, cheios de ânsias e desejos, amam muito mais do que necessitam e recebem menos amor do que planeiam. Pensam antes de concordar e quando discordam, pensam que pensaram melhor, e com clareza uns dias e com a mente turva em outros, pensam tanto que pensam que chegam a pensar de estar a descansar. Têm insónias e são gentis, incomodam-se com as verdades imutáveis, riem-se quando bebem, não enjoam, mas ficam tontos com tanta ideia solta, com tamanha esquizofrenia, não se acomodando em rede, leito, lamentam apenas falta que faz uma paz inconsciente. Dormem de manhã. Já provaram o gosto da liberdade e sabem que é bem valioso, por isso têm asas prontas para voar. Acreditam no incrível, sonham com o impossível e riem um riso largo, como se soubessem de algo que é só deles. São donos de uma esperança sem tamanho e vão até o fim do mundo, se o destino é ser feliz”. “Basta-me um pequeno gesto, feito de longe e de leve, para que venhas comigo e eu para sempre te leve... Mas só esse eu não farei. Uma palavra caída das montanhas dos instantes desmancha todos os mares e une as terras mais distantes... Palavra que não direi. Para que tu me adivinhes, entre os ventos taciturnos, apago meus pensamentos, ponho roupas quentes e nocturnas, que amargamente inventei. E, enquanto não me descobres, os mundos vão navegando nos ares certos do tempo, até não se sabe quando... E nesse dia terei acabado... “Não precisa ser homem, não precisa ser mulher, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaros, do sol, da lua, do canto, de ventos e de canções das brisas. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar. Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, principal objectivo, deve ser o de amigo. Deve sentir-se amargurado pelas pessoas tristes e compreender o imenso vazio de solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer. Procura um amigo para gostar das mesmas coisas, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de todo um passado, de toda uma infância. Tem-se um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve-se gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beiras de estrada, do cheiro da terra depois da chuva, de se deitar na erva... Um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Um amigo que nos faça parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive”.
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“No manto deleitoso do nosso sonho, deixa-nos embarcar, sentindo a vibração incontida, de caminhar por trilhos de vento, de luas e sóis, até chegarmos ao nosso DEUS”. (Eduardo A. Flórido)


Eduardo Flórido
Feita de partículas de pensamentos estereotipados, pretendi, num dia especialíssimo e na companhia de outro grande amigo, de seu nome ABEL PARENTE , fazermos uma surpresa a um grande amigo e sua esposa, CARONA (kiko) e CILA, já que no dia combinado, os mesmos completavam 34, sim digo bem , trinta e quatro anos de casados e repletos de felicidade. Acto combinado, acto praticado aí fomos nós, felizes e contentes, relembrando destemperadamente as nossas e desculpem a expressão “sacanagens” de infância, ou mais ou menos, aquelas atitudes impensadas que todos nós volvidos anos, relembramos, mas alguns teimam em mostrar-se diferentes, por uma questão de honorabilidade social, que quer queiramos ou não, temos forçosamente de respeitar, pois atitudes e comportamentos cívicos, dizem apenas respeito a quem quer que seja, o interveniente. De consciência tranquila, um pequeno desvio até à cidade de Espinho, onde nos aguardava ansiosamente outro Cubalense de gema, AMADEU DA SILVA RAMOS. Abraços, lágrimas tudo à mistura, numa onda de confusões, que o tempo, essa máquina trituradora de todas as moléculas, não nos consegue fazer apagar, só a morte nos separará e mesmo essa com todas as interrogações, ainda me leva à esperança de um dia, nos possamos juntar a uma qualquer lareira, num cantinho lá do céu e rir-nos-emos, certamente, de anos passados, no exílio terrestre, onde dificilmente não se sente, a diferenciação de trato aos filhos de um DEUS MENOR.

O RAMITOS (EX-MANDRAKE), com mãos ágeis para a cozinha e com sapiência de mestre, presenteou-nos com um saborosíssimo arroz de cabidela, que caiu, sinceramente, talvez até pela companhia e adiantado da hora, como dos mais saborosos, até hoje comido. Depois do repasto e para bastante mágoa nossa, o MESTRE RAMOS, como havia sido combinado anteriormente, não nos pode acompanhar, o motivo: afazeres profissionais. Lamentando mas, entre mais uma recordação, e outra qualquer obra perpetuada, de difícil explicação, o coração aperta-se-nos: havia chegada a hora da partida, a mesma emoção, a mesma cordialidade, mas com uma tristeza aumentada, um amigo já havia ficado, e com tanto, tanto, para se falar e brindar, mas não faltarão ocasiões, certamente.

Daí, ao destino, somos ainda separados por algumas dezenas de Kms., mas com uma lágrima, no canto do olho, por deixarmos alguém da nossa geração, começamos a sentir o prazer de nos irmos apercebendo que a família do NANDO CARONA, estava a ficar cada vez mais perto... Durante o caminho mais uma paragem, para saudarmos um grande amigo do ABEL PARENTE (ex-colega na R.D.Congo ) e esposa, que nos presenteiam com um faustoso jantar e excelente companhia. Perfeito e aproveito aqui para um agradecimento muitíssimo especial à família em causa, numa simpatia exemplar, própria das nossas aldeias onde toda a pureza ali se junta, e a comunhão é de longe, uma forma de união fortíssima entre pessoas, diferente em todos os aspectos desta selva, de cimento armado. Agradecimentos, despedidas e finalmente o destino há muito traçado nesta Capital: Cidade de Gouveia.

Ali chegados e devido ao adiantado da hora, hotel, dormida e pequeno-almoço. Estou a fazê-lo, o ABEL ainda não saíra do seu quarto, eis que o telelé toca, do outro lado tb., se sente a emotividade, de GRANDES AMIGOS, que quis o destino separar, há algumas décadas, eh pá onde estão? Informo o NANDO de imediato diz que dentro de 20 mnts, estaria ali, para nos ir buscar, e ensinar-nos o caminho até à sua casa. O ABEL desce, conto-lhe do FERNANDO, acabo de comer à pressa e de imediato esperamos pacientemente a chegada do NANDO , que nos surpreende com a sua esposa CILA, por quem era acompanhado. Foi o delírio, entre, fortes abraços, emotividades sentidas, relembranças do passado, e muita, muita amizade sentida de lembranças inesquecíveis, os homens choraram por se aperceberem que de repente, recuaram no espaço e no tempo, e África estava ali à mão de semear, saiu tudo tão atabalhoado, mas tão real e em tão perfeita sintonia que de repente me apeteceu descalçar os sapatos e pedir um arco, a uma qualquer criança e fazer uma qualquer corrida, porque, o homem descera do seu pedestal e estava ali no meio da sua existência, de onde viera, de onde era feliz, de onde foi arrancado à força, pela força de outros homens, que em nome da LIBERDADE sem os escrúpulos de formação, que nós em ANGOLA tínhamos, felizmente e num capeamento DEMOCRÁTICO, nos lixaram (perdão) a vida a todos. Passemos à frente… Dali à casa do Carona, apenas um saltinho, e somos surpreendidos pela excelência de uma família, filhas 3, filho 1, genro e a bênção da família, o netinho, recém-chegado, para viver no seio do amor e da agradabilidade visível a olho nu, que existe numa forma de educação diferente, mas responsável daquela casa, sita algures em GOUVEIA.

Abel e neto do Nando e Cila Carona

O que se passou seguidamente, não será relatado, desde sempre, aprendi que as coisas, intimas e valorosas só tem essa mesma validade, quando na realidade, não estão ao alcance de todos, só dos intervenientes, e a esses cabe, a musicalidade sinfónica orquestrada, de todas as acções praticadas, boas ou más. Por isso, eu abri, NUM INTRÓITO INCONFUNDIVEL, com diversos pensamentos muito mais profundos, que eventualmente, possam parecer, eles apenas dignificam quem os viveu e ai eu dedico-os SEM SOMBRA DE PECADO, a esses dois maravilhosos amigos, CARONA e CILA, ou CILA e CARONA… ALI HÁ PARTE DO MEU PASSADO e TB., O MEU EXISTENCIALISMO PERSISTE EM DURAS BATALHAS INTERIORES…

Abel, Carona e Cila
Apenas EU, e o ABEL PARENTE, queremos de todo o coração agradecer, à família CARONA, a expressão máxima de conforto, beleza e todos os adjectivos qualificativos (na gramática portuguesa com tanto desacordo ortográfico ainda serão assim denominados?), pelo alvo de carinho com que nos fizeram o favor de presentear, neste dia de emotividades demasiadamente fortes, foi de rebentar… emotividade de alegria e pensamentos de nos fazerem rir e chorar, e importante, só com lembranças do passado.

A TODO SEM EXCEPÇÃO, e pelas lágrimas que por motivos vários foram vertidas, o meu mais sincero e elegante bem haja, a todos sem excepção, por esta partícula de espaço e tempo que ainda me formou muito mais como homem (continuarei a prender até morrer), o meu mais sincero e reconhecido, MUITÍSSIMO AGRADECIDO… E, ATÉ JÁ.

Embora o Amigo compincha ABEL, não esteja presente, sei que ele na República Democrática do Congo, pensará exactamente da mesma forma.

Cila, Nando, Abel e Liliana

Dois velhotes
Nota do administrador do blog:
O título da imagem acima é da inteira responsabilidade do Sr. E.Flórido.
Eventual reclamação deverá ser feita, junto do mesmo.
1. Eduardo Flórido (com neto da Cila e Carona)

Eduardo, pai babado
Nando e Liliana (filha)
Sandra (filha)


Eduardo A. Flórido

1 comentário:

Abel disse...

Subscrevo tudo o que o Florido diz e quero do fundo do coração agradecer a todos que com nosco conviveram nestes dias inesquecivéis.
Aquele abraço

Abel Parente